Nos anos 80, um dos truques de Silvio Santos para segurar a audiência
do SBT era colocar os desenhos da Pantera Cor-de-Rosa no modo “repeat all”, em pleno horário nobre. Mas muitas crianças (eu por exemplo) já eram
fãs da Pantera antes disso, quando o desenho era exibido nas manhãs de sábado
da emissora (muito da minha cultura pop,
aliás, eu devo ao canal de TV do Homem do Baú).
A personagem, por si só, tem uma
história curiosa: foi criada despretensiosamente, em 1963, apenas para os
créditos do filme “A Pantera Cor-de-Rosa”, de Blake Edwards, com Peter Sellers
interpretando seu personagem mais famoso, o atrapalhado Inspetor Clouseau, encarregado de investigar o sumiço de um
diamante chamado Pantera Cor-de-Rosa. Como o filme era uma comédia, os
cartunistas Fritz Freleng (de “Looney
Tunes”) e David DePatie tiveram
a sacada de inventar uma pantera cor-de-rosa (literalmente) para ilustrar a
abertura do filme. O sucesso da personagem com público e crítica foi
infinitamente maior que o esperado. Tanto é que, já em 1964, a Pantera ganhava
sua própria série de animação na
rede de TV americana NBC.
Ao todo, o
desenho original teve mais de 100 episódios, produzidos até 1980. Em 1984 uma nova
série, “Os Filhos da Pantera Cor-de-Rosa”, criada por Freleng em parceria
com a Hanna Barbera (a maior
recicladora de personagens do planeta!), mostrava a personagem felina com dois
filhos, Pinky e Panky. A Pantera foi licenciada para estampar inúmeros produtos,
todos sucesso de vendas, teve uma versão em quadrinhos (que também foi lançada no Brasil) e chegou a virar videogame. O desenho ganhou dois remakes,
um em 1993 (“The New Pink Panther Show”), e outro em 2010 (“Pink
Pather And Pals”).
"Lembra de mim? Antes eu era um título de filme... Agora sou uma estrela de cinema!!!", dizia
o poster anunciando a estreia do desenho "A Pantera Cor-de-Rosa" nos cinemas.
Quando foi lançada, a série animada “A Pantera Cor-de-Rosa” trazia episódios de 30 minutos cada, compostos
por dois desenhos da própria Pantera e um do personagem “O Inspetor” entre ambos. No ano seguinte, a animação era lançada
primeiro na TV e depois distribuída nos cinemas pela United Artists. Também em 1965, DePatie e Freleng levaram o Oscar de Melhor Curta-Metragem Animado
em 1965 com o primeiríssimo episódio da Pantera Cor-de-Rosa, intitulado “The
Pink Phink”. A partir daí foi só sucesso – a dupla de cartunistas
emplacou mais uma porção de outras séries de desenhos, tais como “A
Formiga e o Tamanduá”, “Hoot Kloot”, “Meu Amigo, O Tubarão”
(não confundir com o “Tutubarão”, da Hanna Barbera), “Bombom
e Maumau”, “O Poderoso Cachorrão”, a inesquecível “Cobrinha Azul” (aquele do bordão "Toli-toli-tolá, a cobra
ficou lá"), “Cegonha Perna Fina” e, claro, “Toro
& Pancho”. Todos eles eram exibidos dentro do “The Pank Panther Show”
(que no Brasil ganhou o título de “A Turma da Pantera Cor-de-Rosa”). E
em 1976, a duração dos episódios da Turma da Pantera passou de 30 para 90
minutos. O desenho passou a ser exibido e produzido pelo canal ABC a partir de 1978, e permaneceu
nesta emissora até o episódio final, em 1980.
A explicação para o sucesso está
no humor sofisticado, nonsense e até meio
chapliniano, da personagem. A Pantera Cor-de-Rosa nunca se comunicava
verbalmente, apenas por gestos. E aí estava boa parte da graça – até mesmo os
irritantes sons de claque viravam um
elemento cômico extra por causa da ausência de palavras. Em quase todos os
episódios, a Pantera aparece infernizando ou sendo infernizada pelo Inspetor, um
homenzinho branquelo e bigodudo que, a princípio, era uma caricatura de
Freleng, e mais tarde passou a se parecer mais com o próprio Peter Sellers. Esperta,
ela sempre conseguia se safar do seu adversário. As aventuras da Pantera Cor-de-Rosa
eram todas embaladas pela inconfundível trilha sonora “chiclete” criada por Henri Mancini.
Agora, aquela pergunta que você
sempre se fez, mas nunca fez a mais ninguém porque sempre teve vergonha: “A Pantera Cor-de-Rosa” é macho ou fêmea?”.
Apesar de ser cor-de-rosa, ela é macho. Faz a linha gentleman britânico, com seu andar elegante e suas poses com uma
piteira. Há quem diga que uma das inspirações para o jeitão da personagem foi o
ator inglês David Niven. Quem disse
isso foi o dublador Rich Little, que
fez a voz da Pantera nos poucos desenhos em que ela fala – graças a Deus, ela
só mostra a voz nos episódios finais da série original e no remake de 1993. Digo
graças a Deus porque a Pantera Cor-de-Rosa falando tem tanta graça quanto o Pica-Pau sendo bonzinho, ou seja, nenhuma.
Quer matar as saudades da Pantera
Cor-de-Rosa? Pois você veio ao lugar certo! O Canal do Poltrona R no You Tube preparou uma playlist especial da
Pantera e sua turma – com direito a episódios completos – para você viajar no tempo
e dar boas risadas. Divirta-se!
Link da Playlist: https://www.youtube.com/playlist?list=PLyc88yygdNcCC6EFiq6y6JeJw031n6g-d
FONTES
Vale a pena dizer que os dvds lançados no Brasil trazem os curtas de cinema (com abertura original e sem claque e dublagem), já as versões exibidas na televisão são as editadas onde as aberturas foram encurtadas e a trilha de risada foi acrescentada embora a Herbert richers tenha retirado o recurso na dublagem brasileira.
ResponderExcluir