Agora é oficial: a Revistinha do CINE CLUB, um belíssimo
trabalho comandado pelo meu colega Ary
Ximendes, vai trazer textos do Blog
Poltrona R! Isso mesmo: a revista, uma publicação
digital que já está em sua 15ª edição,
reúne matérias escritas por um grupo de blogueiros de cinema, e a partir de
agora eu também faço parte do clube. Nesta edição, você vai encontrar a minha
resenha do DVD “Irene, A Teimosa”, que, inclusive, já foi publicada também aqui
no Blog (http://poltrona-r.blogspot.com.br/2017/09/dvd-irene-teimosa.html).
Quem gosta de filmes e séries mais
recentes tem um bom motivo para ler a revista: na reportagem de capa, tudo
sobre o novo e bombástico “Star Wars”! A revista toda é bem
caprichada, material de primeira para aqueles que curtem filmes de todas as
épocas se esbaldarem. E o melhor: pode
ser baixada de graça!
Adoro quando posso escrever sobre
assuntos atuais, mas sem abandonar a temática do blog, que é o cinema antigo.
Navegando na Internet eu trombei,
por acaso, com a notícia de que mais uma coadjuvante clássica vai ganhar um filme
com sua própria história. Depois da Malévola
do desenho “A Bela Adormecida” de Walt
Disney ter tido sua própria história contada em uma superprodução, com
direito a Angelina Jolie como sua
intérprete(https://www.youtube.com/watch?v=oIQTZXS6MFo), outro filme que marcou minha vida será estrelado por uma
coadjuvante que roubava a cena no original. Estou falando de Mammy, a inesquecível criada de Scarlett O’Hara em “E O Vento Levou”.
Se é fake news ou não, só Deus
sabe, mas as fontes da notícia são – ou me parecem – seguras. Nos EUA um livro chamado “A
Jornada de Ruth”, que foi lançado no Brasil no mês passado e eu nem fiquei sabendo (podem me xingar),
bombou nas livrarias. O autor é Donald
McCaig, o mesmo de “O Clã de Rhett Butler”, que também foi publicado no nosso país (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq0505200813.htm). E a idéia também é a mesma. “O
Clã de Rhett Butler” revelava o que, na imaginação do escritor, seria a
vida de Rhett Butler, o herói de “E O
Vento Levou”. E agora, “A Jornada de Ruth” chega contando a
história de Mammy antes de ela ter ido parar na Fazenda Tara. No romance “E O Vento Levou”, que inspirou o
filme, a autora Margaret Mitchell
(1900-1949) jamais deu a Mammy um nome de verdade. Esse “problema” foi
resolvido por Donald McCaig, que batizou a simpática criada como Ruth, fazendo uma analogia à personagem
bíblica que é o símbolo da fidelidade e da fé, duas qualidades que Mammy tinha
de sobra.
Eu, pessoalmente, nunca tinha parado
para pensar em qual teria sido a história pessoal da Mammy – e olha que eu
adoro a personagem! Na cabeça de McCaig, a ama de Scarlett O’Hara (que, na
minha opinião, foi muito mais mãe para Scarlett do que a própria mãe dela, que
era arrogante, preconceituosa e antipática) seria haitiana de origem francesa,
em uma época em que o Haiti era colônia
da França. Um casal de franceses a
teria levado de lá para os Estados Unidos. Esse casal era ninguém mais, ninguém
menos do que as avós maternos de Scarlett.
Mas o que levou o autor a matar a
curiosidade de tantos fãs de Mammy e, claro, de “E O Vento Levou”? Segundo
ele, houve milhares de “Mammys” no Sul
dos EUA no século XIX, criando
os filhos de brancos ricos como se fossem delas próprias, e muitas dessas
mulheres sequer tinham um nome oficial. "Para
mim, a ausência da voz de Mammy, de sua história, de sua personalidade em“E O Vento Levou”foi um grande vazio, é como se o livro contasse a metade da
história", afirma ele. "A
babá é uma personagem trágica, mas que jamais perde a esperança. É determinada
e muito digna, mas não é uma rebelde". A verdade é que Mammy sempre
foi uma das personagens mais queridas pelo público. Ela teve importância não
apenas no filme, mas também na vida real, já que Hattie McDaniel (1895-1952), a talentosíssima atriz que a
interpretou, foi a primeira afro-descendente a ganhar um Oscar. E é a Hattie que o autor dedica o romance.
Achei interessante a proposta de “A
Jornada de Ruth”, pois o livro é narrado em primeira pessoa, como se
fosse um diário de Ruth/Mammy, e além de tocar em fatos históricos pouco abordados
em outras obras de ficção, dá à personagem uma história própria, inclusive
revelando que ela teria se casado e tido filhos. McCaig procurou ser o mais
fiel possível não só à trama criada por Margaret Mitchell, mas também ao estilo
da escritora. Coisa que, aliás, Alexandra
Ripley, autora do horroroso “Scarlett”, de 1991, a sequência de “E O Vento Levou” que muitos fãs
(entre eles eu) nunca aceitaram. “O Clã de Rhett Butler” e “A
Jornada de Ruth”, ambos de Donald
McCaig, e “Scarlett”, de Alexandra
Ripley, aliás, foram os únicos livros sobre o universo de “E O
Vento Levou” a serem autorizados pelos herdeiros de Margaret. “Scarlett”
gerou uma série para a televisão em 1994, que, pessoalmente, eu considero chatérrima, tão chata quanto o livro, mas que existe muita gente que cultua (https://pt.wikipedia.org/wiki/Scarlett_(miniss%C3%A9rie)).
Pergunta que não cala: por que “O Clã de Rhett Butler”,
que vendeu horrores nos EUA, não virou filme ainda? Alô, pessoal do Universal Studios, #FicaADica.
É festa! O Poltrona R está
completando DOIS ANOS DE EXISTÊNCIA!!! E eu que, quando criei o blog, achei
que não fosse passar de um mês no ar... Quem diria! Essa conquista não é só minha, ela é de vocês também. Por isso,
quero agradecer a cada um de vocês que
clicou, leu, curtiu, e, principalmente, divulgou as matérias do blog. Esse
tipo de presente não tem preço. Quero também agradecer aos blog e páginas de cinema e cultura pop que citaram, recomendaram e/ou
repostaram links para conteúdos do Poltrona R. É a mídia alternativa
ganhando cada vez mais relevância neste país – juntos somos mais fortes! Que Deus abençoe muito a vida de todos
vocês leitores, divulgadores, fãs, pesquisadores, todos, todos, todos! Um
brinde a mais essa vitória e rumo ao
terceiro ano!
A quantidade de besteiras publicadas naInternet
(e até na própria Grande Mídia) sobre“Chaves” e “Chapolin Colorado” aqui no Brasil parece ser proporcional à paixão
que esses dois seriados despertam no nosso povo. A obra de Roberto Bolaños foi
apresentada ao público brasileiro em 1984
pelo SBT, que o transmite até hoje. Desde
então, o seriado nunca saiu do ar. Dispostos a tirar uma lasquinha do sucesso
de “Chaves”
e “Chapolin”,
um monte de veículos de imprensa e alguns malandros da Internet inventaram
boato atrás de boato sobre Bolaños, suas criações e seus colegas de série. Esta
matéria reúne algumas das mais ridículas fake
news já publicadas sobre o clássico mexicano da televisão. Detalhe: na
época em que a maioria destas mentiras saiu na mídia, o termo “fake news”
sequer existia – para falar a verdade, nem mesmo a Internet existia quando
algumas delas foram publicadas.
Elenco todo morreu em
desastre de avião
Lá no início dos anos
90, uma notícia chocou os fãs brasileiros de “Chaves” e “Chapolin”:
todos os atores das duas séries teriam falecido em um acidente aéreo, e nenhum
deles teria sobrevivido. Jornais e emissoras de rádio divulgaram esta
barbaridade passaram vergonha, pois a informação que chegou à nossa imprensa
era incorreta (será que por engano mesmo ou intencionalmente?). Quem na verdade
perdeu a vida por causa da queda de um avião foi um grupo de imitadores do elenco das séries. Destes sim, realmente
não sobrou nenhum.
“Dona Clotilde” jovem
era a cara de Sarita Montiel
Não é possível que você já não tenha visto este meme, que virou um clássico do Facebook. A foto da atriz Angelines Fernandez, a eterna Dona Clotilde ou Bruxa do 71, aparece ao lado do retrato de uma bela mulher, que a
legenda diz ser Angelines quando jovem. Muita gente caiu nessa, mas a suposta
“Angelines jovem” é, na verdade, a cantora e atriz Sarita Montiel, que, assim
como Angelines, nasceu na Espanha. Esta
não é a primeira vez que um engraçadinho posta a foto de outra artista dizendo
que é a Dona Clotilde quando moça. A mesma, digamos, brincadeira já havia sido
feita antes, só que usando uma imagem da estrela mexicana Maria Félix. Dê uma olhada na segunda foto. Os retratos são de
Sarita Montiel, Maria Félix e Angelines Fernandez, nesta ordem. Sarita e Maria
até podem ser confundidas uma com a outra, mas nenhuma delas tem nada a ver com
Angelines fisicamente. Quer saber como era a intérprete da Bruxa do 71 quando mais nova?
Veja a terceira foto.
Seu Madruga é o pai de
Chaves
Até o Canal do Otário
(https://www.youtube.com/watch?v=-qZ0sRdsiD8) tirou um sarrinho desse boato!
Publicada há menos de um mês, a notícia de que um livro jamais lançado, de autoria do próprio Roberto Bolaños,
revelaria que Madruga era pai do
garoto do barril gerou comentários pra todos os lados, inclusive e
principalmente por parte dos fãs brasileiros. No tal livro, Bolaños dizia que
no último capítulo que escreveu para a série, Seu Madruga contaria ao Professor Girafales que conheceu a mãe
de Chaves (antes de o moleque nascer, claro!) e teve um affair bem rápido com
ela. Menos de 24 horas depois, o site E-Farsas
(que deveria ganhar um prêmio pelos seus serviços prestados à humanidade)
desmascarou a palhaçada (http://www.e-farsas.com/o-seu-madruga-e-o-pai-do-chaves.html). Para começar, a única obra que Roberto Bolaños escreveu na vida sobre a série
foi “O Diário do Chaves” – em que,
aliás, não faz qualquer referência à identidade dos pais de seu personagem mais
famoso. O que essa gente não faz por uns cliques...
Filme de “Chaves” com
cenas calientes e violentas vai ser lançado
Outro papo-furado. Tem gente até agora esperando a estréia
desta superprodução que, na realidade, nunca
existiu e não passa de uma piada. Piada mesmo – o grupo equatoriano de
humor Enchufe TV andou soltando no You Tube há um tempo atrás uma paródia de trailer de cinema, em
que os personagens da Turma do Chaves
surgem em cenas que lembram muito mais os modernos blockbusters americanos do
que a simplicidade ingênua da série mexicana. Chiquinha com uma navalha na mão, ameaçando cortar o pescoço de
Chaves? Kiko e o Professor apontando
revólveres um para o outro? Florinda
realizando o sonho de quebrar os dentes de Madruga? Beijos ardentes entre
Florinda e o Professor, e até amassos entre Chaves e Chiquinha? Tudo isso rola
no pseudo-trailer. Eu, pessoalmente, sempre soube que era tudo uma piada, mas
adoraria que fosse verdade... O vídeo de que eu estou falando é este aqui:
O fantasma de Bolaños
surgiu durante seu funeral
Caramba, isto é inacreditável! Logo após a morte de Roberto
Bolaños, este vídeo bombou em sites mexicanos e circulou por toda a América Latina através da Internet e de
grupos de Whatsapp. Ele é uma bela
prova de que as pessoas são capazes de enxergar o que querem, onde bem
entenderem. O rapaz que postou no You Tube o vídeo do funeral de Bolaños afirma
ter visto o fantasma do comediante durante a cerimônia, e até cita onde o
suposto espírito teria surgido: ao lado do caixão. As imagens ultrapassaram as 3 milhões de visualizações no You Tube.
Esta autora, pessoalmente, não acredita que a história do fantasma seja
verdadeira. E o site E-Farsas (sim,
ele de novo!) mostrou, através de um clipe, que tudo não passava de uma mon-ta-gem.
Olha aqui:
Existe um episódio
banido do “Chaves”
Esta aqui é outra bobagem que foi espalhada pela Internet por
algum malandro ávido por cliques e views. Segundo esse engraçadinho, um
episódio da série “Chaves” teria sido produzido, porém jamais exibido, porque
possuía um conteúdo macabro e terminava em tragédia na telinha e na vida real,
e que este tal episódio teria sido a causa de saída do ator Carlos Villagrán (Kiko) da série. Tal
episódio teria sido destruído pela Televisa (emissora que produz as séries) e
um fã argentino teria comprado a única cópia restante dele. Muita gente
desavisada engoliu a história, principalmente porque as matérias publicadas por
alguns sites sobre o tal episódio censurado utilizaram como ilustração essa
foto aí abaixo, que, na verdade, não passa de uma ediçãozinha de uma imagem do
episódio “Perna Quebrada” (1978). O
fato é que nunca houve nenhum episódio censurado ou banido da série. Nem mesmo “Marteladas”, de 1972 (https://www.youtube.com/watch?v=3s3npZAz-wk), que, embora
tenha sido postado no You Tube com o título de “episódio censurado”, não foi
censurado coisa nenhuma, e é apenas um esquete de 1972, com cuja distribuição a
Televisa nunca teve qualquer problema. “Mas
e os episódios perdidos?”, pergunta você. Realmente, existem alguns que são
raros e que a Televisa não distribui mais; porém, não por razões de censura,
mas por problemas técnicos na restauração das fitas e/ou a existência de
episódios com enredos semelhantes (http://www.portalchespirito.com.br/episodios/episodios-perdidos/).
No Brasil, o SBT optou por não exibir alguns episódios durante anos, porque
episódios semelhantes a eles já estavam sendo exibidos. Fã que é fã sabe que Roberto
Bolaños adorava fazer versões diferentes para a mesma história. Resultado: os
telespectadores brasileiros reclamaram, e em 2011 a emissora de Silvio
Santos cedeu e recolocou no ar esses episódios “perdidos”. Agradeço ao
pessoal do site Fórum Chaves (http://www.forumchaves.com.br/)
por desvendar esse mistério.
“Acapulco” foi o último episódio gravado pelo
ator Carlos Villagrán
Por incrível que pareça, não foi. A história é um tanto
confusa. “Vamos Todos a Acapulco” (que no Brasil recebeu o título de “Os
Farofeiros”) foi produzido em 1977
e exibido emmaio daquele ano, em duas partes (https://www.youtube.com/watch?v=iVdevKhpKus COMPLETO).
Carlos Villagrán, que fazia o Kiko, deixou as séries “Chaves” e “Chapolin”
em 1978, ou seja, no ano seguinte. Antes de sair, ele
ainda gravou alguns episódios de ambos os seriados, entre eles o clássico “Branca
de Neve”,("Chuim Chuim Tchum Cláim") que teve as duas primeiras partes (https://www.youtube.com/watch?v=B2uiy1mMBE4 e https://www.youtube.com/watch?v=HslJULoakVc)
exibidas no Brasil, e uma terceira parte (https://www.youtube.com/watch?v=oXd_oR3ZNCM)
inédita em nosso país. O último episódio a ter Villagrán no elenco foi exibido originalmente
pela Televisa no dia 11 de dezembro de 1978,
e se chama “A Escolinha do Professor Girafales” (https://www.youtube.com/watch?v=tRfC4JfVZoY).
O que aconteceu foi que a Televisa reprisou“Vamos
Todos a Acapulco”ao final da
temporada de 1978, por isso tanta gente pensa que ele foi o último episódio
estrelado por Carlos Villagrán. Foi o último episódio com Villagrán a ser exibido, e não o último a ser produzido.
O nome verdadeiro do
Chaves
Meu Deus do céu,
quantas versões dessa lorota já surgiram por aí! O título original da série é “El
Chavo del Ocho”, e o personagem se chama Chavo, que significa “moleque” em espanhol. No Brasil virou Chaves
porque, ao contrário do termo “chavo”, esse nome existe no Brasil (teve até uma
galera que fez uma adaptação da história para o nosso país, vejam (https://www.youtube.com/watch?v=VUe4mRMsmD0).
“Ocho” (que quer dizer “oito”) seria o número do apartamento em que Chaves
morava (não, a residência dele não era o barril!). O nome real do garoto, porém, jamais foi revelado – nem na série,
nem pelo próprio Bolaños. Mas em muitos sites latino-americanos (isso inclui
alguns daqui do Brasil) circulou uma notícia hilariante, sobre um suposto livro
inédito da autoria de Bolaños (pô, mais um!), em que o comediante dizia que
Chaves, na realidade, se chamava Rodolfo
Pietro Filiberto Raffaelo Guglielmi. “Hilariante
por que?”, você pergunta. Simplesmente
porque este é o nome verdadeiro de um astro do cinema mudo, mais conhecido como
Rodolfo Valentino!!!!! (https://pt.wikipedia.org/wiki/Rodolfo_Valentino)
Enfim, a lista de fake news já
inventadas sobre “Chaves” e “Chapolin” é proporcional ao sucesso
da série. Ou seja, interminável.
Quer ver a playlist completa com todos os
vídeos dessa matéria?