Consegue
imaginar alguém chegar aos 100 anos de
idade linda, lúcida, saudável, muito bem de vida, com uma carreira de
sucessos que inclui dois Oscars e
uma participação no maior filme de todos os tempos, e sendo homenageada no
mundo inteiro? Pois bem, ela chegou lá!
Nesta
sexta-feira, dia 31 de junho, uma lenda completou um século de vida: Olivia de Havilland, a atriz que
interpretou a Melanie em “E O Vento Levou”. Única artista viva
do elenco do clássico, Olivia jamais conseguiu se livrar da personagem, apesar
de possuir um currículo extenso (49 filmes!), inúmeros prêmios e os Oscars de
Melhor atriz de 1946 (por “Só Resta Uma Lágrima”) e de 1949 (por
“Tarde
Demais”).
A carreira de
Olivia foi marcada por papéis de boa moça, especialmente em filmes de época.
Mas também teve algumas polêmicas, como sua rivalidade pessoal e profissional
com a irmã, a também atriz Joan Fontaine
(estrela de filmes como “Rebecca”, de Alfred Hitchcock). Ou mesmo seu relacionamento com o parceiro de
cena Errol Flynn, por quem ela,
décadas depois, assumiria ter tido uma queda. Dizem até que os dois viveram um
namoro às escondidas na vida real.
Nascida no Japão em 1º de julho de 1916, filha
de pais ingleses, criada em Los Angeles (EUA) e naturalizada americana, Olivia
Mary de Havilland já era apaixonada por Shakespeare
quando criança. Ela foi educada em colégio de freiras e fez sua estréia nos
palcos em 1933, aos 17 anos de idade, meio de brincadeira, no papel principal
de uma montagem de “Alice No País Das Maravilhas”, de Lewis Carroll. A experiência mudou sua vida a tal ponto, que ela
decidiu que era aquilo que gostaria de fazer pelo resto da vida.
Pouco tempo
depois, em 1935, Olivia estreava no cinema, em “Sonho De Uma Noite De Verão”.
No mesmo ano, apareceu em “Capitão Blood”, dos estúdios Warner, ao lado do lindo Errol Flyyn, e
o santo profissional dos dois bateu. O sucesso da dupla foi tão grande que a
Warner decidiu que eles fariam mais alguns filmes juntos – e foram oito, ao
todo.
Mas o papel que
mudaria sua vida veio em 1939, quando a Warner concordou em liberá-la por um
tempo para trabalhar em uma superprodução da MGM que prometia estourar as bilheterias do mundo todo. O nome do
filme? “E O Vento Levou”.
Tudo começou
porque Joan Fontaine foi chamada pelos produtores do futuro clássico para fazer
testes, pois havia sido cogitada para o papel de Melanie Hamilton. Mas como ela
queria ser Scarlett O’Hara, recomendou Olivia para interpretar a coadjuvante
boazinha.
Para Joan, foi uma dupla perda. Já para Olivia,
o ganho foi maior do que se imaginava. Sua Melanie é brilhante, convincente,
chega a roubar algumas cenas em que aparece, e só não levou o Oscar de Melhor
Atriz Coadjuvante porque o prêmio foi para a também sensacional Hattie McDaniel que, graças à
personagem Mammy, tornou-se a primeira afrodescendente a ganhar um Oscar.
Em 1943, cansada
de não poder escolher seus papéis nem com que atores trabalharia, Olivia, que
tinha um pai advogado e alguma noção de leis, processou a Warner – uma atitude
inovadora para alguém de sua época. Durante o período em que passou brigando
com o estúdio, ela ficou sem trabalho e, para se sustentar, precisou fazer
shows para entreter feridos na guerra. Mas valeu a pena. Graças à decisão
judicial, que ficou conhecida como Lei
De Havilland, os grandes estúdios tiveram seu poder reduzido e os atores
ganharam mais liberdade para trabalhar. A Warner, porém, nunca mais contratou
Olivia. O episódio fez com que a estrela se tornasse uma defensora pioneira dos
direitos dos atores.
Embora diga que
já viu “E O Vento Levou” “umas trinta vezes”,
Olivia diz que não o considera seu melhor trabalho. Para ela, seu desempenho
mais brilhante foi em “A Cova da Serpente” (1948), em que
interpreta uma mulher com transtornos psiquiátricos. Não levou o Oscar pelo
papel, mas conquistou diversos prêmios por ele, incluindo o do Festival de Veneza.
Olivia de
Havilland casou-se duas vezes e divorciou-se duas vezes. Seu primeiro marido
foi o escritor americano Marcus Goodrich,
com quem ficou casada entre 1946 e 1952; os dois tiveram Benjamin, falecido em 1991 aos 42 anos. Em 1955 ela casou-se com o
jornalista francês Pierre Galante.
Os dois permaneceram juntos até 1979 e tiveram uma filha, Gisele.
Desde 1953, ela vive na França, onde, em
setembro de 2010, o presidente Nicolas
Sarkozy a condecorou com a Legião de
Honra.
Em 2003, Olivia fez
uma aparição especial na cerimônia de entrega do Oscar, e recebeu quase 5 minutos ininterruptos de aplausos de pé. A emoção foi tão grande que a estrela foi às
lágrimas e mal conseguiu falar.
Perguntada sobre
como pretendia comemorar essa data tão significativa, ela respondeu que iria
jantar e beber com “alguns amigos muito,
muito queridos”. E não é só: Olivia anuncia que está trabalhando na sua
autobiografia, e que deve lançá-la em breve. Com um século de vida, ela
ainda faz planos para o futuro! Um exemplo de vida e de carreira. Parabéns,
diva!
FONTES
Matéria já publicada no blog Blah Cultural
http://www.blahcultural.com/
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