Eu tinha vontade de postar essa série
aqui faz um tempão. Mas só agora consegui achá-la completa para escrever uma
matéria sobre ela. Em agosto de 1978,
Roberto Bolaños vestiu a fantasia de
Chapolin Colorado em uma sequência
de 6 episódios especiais, em que ele faz uma homenagem
ao cinema e à importância da sétima
arte na vida das pessoas. Durante a ‘chapolínica’ minissérie “O
Show Deve Continuar”, ele e o elenco todo de “Chaves” e “Chapolin”
revivem personagens importantes das telas, como Don Quixote, Frankenstein,
Guilherme Tell e até a Pantera Cor de Rosa (a do desenho, não
o personagem de Peter Sellers).
Cada episódio costura paródias de
filmes clássicos com cenas em que um velho e e nostálgico funcionário de um
estúdio de cinema (vivido por Ramón
“Madruga” Valdez) divide com Chapolin histórias e lembranças de seu trabalho
no local. O idoso chama o Chapolin Colorado para salvá-lo porque o estúdio será
destruído e um condomínio construído em seu lugar. Através do personagem de
Ramón Valdez, o velhinho amante da sétima arte e ex-funcionário de um estúdio
de cinema, Bolaños transmite ao telespectador toda a importância que tem a
preservação da história da cultura e da arte. Juro que no começo do primeiro
episódio me deu uma tristeza incrível, por ele e por mim, que há anos vejo clássicos
que eu cresci assistindo serem simplesmente apagados das emissoras de televisão
(abertas e a cabo) do meu país.
É extremamente curioso ver os atores
que se eternizaram como Chaves, Dona Florinda, Kiko e toda a turma da Vila
em papéis tão variados e com caracterizações curiosas e divertidas (Ramón
Valdez, por exemplo, vestido de Pantera Cor de Rosa, vestindo um macacão pink
com orelhinhas e rabo é de chorar de rir). A Rainha de Sabá versão “black
power anos 70” feita por Maria
Antonieta (a Chiquinha) é outra
grande sacada. Maria Antonieta brilha também no sketch “Madame Butterfly”, que
faz uma zoação bem sacana com o puritanismo e o ego inflado dos
norte-americanos. Uma referência ao cinema
mexicano também é feita, com uma sátira ao filme “Deus lhe Pague”, de 1948, estrelado por Arturo de Cordova (1908-1973) (https://www.youtube.com/watch?v=xN-8HYnzTyA).
Juntos, Roberto Bolaños e Edgar Vivar
(o Seu Barriga e o Nhonho) revivem o Gordo e o Magro. Florinda
Meza ficou perfeita homenageando Carol
Burnett, a grande comediante americana que sempre aparecia no final de seu programa de TV vestida de empregada
doméstica (https://www.youtube.com/watch?v=92lBJ-eGhno).
Carlos Villagrán tem a oportunidade
de encarnar o mito Jerry Lewis, de
quem ele até hoje é fã doente. E Ruben
Aguirre transforma-se em um “Frankenstein
babaca” sensacional.
Mas o mais impressionante é a
imitação que Bolaños faz do seu maior ídolo, Charles Chaplin (já escrevi uma matéria sobre essa imitação, em http://poltrona-r.blogspot.com.br/2016/07/direto-do-you-tube-charles-chapolin-ou.html).
Bolaños também me emocionou vivendo Gene Kelly em “Cantando na Chuva”. Se alguém ainda
tem dúvida de que ele não era apenas Chaves e Chapolin, vai perder de vez a
dúvida ao assistir a esta minissérie.
O roteiro tem muito mais a ver com o
estilo de Roberto Bolaños do que propriamente com o dos filmes homenageados, o que
não é de forma alguma negativo – trata-se justamente da história do cinema
vista pelos olhos de Bolaños. Outro atrativo da saga é “desmascarar” algumas
das ilusões criadas pelo cinema, como a bala de canhão que é, na verdade, uma
bola comum pintada de preto, ou os cenários que parecem fachadas de casas, mas
que não passam de placas de madeira.
Tomara que “O Show Deve Continuar”
incentive, com seus 6 episódios, os fãs de Roberto Bolaños a se interessarem
mais pela história do cinema. Espero que pelo menos os mais fanáticos pelo
mestre mexicano vençam o preconceito e vão atrás dos clássicos originais que
inspiraram os sketches da série – até porque grandes nomes são citados, como Boris Karloff, Cecil B. de Mille e Greta
Garbo. A mensagem final (não vou dar spoiler!) chega a dar um nó na
garganta. Bolaños era tão genial quanto alguns dos maiores mitos do cinema.
Embora nem o Chapolin Colorado nem qualquer outro herói possa salvar as novas gerações da ignorância, a Internet (graças a Deus!) vem fazendo isso. E eu tenho orgulho de estar participando
dessa preservação. “Sua atitude é
quixotesca”, diz Chapolin ao velho funcionário em uma das cenas. E a atitude
dos blogueiros como eu, que não temos outra pretensão além de espalhar cultura
e arte, é quixotesca, sim. Mas nosso trabalho é extremamente gratificante. Tomara
que mais gente quixotesca como nós surja no mundo. Sigam-me os bons!
Abaixo, estou postando o link da série completa dublada, com exceção do episódio 1, que postei legendado porque não encontrei dublado (mas é bacana ouvir as vozes originais dos atores, vai?).
Link para a playlist da saga “O
Show Deve Continuar” completa, no Canal
do Poltrona R no You Tube, pra você assistir a todos os 6 episódios na
sequência!
Se você também ama a obra de Roberto Bolaños, visite o site Fórum Chaves, é extremamente bem feito
e muito interessante. Link: http://forumchaves.com.br
FONTES
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