Sunset Boulevard
Ano de produção: 1950
Direção: Billy Wilder
Elenco: Gloria Swanson,
William Holden, Erich Von Stroheim.
Duração: 110 minutos
Preto & Branco
Gravadora: Paramount
Se você nunca
viu “Crepúsculo
dos Deuses”, pare de perder seu
tempo agora. É um dos melhores filmes de todos os tempos, e foi com dor no
coração que eu não o incluí na minha lista
de “Cinco Clássicos Favoritos”, que, aliás, você encontra no Arquivo do Blog (eu falo que odeio
listas!!!). Cruel, sacana e envolvente, é o melhor filme que Hollywood já fez
sobre si mesma. Dirigido pelo mestre Billy
Wilder (“Quando Mais Quente, Melhor”), que também é um dos autores do
(espetacular) roteiro, este drama
psicológico foi lançado em DVD pela Paramount
em uma edição que é o sonho de qualquer cinemaníaco fã da Old School: barato
(custa em torno de R$15,00), com imagem e som restaurados à perfeição e uma
tonelada de material raro e interessante como extras. Quem disse que nós
queremos mais do que isso?
Muito já foi
escrito sobre este clássico, e textos brilhantes foram produzidos. Jamais vou
conseguir chegar aos pés do talento destes autores, nem do seu conhecimento e capacidade
de análise e observação. Já que é assim, vou tentar fazer aqui algo que eu
nunca vi ninguém fazer na minha vida:
um resumo de “Crepúsculo dos Deuses” que não contenha nenhum spoiler. Simplesmente porque este é
o tipo do filme que quanto menos se souber sobre ele antes de assisti-lo,
melhor. Para fugir dos seus credores (não vou contar como, pois o primeiro
spoiler já estaria aí), o escritor fracassado Joe Gillis (vivido pelo
gracinha William Holden) vai parar em um casarão onde vive a excêntrica ex-estrela
de cinema mudo Norma Desmond (em interpretação no mínimo magistral de Gloria Swanson),
que enlouqueceu e pensa que ainda é famosa e adorada pelo público. Além dela, o
único morador do casarão é o seu mordomo, Max (Erich Von Stroheim), que só a
atura porque... Bem, porque ele guarda um segredo. Aos poucos, Norma vai
arrastando Joe para o seu mundo de loucura, e essa insanidade tem consequências
trágicas. Em pouco mais de uma hora, o genial Billy Wilder e o igualmente genial
elenco nos mostram o quanto a indústria do cinema (da mídia, em geral) pode ser
ingrata com as estrelas que cria, explora e depois descarta. A cena em que
Norma retorna ao estúdio é a mais tocante, nesse sentido. Falando em elenco,
celebridades reais fazem pontas no filme, como o cineasta Cecil B. De Mille, a
jornalista Hedda Hopper e o comediante Buster Keaton – no papel deles mesmos.
Os figurinos da renomada Edith Head criaram moda na época e, juntamente com a
trilha sonora arrepiante de Franz Waxman e a fotografia de John F. Seitz (para
não falarmos das locações escolhidas pelo próprio Wilder), ajudam a criar o
clima tragicômico e sinistro que essa bizarra história exige. Mas me perdoem: o
show aqui é de Gloria Swanson. A Norma Desmond que ela criou é irritantemente
maravilhosa, é maravilhosamente irritante. Desperta encantamento, raiva,
surpresa, e às vezes até piedade – só não desperta indiferença. O filme, vale
lembrar, tem uma das sequências de abertura mais imitadas de todos os tempos e um
dos finais mais apoteóticos dos anos 1950. Duvido que você consiga respirar antes
dos créditos finais. Aula de cinema por R$15,00 não se encontra todos os dias - portanto, aproveite. Mais que imperdível, obrigatório.
Curiosidades:
● As fotos e filmes utilizados no clássico são material original. Os
retratos que decoram a casa são da própria Gloria Swanson quando jovem, e o
filme antigo assistido por ela e Joe chama-se “Minha Rainha” e realmente havia
sido dirigido por Erich Von Stroheim (que também era diretor) e estrelado por
Gloria na vida real, anos antes – mas nunca foi terminado nem lançado.
● Embora indicado para 11 Oscars, o filme venceu apenas três: Roteiro,
Direção de Arte e Trilha Sonora. Merecia todos. Para mim, uma das maiores
injustiças da história da Academia.
●A sequência original imaginada para o clássico não é a que o público
conhece, mas outra, bem diferente, muito mais mórbida e irônica. Não vou
entregar qual é, porque o material extra do DVD mostra isso em detalhes.
●O papel de Norma Desmond foi oferecido a Mae
West, Mary Pickford e Pola Negri, antes de Gloria Swanson aceitá-lo.
EXTRAS: Espetaculares. O
próprio painel para escolha de idiomas e cenas já é uma obra de arte – muito bonito
e organizado. A quantidade e qualidade dos Extras também é um banquete para os
fãs: dois documentários sobre o clássico (um deles é uma análise feita pelo
autor de uma tese que teve Billy Wilder como tema), making of, um mapa com as
locações (todas reais) do clássico e que fim levaram hoje em dia,
minidocumentário sobre Edith Head, documentário sobre a trilha sonora, trailer
original da época, e o mais inacreditável: cópias das duas versões originais da
sequência de abertura do filme. Atenção, distribuidoras e gravadoras que lançam
filmes pré-1980, principalmente no Brasil: tomem como exemplo este DVD de “Crepúsculo
dos Deuses” e cacem o máximo possível de material extra para o deleite dos
fãs nerds (nos quais eu me incluo). E, pelo amor de Deus, lancem os clássicos
com esta mesma qualidade de som e imagem que se vê neste aqui. E por um preço tão
acessível quanto. Meus parabéns ao pessoal da Paramount envolvido na elaboração
deste DVD!
Embalagem: Bacaninha, com fotos no interior. Há uma
edição com estojo de papelão por cima e foto do filme como brinde (igual à de “O
Indomado”), mas esta garimpada por mim é a versão mais simples mesmo.
Link do Trailer no Canal do Poltrona R:
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