Em 1936, quando contratou Rita
Hayworth para trabalhar para o seu estúdio, a Columbia Pictures, o empresário Harry Cohn (1891-1958) impressionou-se com o talento de dançarina e
atriz da moça. Rápido, ele investiu em mudanças de visual (maquiagem, cabelos,
etc.) e coisas do gênero para a sua futura grande estrela, mas não lhe pagou
aulas de canto. Motivo: ele achou que a voz dela cantando era ruim demais, e
preferiu fazer com que ela fosse dublada por outras cantoras nos filmes. Graças
a Deus, o mesmo não acontecia nas apresentações ao vivo, pois no palco, sem truquezinhos
de estúdio, Rita não apenas soltava a voz como também tocava violão e
castanholas – três coisas que, aliás, ela já fazia desde os seus tempos de
garota-prodígio na companhia de artistas itinerantes de sua família, e até durante
o período em que foi bailarina de churrascaria, ainda adolescente. No final dos
shows ela também dançava com os soldados. Ficaram famosas as apresentações da
eterna Gilda para as tropas durante a Segunda Guerra Mundial. Em shows realizados em locais como quartéis
e campos de batalha, ela atraía um público grande e apaixonado, que jamais
esqueceu a experiência de vê-la ao vivo.
Mesmo assim, a esta altura o estrago
já estava feito, pelo menos no que se refere ao cartaz de Rita com os críticos.
A milli-vanillização da carreira da artista nas telas fez com que a imprensa,
que já não ia muito com a sua cara, caísse em cima dela matando (https://pt.wikipedia.org/wiki/Milli_Vanilli).
Disseram (e ainda dizem) que ela era uma farsa, um pseudo-talento, etc., mesmo
com o evidente dom que a diva possuía para atuar e dançar, um dom que era 100%
verdadeiro. Mas Rita não se intimidava. Sempre que tinha chance, a artista
mostrava que sabia cantar, coisa que o seu empresário nunca a tinha deixado
fazer nas telas. E o público não desistia dela, com boato ou sem boato.
As gravações que se tem hoje de Rita
Hayworth cantando com a própria voz são do final da carreira da atriz,
especialmente nas participações que ela fez em programas como o da humorista Carol Burnett (https://www.youtube.com/watch?v=FmJcgnUO9zk e https://www.youtube.com/watch?v=5jDaRVdU9zo),
e em seriados como “Laugh-In”, no qual ela contracena com a talentosa Lily Tomlin e mostra também seu lado
cômico. Segundo a minha teoria, acredito que Rita se soltou mais nessa fase
justamente por não estar mais presa à imagem de “deusa da sensualidade” ou de “mulher
à frente do seu tempo, ousada e corajosa, que peitava a Censura da época” (e ela foi as duas coisas, sem aspas). Ou
talvez porque não estivesse mais no auge e, por isso, não tinha mais nada a perder.
Seja qual for o motivo, veja este trecho, que é o único que nós, fãs da Rainha da Columbia, encontramos do
episódio, e você não vai se decepcionar com a verdadeira voz dela. Tudo bem,
podia não ser uma cantora de ópera, mas que não fazia feio de jeito nenhum como
estrela de musicais, não fazia. Ainda estou me perguntando onde Harry Cohn
estava com a cabeça...
FONTES
https://en.wikipedia.org/wiki/Harry_Cohn
Thanks to my Facebook friend Brian Griffith :)
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