It Happened One Night
Ano de produção: 1934
Direção: Frank Capra
Elenco: Clark Gable, Claudette Colbert, Walter Connollly, Jameson Thomas.
Duração: 105 minutos
Preto & Branco
Gravadora: Columbia
Você é mulher, viu “E O
Vento Levou”, se apaixonou pelo personagem Rhett Butler e gostaria de ver o mesmo ator em outro filme? Ou você
é homem e acha que comédia romântica
é uma babaquice para mulherzinha? Ou ainda, você quer dar risadas com algo
inteligente? Seja qual for o seu caso, ou mesmo que o seu caso não seja nenhum
destes, tenho aqui um filme para você. “Aconteceu Naquela Noite”, grande
sucesso do diretor Frank Capra é
imperdível por vários motivos, entre eles por trazer o astro Clark Gable em um papel cômico – e mandando muito bem. Ele é Peter Warne, um
jornalista charmosão que está desempregado. Para salvar sua carreira, ele resolve
escrever a matéria da sua vida. O assunto é a fuga da patricinha Ellie (Claudette Colbert), cujo pai autoritário
(Walter Connolly) quer proibi-la de
se casar com um playboy inútil (Jameson
Thomas). O encontro de Peter e Ellie rende risadas do começo ao fim. Durante
as aventuras que vivem na estrada, os dois brigam o tempo todo, e ao mesmo
tempo se sentem atraídos um pelo outro, porque o destino faz de tudo para aproximá-los.
Este é um filme dos tempos
pré-politicamente corretos, e apesar disso (ou talvez por isso mesmo) é tão
inteligente e divertido. Não há um diálogo que não seja bem escrito, e o enredo
é uma sequência ininterrupta de situações inesperadas. A gente nunca sabe o que
vai acontecer, e o que acontece é quase invariavelmente engraçado. “Aconteceu
Naquela Noite” não tem grandes efeitos (nem para a época) e o orçamento
para produzi-lo não foi nenhuma facada – pelo contrário. Mesmo assim, é
impressionante ver como uma coisa incrivelmente simples pode permanecer
engraçada depois de décadas e influenciar tudo o que vem depois em seu gênero. Digo
isso porque este pequeno grande clássico ainda é inspiração para comédias
românticas em pleno século XXI. Quantos filmes você já viu em que um casal que
se detesta é obrigado a conviver e acaba cedendo à atração que nasce por obra
do destino? Vários, mas poucos são tão bem sacados quanto este. Bordões como o
das Muralhas
de Jericó (não vou contar o que é pois não dou spoiler) e desafios encarados pelo elenco, como soltar a
voz sem estar em um musical, por exemplo, tornam ainda mais deliciosa a trama
extremamente bem construída desta despretensiosa jóia. Juro que tentei, mas não
consegui encontrar nenhum ator canastrão ou atriz canastrona no elenco; até
mesmo os figurantes são talentosos (coisa, aliás, comum em filmes dos anos 30 e
40). O final é previsível e inusitado ao mesmo tempo. “Aconteceu Naquela Noite”
mudou a maneira de se fazer cinema e trouxe algumas novidades para a época –
como, por exemplo, a cena em que Clark
Gable tira a camisa. Graças a este filme, o futuro Capitão Butler de “E O
Vento Levou” entrou para a história como o primeiro ator a aparecer de peito nu nas telas. Aliás, o contrário
do que muitos dizem, eu particularmente acho que o personagem de Gable neste
filme tem muito em comum com o Butler – um cara malandro, charmoso e desbocado,
com talento para se virar nas dificuldades, e que vive um relacionamento de
amor e ódio com uma herdeira mimada, arrogante e temperamental. “Aconteceu
Naquela Noite” é mais uma dica para quem quer perder o preconceito contra
filmes em preto e branco, ou, principalmente, contra o cinema antigo, porque o retrato que essa
comédia romântica e de costumes faz do seu tempo é uma delícia irresistível.
Curiosidades:
▪ “Aconteceu Naquela Noite” foi gravado em apenas quatro semanas, pois esse era o tempo de que a estrela Claudette Colbert dispunha em sua
agenda. O cachê dela, inclusive, foi o mais alto do elenco, pois ela na época
era uma popstar recém-saída de sucessos como “Cleópatra” (safra 1934) e
a primeira versão de “Imitação da Vida”.
▪Embora tivessem uma química fenomenal nas telas, Gable e Claudette não
se bicavam na vida real. Pudera: ambos tinham temperamentos bem difíceis...
▪A épica cena de Claudette pedindo carona foi satirizada em um episódio do Pica-Pau chamado “O Grande Logro”. Toma aqui o Link do desenho pra quem quer matar a saudade: https://www.youtube.com/watch?v=jY2ygjUT0TI
EXTRAS DO DVD: Bastante, mas tudo
em inglês e sem nenhuma tradução. Tem um minidocumentário em que Frank Capra Jr, o filho do
diretor/produtor, conta como surgiu a ideia para o filme e narra alguns “causos”
de bastidores. Visualizações de pôsteres
publicitários do filme que, embora não possam ser baixados e salvos para
serem aumentados, impressos e emoldurados,são bonitos e vale a pena dar uma
olhada. Áudio de radionovela baseada no
filme, com as vozes dos atores originais (infelizmente também não dá pra baixar e ouvir no celular, mas este blog que você
ama achou o áudio na internet! Olha
aqui: https://www.youtube.com/watch?v=7s2DkoAgrYw). Trailers
do filme e de outras duas obras do diretor, “A Mulher Faz O Homem” e “Horizonte
Perdido”. E fichas com a filmografia
do diretor e dos dois astros principais. Agora eu pergunto: custava colocar legenda em português em tudo
isso???
Embalagem: O básico do
básico do básico. Mas o simples fato do DVD ter som e imagem de qualidade torna isso menos relevante.
Link do trailer: https://www.youtube.com/watch?v=ALmnUBqbhuo
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