Nunca gostei de listas, do tipo “Os Melhores de Todos os Tempos”, “As
Dez Mais Mais”, etc. Mas hoje vou fazer uma coisa que muita gente me pede: uma
lista de filmes antigos que eu aconselho qualquer pessoa a não morrer sem ver.
Porém, já aviso que cinema é que nem futebol, ou seja, é algo que envolve
paixão. E tudo, tudo que envolve paixão dá briga e discussão. Então, por favor,
encarem essa lista como algo pessoal meu, não como coisa de
especialista, pois nem especialista eu sou – sou apenas uma fã. Uma fã doente,
porém apenas uma fã.
1 – E O VENTO LEVOU (1939)
Se eu precisasse dizer o nome de apenas um filme que ninguém deve morrer
sem ver, seria este. Mas talvez você não consiga ver inteiro. Não de uma vez. São
cinco horas de filme (ou quase isso), e muita gente divide – vê metade em um
dia, metade no outro. E O Vento Levou
é o maior filme de todos os tempos, e não só na duração. A história de um
triângulo amoroso durante a Guerra Civil Americana já é sucesso há mais de 70
anos, e ainda conquista fãs no mundo inteiro. Impossível não se identificar e
torcer pelo casal principal, Rhett Butler (Clark Gable) e Scarlett O’Hara (Vivien Leigh), ele um cafajeste
charmoso e misterioso, ela uma temperamental e mimada herdeira que perde a
fazenda e os bens num incêndio (ops, olha o #spoiler!). Recordista de Oscars em
sua época, E O Vento Levou pra mim
ainda é insuperável. Obrigatório.
2 – GILDA (1946)
A medalha de prata da minha lista é o filme mais famoso da minha ídola,
Rita Hayworth. Inclusive, considero uma injustiça enorme ela não ter recebido o
Oscar de Melhor Atriz por este papel. A história não tem nada de original: o lindinho
Glenn Ford é Johnny Farrell, o braço direito do proprietário de um cassino em
Buenos Aires (por essas e outras é que Rita Hayworth tem tantos fãs na
Argentina na vida real). Ele teve uma paixão do passado que nunca esqueceu, uma
bela mulher chamada Gilda. Um dia o chefe volta de viagem casado e quer que
Johnny seja o guarda-costas de sua nova esposa, e adivinhem quem ela é? O resto
eu não vou contar para não perder a graça, mas como eu sempre digo, Gilda é um filme para ser visto mais de
uma vez. São tantas as sutilezas do roteiro absolutamente genial (ou mesmo de
fotografia, interpretação, etc.) que cada vez que a gente assiste, acaba
notando alguma sacada esperta que não tinha percebido da(s) outra(s) vez(es). Ah!
Esqueci de mencionar que foi neste filme que Rita Hayworth enlouqueceu os
homens tirando apenas uma luva. E ainda enlouquece. A cena, aliás, foi
aproveitada pelo cantor Michael Jackson num momento épico do seu último DVD, This Is It. O mais incrível é ver como o
filme parece moderno, mesmo tendo sido feito 70 anos atrás.
3 – O MÁGICO DE OZ (1939)
Difícil escolher um terceiro lugar, mas optei por O Mágico de Oz por ser um filme que dá pra assistir com a filharada
(ou sobrinhada, ou com a criançada toda junta e muita pipoca doce e refrigerante
na sala de casa). Acredito que todo mundo conhece a história de Dorothy
(interpretada pela genial Judy Garland), a menina que é capturada por um
tornado e vai parar em uma terra fantástica e desconhecida, onde encontra
figuras como o Homem de Lata que deseja ter um cérebro, o Leão Covarde que
precisa criar coragem mas não consegue, e o Espantalho Falante que sonha em ter
um coração. Juntos, os quatro precisam encontrar um tal Mágico de Oz, que todos
dizem que irá resolver os problemas deles. A canção-tema, Somewhere Over The Rainbow, levou o Oscar e teve muitas
regravações, mas a versão de Judy Garland ainda provoca um nó na garganta.
4 – O GRANDE DITADOR (1940)
Se você só conhece O Grande
Ditador pela cena em que Charles Chaplin brinca com um globo terrestre
feito uma criança brincando com uma bola (e que serviu de inspiração para a
abertura da novela O Dono do Mundo,
em 1991) e/ou pelo discurso de Chaplin que viralizou na Internet, é hora de
conhecer o filme todo. Produzido e lançado em plena Segunda Guerra Mundial, foi
também o primeiro filme falado do mestre. A história dos bastidores também é
interessante: esta comédia dramática foi quase toda feita às escondidas,
simplesmente porque o personagem de Chaplin era uma caricatura perfeita de
ninguém menos que Adolf Hitler. Chaplin, aliás, faz papel duplo aqui: além de
interpretar o ditador maluco e temperamental de um país europeu, ele é também
um barbeiro judeu de bom coração que é confundido com o tirano. Nascida da
ironia que era a semelhança entre Hitler e Chaplin na vida real (e do fato de
ambos terem nascido no mesmo dia, mês e ano), a obra faz disso a sua base e até
hoje provoca risos e lágrimas.
5 – QUANTO MAIS QUENTE, MELHOR (1959)
Numa lista de filmes antigos favoritos, tem sempre que ter um da
Marilyn Monroe, e um com direção de Billy Wilder – este aqui tem as duas coisas! Neste
clássico do deboche ela divide a cena com Jack Lemmon e Tony Curtis, dois
atores bons de comédia, e é risada do começo ao fim. Lemmon e Curtis são
músicos de jazz que se disfarçam de mulheres para escapar de uma perseguição.
Acontece que as duas “moças” arranjam um emprego para tocar em uma banda, cuja
vocalista é ninguém menos do que Sugar Kane, a personagem de Marilyn Monroe. Os
dois ficam loucos pela loira, é claro! E aí começam os problemas. Típico filme
malicioso e inteligente, bem ousadinho para sua época. A trilha sonora é uma
bela amostra do quanto Marilyn era subestimada como cantora – sim, a voz é dela
mesma, não é dublagem! A Edição Especial que saiu recentemente em DVD aqui no
Brasil, é de uma pobreza irritante perto das Edições Especiais (não só deste,
mas da maioria dos filmes clássicos pré-1980) lançadas lá fora, mas vem com um
cartão do filme.
Como eu já disse, essa é a minha
lista. Fui obrigada a deixar de fora um monte de outras maravilhas, mas talvez
eu faça um especial só com a segunda parte da seleção. Até lá, vocês têm tempo de
sobra para ver e rever os cinco filmes que eu citei hoje. Esqueçam datas, modismos
e o fato de três destes cinco clássicos serem em preto e branco, e, se puderem,
vejam os cinco legendados. Será o banho de cultura mais bacana que vocês terão
na vida. E estas cinco histórias ainda geram horas de discussão com uma pizza e
um chopinho pra acompanhar. Reúnam uns amigos e assistam sem preconceitos.
Texto já publicado no blog
BlahCultural
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