No dia 6 de
agosto último, fiz uma matéria com meus
15 momentos preferidos da carreira da musa da comédia, Lucille Ball (Olha o link aqui pra quem perdeu: http://poltrona-r.blogspot.com.br/2016/08/meus-15-momentos-preferidos-de-lucille.html). O post bombou, e por isso resolvi repetir
a dose para homenagear minha outra ídola, Rita
Hayworth (1918-1987), que se estivesse viva completaria hoje 98 anos de
idade. Embora criminosamente subestimada
pelos estudiosos de cinema, ela influenciou centenas de cantoras, atrizes e modelos nos quatro cantos do mundo.
Agora você vai ver uma seleção que mostra por que Rita divide com Lucille o
posto de maior diva de todos os tempos – pelo menos na opinião desta autora.
1 – Jogada de cabelo em “Gilda”
“Are
you decent?” Talvez
essa seja a cena mais conhecida de Rita Hayworth no Brasil – principalmente porque
foi utilizada no filme “Um Sonho de Liberdade” (1994). Pelo amor de Deus, se esta é a única
parte do clássico “Gilda” que você conhece, corra
já para assistir inteira a esta jóia
do cinema, que é espetacular do começo ao fim. Rita merecia o Oscar de Melhor
Atriz por esta personagem, mas ganhou foi (muita) dor de cabeça. Ela dizia que os
homens sonhavam com Gilda e acordavam com ela. Isso porque Gilda, com seu
mau-caratismo sedutor, era o oposto do que Rita foi na vida real.
2 – Put The Blame On
Mame, Part Two
Mostrar o corpo é fácil. Difícil
é tirar apenas uma luva como se
estivesse despindo a roupa toda, e deixar os homens loucos com esse gesto. A sequência,
saída da mente do genial coreógrafo Jack
Cole e executada de maneira estupenda por Rita Hayworth, é algo único, algo
que jamais se repetirá na história do cinema. Até Michael Jackson, amante do cinema da Velha Guarda, homenageou Rita
incluindo esta cena (e se incluindo
nela) em seu último DVD, “This Is It”. (https://www.youtube.com/watch?v=SsaEk7cVMz0)
3 – Let’s Stay Young Forever
Nesta sequência de “Quando Os Deuses Amam”
(filme que ela praticamente carregou nas costas), a Rainha da Columbia Pictures
encarna Terpsícore, a deusa grega da
dança, e arranca do personagem de Larry
Parks o seguinte comentário, que resume o que as performances dela até hoje
despertam no público: “Ela é mágica!”
4 – No papel de Carmen: “Eu sou inocente”
Quem é fã das personagens de Rita
sabe que 90% delas não era inocente coisa nenhuma. Pra variar, eu infelizmente não
consegui achar esta cena em português. Mas é um dos trechos mais bacanas do
filme “Os Amores de Carmen”. Costumo dizer que, se (e somente SE) Vivien Leigh não tivesse existido ou
não pudesse ter interpretado Scarlett O’Hara
em “E
O Vento Levou” de jeito nenhum, a melhor escolha para o papel teria sido Rita Hayworth.
A forma como Rita construiu Carmen, como uma personagem transgressora e sedutora,
mas ao mesmo tempo moleca e rebelde, é para mim a prova disso.
5 – Trinidad Lady
“A Chicky Chicky Boom,
Chicky Boom, it’s the Trinidad Laadyyyy!” Para mim este número
musical de “Uma Viúva em Trinidad” vale pelo filme todo. O clássico que
marcou a volta de Rita Hayworth às telas em 1951, após um período de
afastamento, foi uma tentativa furada que a Columbia Pictures fez de repetir o
sucesso de “Gilda”. Tanto é que o ator é o mesmo, o superfofo Glenn Ford, que dividiu as telas com
Rita em várias produções. Não sou fã de “Uma Viúva em Trinidad”, mas tenho
esta música no celular. Duvido você conseguir tirar o refrão da cabeça. E este
vestido é um dos mais lindos que Rita usou em toda sua carreira.
6 – Cena de amor musical com Gene Kelly
Já fiz uma resenha do DVD do
filme “Modelos” aqui no blog (link: http://poltrona-r.blogspot.com.br/2016/07/dvd-modelos.html). Amo essa preciosidade que só de
ter Gene “Gênio” Kelly, mais lindo
que nunca, ao lado de Rita Hayworth (dois MITOS!), vale ser visto e revisto. Há
vários trechos memoráveis, como a entrevista de emprego (que se 50 vezes eu
assistir, 50 vezes eu vou dar risada) e a dança de Rita, mais diva do que
nunca, descendo a rampa do alto de uma espécie de Monte Olimpo, com um monte de homens apaixonados lá embaixo esperando
por ela. Esta cena do reencontro dos personagens dos dois é emocionante – para não
falarmos na canção, “Long Ago And Far Away”. Toda a trilha do filme, composta por Jerome Kern & Ira Gershwin, é
maravilhosa, e deveria ser lançada em CD no Brasil.
7 – Sendo sacaneada por Frank Sinatra em “Meus Dois Carinhos”
Já quarentona e com seu
empresário Harry Cohn treinando a
jovem Kim Novak para ser a nova Rita
Hayworth (como se fosse possível isso existir!), a eterna estrela de “Gilda”
fez este superclássico ao lado de um cara que era tão lendário quanto ela: o
cantor e ator Frank Sinatra (que
você provavelmente só conhece como cantor). Nesta cena, ele interpreta para ela
uma canção que se tornou obrigatória em seus shows e um dos maiores hits de seu
repertório, “The Lady Is a Tramp”.
Você vai entender a cara de revolta dela porque este vídeo tem a tradução em
português da letra (Aleluia!!!). Detalhe de bastidores: Sinatra, que não
gostava de Rita pessoalmente mas a admirava muito como artista, exigiu que o
nome dela viesse antes do dele nos créditos. Quando lhe perguntaram o motivo
disso, o cantor respondeu: “Simplesmente
porque Rita Hayworth é a Columbia Pictures”. Rita merecia ter
levado o Oscar de Atriz Coadjuvante por este filme. Não levou, mas também não
perdeu o título de estrela maior da Columbia. Nem mesmo a novinha Novak
conseguiu ofuscar seu brilho.
8 – The Shorty Georges, com o grande Fred
Astaire
Fred Astaire definia Rita Hayworth como a melhor parceira com quem
ele havia contracenado – imagino a cara de Ginger
Rogers ouvindo isso! Aqui, os dois dançam em uma das cenas mais conhecidas
do clássico “Bonita Como Nunca”, e provam que Fred tinha razão. O maestro
que aparece nesta cena é um ícone da época, o espanhol Xavier Cugat (1900-1990), presente também em toda a ótima trilha
sonora.
9 – Dança dos Sete Véus em “Salomé”
Outro que não é meu filme
preferido da Rita, embora seja extremamente cultuado pelos outros fãs. Esta
cena foi um escândalo na época, e arranjou confusão com os censores (coisa
que não era incomum para a atriz). Apesar de aparentar estar quase nua, a diva
na verdade usa um macacão cor da pele por baixo do traje de odalisca. Loira e
bronzeada, a Rainha da Columbia até hoje arranca suspiros de muitos homens no
papel de Salomé. E com zero adição de vulgaridade, vale dizer.
10 – You Excite Me
Reza a lenda que os músicos e dançarinos que
dividem o palco com Rita Hayworth neste número musical emblemático do filme “O
Coração de Uma Cidade” eram da banda de Carmen Miranda. Verdade ou não, os movimentos da nossa Carmen inspiraram
a coreografia desta impressionante sequência, que chegou a fazer com que o
filme fosse proibido em alguns países (!!!). Aqui, Rita, cujo nome de batismo era Margarita Carmen Cansino, mostra que
suas raízes latinas jamais ficaram para trás.
11 – Amado Mío
Além de “Put The Blame On Mame” (Part One & Part Two), a trilha de “Gilda”
teve este outro megahit, que depois viria a ser regravado por vários artistas.
O vestido que a personagem usa nesta cena foi leiloado em 2014 por uma bolada
gigantesca, e continua sendo copiado mundo afora. A dança, como tudo o que Rita
fazia, é uma verdadeira aula de como provocar e sensualizar sem tirar uma única
peça de roupa, sem falar palavrão e sem fazer gestos vulgares – sim, isso é
possível. Mas é pra quem pode.
12 – Dança espanhola em “Os
Amores de Carmen”
Fã que é fã sabe que Rita Hayworth era filha de
pai espanhol, e que a mãe dela era de origem britânica. E também que, antes de
se tornar um fenômeno nas telas, ela foi uma menina prodígio que, muito cedo,
chamava a atenção do público nos shows mambembes que fazia com sua família, uma
companhia de artistas. E este espírito ela carregou consigo durante toda a sua
carreira – jamais tendo se envergonhado de suas origens, ao contrário do que
alguns desinformados dizem. Esta cena de dança do filme “Os Amores de Carmen” é
absolutamente clássica. Para os que dizem que “não é flamenco autêntico”, já
aviso que a sensualidade da dança teve que ser atenuada por ordem do sempre
chato pessoal da Censura – afinal, era
o ano de 1948.
13 - Put The Blame On Mame, Part One
A primeira versão do tema de “Gilda”
aparece neste trecho do filme, em que a personagem toca violão para um funcionário
babão e perturba o sono do ex, Johnny (Glenn Ford). Aposto que ela também perturbou
o sono de inúmeros outros homens naquela época – e que, exatas 7 décadas
depois, o efeito continua o mesmo. Como eu sempre digo, filme bom não sai de
moda duas semanas após ter sido lançado.
14 – Blue Pacific Blues
Quando fez “A Mulher de Satã”, ela
já não era mais uma jovenzinha, é verdade. E nem estava mais no auge da
carreira. Por isso mesmo o filme vale a pena ser visto. Assim como Lucille
Ball, Rita Hayworth foi uma das raras atrizes da chamada Era das Pin-Ups que conseguiu sobreviver ao final dessa, digamos,
tendência. De estrela dos musicais e dos filmes noir, ela se revelou uma atriz dramática que já não dependia mais do
corpaço para fazer sucesso – pra mim nunca dependeu, mas... Uma coisa que poucos
sabem é que “A Mulher de Satã” foi um
dos primeiros filmes da história do cinema (e o primeiro da Columbia) a ser lançado também em 3D. Isso
mesmo! Sabe em que ano? 1953! (https://www.youtube.com/watch?v=In57uBpQVUw) E ainda dizem que Rita Hayworth
nada significou para a Sétima Arte...
15 – Please Don’t Kiss Me, de
“A Dama de Shanghai”
Louraça belzebu, louraça Lucifér,
louraça Satanás! A nossa Rainha, então casada com o diretor e ator Orson Welles, teve que cortar e
oxigenar os cabelos para estrelar este drama no mínimo icônico. Dizem que os
estúdios da Columbia foram inundados de cartas de fãs implorando por um cacho cortado
do cabelo dela... Isso décadas antes de ser moda também? Siiimmm!!! Este é
outro filme que você precisa ver. Não quis colocar aqui a minha sequência favorita,
a dos espelhos, simplesmente porque seria um tremendo #spoiler. E todo mundo aqui sabe que eu odeio spoilers. Fechando então com chave de ouro esta seleção, a
música tema do filme, “Please Don’t Kiss Me”.
Uma porção de
outros grandes momentos da carreira de Rita Hayworth ficou de fora. Uns porque
não encontrei no You Tube (as cenas
de “Sangue
e Areia”, por exemplo, um filme que eu amo). Outros porque simplesmente
não couberam nesta lista. Mas fica minha homenagem a esta maravilhosa atriz e
show-woman, a primeira e única Rainha da Columbia Pictures. Ela certa vez disse
que não tinha substituta. Estava certíssima – continua insubstituível e inimitável
até os dias de hoje. God Save The (Dancing)
Queen!!!
A playlist completa com todos estes vídeos pra você ver ta no canal do
Poltrona R no You Tube. Quer assistir?Clica aqui:
Rita era incrível.
ResponderExcluirCom certeza, insubstituível! Abçs
Excluir'Nunca houve uma mulher como Gilda'
ResponderExcluirDe jeito nenhum! Vendo essa seleção de vídeos em pleno 2016, a gente ainda se faz duas perguntas: 1) Como alguém podia dançar tão bem e ter tanto domínio de cena? 2) Por que diacho os críticos sempre desvalorizaram uma artista tão talentosa, e fazem isso até hoje? A própria Columbia Pictures devia ter mais respeito pela mulher que salvou aquele estúdio da falência duas vezes. Coisa igual eu nunca vi e acredito que jamais veremos. Fico feliz sabendo que tanta gente gostou do especial. Abçs :)
Excluirmuito bom, obrigado.
ResponderExcluirDe nada!
ExcluirDe nada! Visite sempre o meu blog. :) Abçs
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirAdorei a matéria! Descobri este blog por acaso. Sou fã de Rita Hayworth e cinema antigo. Parabéns por este espaço
ResponderExcluirDescobriu no You Tube, aposto... MUITO obrigada! Se você gostou do meu blog, me ajude a bombar ainda mais divulgando meu trabalho! Bjs
ExcluirAmei a seleção 😍
ResponderExcluirMuito obrigada! Gostou? Dá uma ajuda pra mim e divulgue!
Excluir