Eu já havia falado de passagem sobre “Quanto Mais Quente Melhor”
faz um tempo, na matéria “Meus Cinco
Filmes Clássicos Favoritos”, publicada em 16/12/2015, data em que o Poltrona
R entrou no ar (Link: http://poltrona-r.blogspot.com.br/2015/12/meus-cinco-filmes-classicos-favoritos.html). Mas como saiu recentemente uma ediçãozinha bacana
e barata do filme, resolvi fazer uma resenha só dele. “Quanto Mais Quente Melhor”
é um clássico de 1959 dirigido por Billy Wilder, o mesmo de “Crepúsculo
dos Deuses” (que eu também já comentei neste blog: http://poltrona-r.blogspot.com.br/2016/07/dvd-crepusculo-dos-deuses.html).
São dois filmes completamente diferentes, o que só prova a versatilidade de
Wilder. Sim, mais do que genial, ele era versátil e criativo. Em “Quanto
Mais Quente Melhor” ele é diretor, produtor e co-autor do roteiro. Trata-se
de uma comédia maliciosa e inteligente, feita numa época em que o mundo já
começava a mudar e coisas novas estavam surgindo, inclusive no cinema. Todos os
diálogos são construídos em cima do duplo sentido, recurso que pouquíssimas
pessoas sabem utilizar com a inteligência e o bom gosto que se vê aqui. O trio
de atores principais já vale o preço do DVD (vale bem mais, aliás) – Marilyn Monroe no auge, maravilhosa e
talentosa, e, como dizia a publicidade do filme na época, “suas amigas do
peito” Jack Lemmon e Tony Curtis, dois atores craques de
comédia. Eles interpretam Jerry
(Lemmon) e Joe (Curtis), dois
músicos que, para fugir de uma encrenca com a Máfia, se disfarçam de mulheres e arranjam emprego como integrantes
de uma orquestra formada só de mulheres, cuja estrela é Sugar Kane (Marilyn Monroe). Ambos enlouquecem pela loira, como era
de se esperar, e competem para conquistá-la, enquanto mantêm seus disfarces. A
orquestra se apresenta em um hotel de luxo na Flórida, onde milionários idosos vão tirar férias ou curtir a
aposentadoria. Lá Joe finge ser um lorde inglês dono de um iate para conquistar
a carente Sugar. Enquanto isso, o verdadeiro
lorde, um sujeito baixinho, feio e pegajoso (vivido por Joe E. Brown, engraçadíssimo), cai de amores por Jerry, achando que
ele é uma mulher. Em meio a esses rolos todos, os mafiosos continuam no encalço
dos dois músicos... Outra coisa bacana é a trilha sonora de Adolph Deutsch – você deve conhecer a canção
“I Wanna Be Loved By You”, um dos
grandes hits de Marilyn Monroe. Aliás, só eu acho que Marilyn era subestimada
como cantora? “Quanto Mais Quente Melhor” é daqueles filmes pra você ver
quando estiver de mau humor. Um clássico do deboche que cutuca tabus de todos
os tipos, e que causou grande impacto na época. E ainda causa impacto no
público, quase seis décadas depois.
CURIOSIDADES
▪ “Quanto Mais Quente Melhor”
teve seis indicações para o Oscar,
mas só levou a estatueta de Melhor Figurino
Em Preto e Branco. (Uma trilha sonora daquelas ficar sem Oscar? Um elenco e
um diretor daqueles saírem de mãos vazias? Definitivamente, esse pessoal da Academia não me
representa.)
▪ O próprio diretor
Billy Wilder considerava “Quanto Mais Quente Melhor” sua obra-prima.
▪ Acredite, quem o
diretor queria para interpretar Sugar Kane era Mitzi Gaynor, e não Marilyn Monroe. Ele também queria Frank Sinatra como Daphne/Jerry. Ainda
bem que nem Mitzi nem Frank toparam atuar no filme. O trio Marilyn, Lemmon e
Curtis foi a escalação mais acertada que poderia haver para este clássico.
▪ Marilyn Monroe
queria que “Quanto Mais Quente Melhor” fosse feito em cores. Porém, por
causa da maquiagem de Tony Curtis e Jack Lemmon, que em filme colorido ficava
com um tom esverdeado, o filme teve de ser gravado em preto e branco.
▪ Embora digam que a
Legião da Demência, ops, Legião da Decência
teria considerado “Quanto Mais Quente Melhor” indecente e “uma afronta à família”,
há fontes que afirmam que a Legião apenas deu ao filme uma classificação bem
mais leve, a de “moralmente questionável”.
▪ O clássico é um raro
caso de produção bem recebida tanto pelo público quanto pela crítica.
▪ Quem criou os
vestidos de Marilyn (e que, cá pra nós, só ela poderia usar) foi o estilista Orry-Kelly. Ele também desenhou o
figurino feminino de Jack Lemmon e Tony Curtis – e foi esta, aliás, sua grande
dificuldade, já que as duas “gatas” tinham formas beeem mais complicadas. A prova
de seu talento foi o fato de que, durante as filmagens, Lemmon e Curtis iam ao
banheiro feminino vestidos de Daphne e Josephine sem que ninguém percebesse que
eles eram homens.
EXTRAS
▪ Entrevista com Tony Curtis no restaurante onde o filme foi gravado.
▪ “Sala Virtual de Memórias”, que é um apanhado de cenas de cada ator
no filme. Vale pra ver algumas fotos coloridas de bastidores, bem divertidas.
E, claro, pra curtir a trilha sonora mais um pouquinho.
▪ Imagens do material publicado na época pela imprensa
sobre o filme. Se você tem tela grande e sabe inglês, dê um pause e confira.
▪ E, claro, o trailer original!
EMBALAGEM
▪ Capa de papelão
sobre a caixinha de plástico do DVD. Dentro da caixa plástica, uma foto do
filme. Legal pra quem quer guardar o filme na estante com carinho, mas sem
muita pompa.
▪ O filme saiu ainda como parte da (raríssima) caixa Coleção Marilyn Monroe. E há uma versão filme +
livro da série Cinemateca Veja, que hoje também não há mais quem ache.
Trailer original do
filme:
FONTES
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