Sabrina
Ano de produção: 1954
Direção: Billy Wilder
Elenco: Audrey Hepburn,
Humphrey Bogart, William Holden.
Duração: 114 minutos
Preto & Branco
Gravadora: Paramount
Este é um
filme apaixonante. Bom pra assistir com quem você ama, bom pra assistir
sozinho, bom pra ver com amigos, bom de qualquer jeito. Só o nome Billy Wilder nos créditos já é garantia
de filme bom – bom, não, excelente! Não ligou o nome à pessoa? Ele é o diretor
de maravilhas como “Crepúsculo dos Deuses” (http://poltrona-r.blogspot.com.br/2016/07/dvd-crepusculo-dos-deuses.html) e “Quanto Mais quente Melhor”
(http://poltrona-r.blogspot.com.br/2017/04/dvd-quanto-mais-quente-melhor.html), cujas resenhas você encontra aqui no blog. E como se o nome de Billy
Wilder nos créditos não fosse suficiente, ainda tem Humphrey Bogart (o astro de “Casablanca”) e a musa fashion Audrey Hepburn, do clássico “Bonequinha
de Luxo”. Ela é a Sabrina do
título, a jovem filha de um chofer.
Sabrina e seu pai são funcionários da rica família Larrabee, e a moça observa de longe as festas maravilhosas que os
patrões dão. Além de sonhar em um dia também fazer parte da alta sociedade,
Sabrina alimenta uma paixão não correspondida por David (William Holden),
o filho mais novo e mauriçola do casal de patrões, que a esnoba. Mas um dia
Sabrina ganha uma bolsa para estudar culinária na França e se tornar a chef sofisticada que ela sonha ser (a cena do
professor ensinando as alunas a quebrar ovos é hilária, e lembra um pouco os reality shows de cozinha de hoje). Ao
voltar de Paris, toda sofisticada e
elegante, Sabrina mal é reconhecida por David, que fica louco por ela. E não é
só: ela também derrete o coração de pedra do irmão de David, Linus (Humphrey Bogart, derramando charme), um executivo que nunca tira
férias e que nunca apareceu com namorada nenhuma. Os dois irmãos passam a
disputar a moça, e o final dessa história é inusitado. Mesmo sendo o ícone de
sofisticação e glamour que é, Audrey convence como a moça humilde que sua
personagem é, e comove com sua carência e doçura – sem dúvida, a atriz que
melhor interpretou aquele tipo de personagem que se convencionou chamar de “a ingênua”
na história do cinema. Dá vontade de chorar no início do filme, quando ela
sente vontade de cometer suicídio e ao olhar o céu e ver uma lua linda, desiste
de se matar. Bogart e Holden estão impagáveis, mostrando que também sabem fazer
rir (a cena da rede de plástico que Linus dá de presente para David é hilária).
Os figurinos de Edith Head (a
mestra!) e os cenários são lindos demais, e o roteiro, uma adaptação feita por
Billy Wilder da peça “Sabrina Fair”, de Samuel A. Taylor, é um primor de ironia,
debochando principalmente do excesso de riqueza e da hipocrisia da alta
sociedade – se não fosse essa ironia,
aliás, “Sabrina” bem que poderia ser um filme da Disney. E sua trama é bem atual nesses tempos em que a culinária
voltou a ter glamour. Uma história de Cinderela
para você assistir em uma tarde chuvosa. Filme perfeito, sem defeito nenhum –
eu, pelo menos, não consegui encontrar defeito. É que é Billy Wilder, e isso explica tudo.
CURIOSIDADES
▪“Sabrina” foi gravado num casarão de verdade, cujo dono era George Lewis. O imóvel, localizado em Beverly Hills, na Califórina, infelizmente foi demolido em 1960.
▪Durante as gravações, o clima entre Audrey Hepburn e Humphrey Bogart
era tão ruim que ela quase foi substituída por Lauren Bacall. Graças a Deus não foi, porque este papel é a cara de
Audrey.
▪Há uma baita polêmica quanto à autoria do (maravilhoso e ainda atual) figurino.
Embora quem apareça nos créditos como figurinista seja Edith Head, há rumores
de que quem, na verdade, criou os trajes de Audrey no filme foi ninguém menos que
o estilista Hubert de Givenchy, que
teria sido escolhido pessoalmente pela atriz. O curioso é que Edith Head levou
o Oscar por melhor figurino nesse
filme. Em uma entrevista dada em 1974,
Edith esclareceu tudo, dizendo que desenhou as roupas de Audrey baseada em
esboços feitos por Givenchy. Mas após a morte de Edith, Givenchy declarou que ele
tinha criado o copiadíssimo vestido preto de Audrey, mas sob a supervisão de
Edith.
▪Muitas mulheres até hoje se chamam Sabrina por causa desse filme. É o
caso da comediante Sabrina Sato, que
já disse em uma entrevista que seus pais escolheram seu nome por causa da
personagem de Audrey no clássico. Se você, leitora, se chama Sabrina, pode ter
sido uma homenagem de seus pais à Audrey também. Não custa tirar a dúvida com
eles…
▪O filme teve um remake em 1995, com Harrison Ford e Julia Ormond
nos papéis principais. Até que é legal, mas não chega aos pés do original.
Aliás, por que as pessoas insistem em fazer remakes de clássicos? Certos filmes
jamais deveriam ser refeitos, principalmente os de Billy Wilder.
#MenosRemakesMaisReprisesPorFavor
EXTRAS
▪Documentário show de bola (e LEGENDADO, graças a Deus!!!) contando a
história do filme e de sua produção. É curtinho, mas bem interessante. Vale
ver.
▪Seleção de fotos tipo “slide show” com imagens de bastidores. Bacaninha
também.
EMBALAGEM
▪Na edição que eu tenho, é bem básica: transparente, com ilustrações
internas no estojo. Este filme foi lançado no Brasil também como parte da caixa Coleção Audrey Hepburn (contendo 8 filmes da artista) e recentemente
mais relançado separadamente pela Paramount (a mesma gravadora) com uma capa mais
caprichadinha. A versão mais em conta, porém, é essa que eu comprei.
Trailer original do filme:
FONTES
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