Frederick
Austerlitz nasceu em Omaha, Nebraska
(EUA) em 10 de maio de 1899,
filho de pai austríaco e mãe alemã, ambos de origem judaica, convertidos ao Catolicismo.
Aos 5 anos de idade, ele já estava no palco, dançando junto com a irmã, Adele. No ano seguinte, o pai de
Frederick perdeu o emprego e se mudou com a família para Nova York, onde Frederick e Adele foram lançados na carreira
artística pelos pais. As duas crianças prodígio foram aconselhadas a mudar o
sobrenome para Astaire, pois lhes disseram que Austerlitz “parecia nome de
batalha”.
Frederick e Adele foram treinados em dança, dicção e canto e lançados
como atores do espetáculo teatral "Juvenile Artists Presenting an Electric
Musical Toe-Dancing Novelty", só com artistas infantis e adolescentes. Como
Frederick era muito baixinho, fizeram com que ele usasse uma cartola para
parecer mais alto. Adele e Frederick fizeram imenso sucesso, sendo considerados
“os melhores artistas mirins do teatro de variedades”.
Durante a
década de 1920, a dupla Fred e Adele Astaire atuou com sucesso em musicais na
Broadway e em Londres. Nessa época, o talento de Fred já começava a ofuscar o
da irmã, embora ela fosse talentosa também. Ele foi considerado o melhor
sapateador que havia nos palcos da época, e seus movimentos, inspirados nos de
dançarinos negros de jazz, impressionava não apenas os críticos, mas também as
plateias. Logo Fred e a irmã foram chamados para fazer um teste (cujas imagens
foram, infelizmente, perdidas, portanto, não adianta procurar no You Tube) nos
estúdios da Paramount. Porém, a Paramount considerou o casal de irmãos
“inadequado para atuar em filmes” (não, você não leu errado).
Em 1932, Fred
e Adele resolveram encerrar a parceria, pois Adele se casou com o primeiro
marido. Mesmo traumatizado com o fim da dupla, Fred resolveu, tentar o sucesso
na carreira solo. Um teste feito pelo ator nos estúdios da RKO (também perdido
junto com as imagens do teste) teve como seguinte avaliação: “Não sabe cantar.
Não sabe representar. É careca. Possui um pouco de talento para a dança” (sim,
você leu certo de novo!).
Em 1933,
porém, Fred Astaire fez sua estreia no cinema em “Amor de Dançarina”, em que
atuava ao lado de Joan Crawford. Como o filme (que também tinha Clark Gable no elenco) emplacou, Fred fez no mesmo ano um
filme curioso, “Voando Para o Rio”, que foi realizado com um brinquedo de avião
que se movia e um projetor projetando a tela fazendo a ilusão de voar. Foi
neste filme que Fred fez sua primeira parceria com Ginger Rogers. Tem gente que
jura que, nos bastidores, Ginger e Fred não se suportavam. Se for verdade, a
desarmonia era apenas nos bastidores, porque nas telas a química era, no
mínimo, perfeita.
A partir daí,
Fred Astaire se tornou o astro maior de musicais de Hollywood. Chegou a receber
uma porcentagem dos lucros dos estúdios sobre as produções em que atuou, coisa
extremamente rara naqueles tempos. Além disso, Fred tinha também autonomia
total sobre os números de dança que criava – uma de suas exigências era que as
coreografias e canções fossem totalmente integradas ao roteiro dos filmes.
Antes
de Fred Astaire, quando os dançarinos apareciam em filmes, o público via apenas
closes de partes do corpo deles. Fred foi o primeiro ator-dançarino que exigiu
ser filmado de corpo inteiro, nem que isso custasse ensaios intermináveis, que
muitas vezes esgotavam a paciência de quem trabalhava com ele. O mais
inacreditável era que, fora dos estúdios e dos palcos, Fred Astaire odiava
dançar. Dizia que as danças de salão o entediavam (mais uma vez você leu
certo!).
Apesar de ter
estrelado clássicos como “Ziegfeld Follies” (1946), “Bonita Como Nunca” (1942),
“Desfile de Páscoa” (1948), “Papai Pernilongo” (1955), “O Picolino” (1935), “A
Alegre Divorciada” (1934), “Cinderela em Paris” (1957) e “Melodia da Broadway”
(versão de 1940), e de ter atuado ao lado de gente tão lendária quanto ele,
como Judy Garland, Gene Kelly, Rita Hayworth, Cyd Charisse, Audrey Hepburn,
Lucille Ball e a própria Ginger Rogers, Fred só foi ganhar um Oscar em 1949,
“pelo conjunto da obra” (você leu certo de novo!). Para mim, isto é apenas mais
uma prova de que a Academia do Oscar é medíocre e sempre foi.
Fred Astaire
“foi embora” em 22 de junho de 1987, de complicações causadas por uma
pneumonia. Para a gente aqui, ficou uma herança artística riquíssima, que
influenciou artistas como Ryan Gosling e Michael Jackson, e continua a
impressionar quem assiste, mesmo tantas décadas depois. Obrigada, Fred, por seu
charme e talento que, como tão bem disse Clarice Falcão, ainda fazem nosso
coração sapatear.
Texto já publicado no site Blah Cultural https://www.blahcultural.com/
FONTES
Então você também tem um blog... e de qualidade!!! Parabéns!
ResponderExcluirMuito obrigada! Nossa, você também não sabia? Que legal que um craque como você gostou do meu blog! Se você curtiu, por favor, me ajude a crescer - divulgue!
ResponderExcluirAbçs