Suddenly, Last Summer
Ano
de produção:1959
Direção:Joseph L.
Mankiewicz
Elenco:Elizabeth
Taylor, Katharine Hepburn, Montgomery Clift.
Duração:114 minutos
Preto
& Branco
Gravadora: Columbia
Tristar
Que “tapa na cara da sociedade”, que
nada. Este filme é um soco no pâncreas! Junte no mesmo caldo uma milionária
excêntrica e poderosa com um estranho amor pelo filho falecido, uma jovem
esquizofrênica cujas lembranças são muito comprometedoras, um médico psiquiatra
frio e prático e os outros habitantes de uma cidade onde ninguém bate bem, e você
não terá ideia nem de metade do que é “De Repente, No Último Verão”. Insanidade,
lobotomia, pedofilia, homossexualidade e até canibalismo. Raras vezes na vida
você vai ver tantos temas tabus juntos, discutidos com tanta crueza, ao mesmo
tempo, e na mesma produção. Só que, ao contrário das novelas da Rede Globo, onde um apanhado de
assuntos polêmicos é jogado em uma mesma obra e tratado de maneira oportunista
com o único objetivo de atrair público, aqui as questões controversas se
entrelaçam umas nas outras e todas se encaixam perfeitamente na trama. É lógico,
afinal estamos falando de uma obra de Tennessee
Williams, que o próprio Tennessee adaptou para o cinema, com a ajuda de
outro autor renomado, Gore Vidal. O
diretor é Joseph L. Mankiewicz, o
mesmo cara genial que nos presenteou com “A Malvada” (http://poltrona-r.blogspot.com.br/2017/04/dvd-malvada.html). E
Tennessee + Mankiewicz = Polêmica no ar! Além dos dois autores clássicos e do
diretor extraordinário, o filme tem um elencaço: Katharine Hepburn, Elizabeth
Taylor e Montgomery Clift nos
papéis principais. Do enredo eu não posso contar muita coisa, porque aqui neste blog não se dá spoiler e nem
se faz nada para tirar a graça de filme nenhum para o público. Já que é assim,
vou contar só o que eu posso: Catherine
(Elizabeth Taylor), uma moça que presenciou a morte do primo, ficou tão
traumatizada que enlouqueceu por causa da tragédia. A mãe do rapaz, Violet (Katharine Hepburn), uma viúva
riquíssima e um tanto fora da casinha, também não digeriu ainda a perda dele. Ela
acredita que a sobrinha está apenas tendo alucinações, e tenta induzir o
neurocirurgião Dr. Cukrowicz
(Montgomery Clift) a fazer uma lobotomia na moça, com o objetivo de acabar com
a suposta loucura dela. Só que, ao começar a fazer um tratamento em Catherine,
a memória dela vai voltando aos poucos. O médico descobre que as visões que ela
está tendo são não apenas reais, mas também extremamente reveladoras. E o espectador
descobre o chocante motivo verdadeiro pelo qual Violet quer que a cirurgia seja
realizada em Catherine. A fotografia, em preto e branco, contribui para criar
um clima claustrofóbico e sinistro, deixando o público tenso e perturbado. A
genialidade da sequência final, em que passado e presente se misturam na tela e
na mente da personagem, tem efeito poderoso sobre quem assiste. Quanto às
atuações, não consegui encontrar ninguém que trabalha mal. Todo o elenco é
fantástico, mas Katharine Hepburn, no papel da velha louca, é magistral como
sempre, e faz com que qualquer um que assista ao filme queira matá-la de
pancada. Elizabeth Taylor está impressionante como esta personagem dificílima –
não sei como alguns a chamavam de canastrona. E Montgomery Clift não era apenas
um homem lindo e charmoso, era um tremendo de um ator. O dilema do seu
personagem mexe com o público – até onde se vai por dinheiro? Tipo do filme que
rende horas e horas de debate e discussão, e que é tão atual que merecia ser
exibido na televisão – se não na TV
aberta, pelo menos em um canal a
cabo. “De Repente, No Último Verão” é um filme difícil, mas
imperdível. Assista sem preconceitos.
CURIOSIDADES
● Indicado ao Oscar de 1960 em três categorias: Melhor Atriz (Elizabeth Taylor), Melhor Atriz (Katharine Hepburn) e Melhor Direção de Arte Preto & Branco. Venceu em apenas uma –
Elizabeth foi quem levou o prêmio para casa.
● Assim como eu, você deve estar se
perguntando como é que a Legião da
Demência, ops, da Decência, deixou passar um filme desses, extremamente
ousado para a época. É simples: vários diálogos tiveram que ser cortados. E
outros tiveram o vocabulário suavizado.
● O filme não foi gravado nos EUA nem no México, e sim em um estúdio da Inglaterra.
●
A trama foi inspirada num fato real: a irmã do autor Tennessee Williams sofreu
uma lobotomia.
EXTRAS
● Videofotomontagem com cenas de
bastidores – um pouco longa, mas interessante de ver. Será que é fan art aproveitada pela gravadora?
● Pôsteres coloridos do filme,
originais da época
● Fichas do diretor e dos três atores
principais (oh, por que não dá pra imprimir nada disso?)
●Trailer original do filme e de
outros DVDs da Coleção Columbia Classics:
“Os
Amores Secretos de Eva” (“Queen Bee”), “A Mulher Faz O Homem” (“Mr Smith Goes
To Washington”) e “Meus Dois Carinhos” (“Pal Joey”).
● Um detalhe curioso é que o DVD possui dois lados: o Lado A contém
o filme totalmente restaurado e remasterizado (tanto a restauração quanto a
remasterização são excelentes); e no Lado B, o espectador tem a chance de
conferir o clássico do jeitinho como ele foi lançado no cinema em 1959. Eu, pessoalmente, preferi
assistir à versão restaurada, mas neste DVD os fãs mais “fundamentalistas” de
cinema da Velha Guarda têm opção.
EMBALAGEM
● Normal, sem luxo algum. Um
filmaço destes merecia mais.
Link
do Trailer:
FONTES
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