Funny Girl
Ano de Produção:
1968
Direção: William
Wyler
Elenco: Barbra
Streisand, Omar Shariff, Walter Pidgeon, Kay Medford.
Duração: 135
minutos
Colorido
Gravadora:
Columbia Tristar
Já fazia
algum tempo que eu queria escrever sobre um filme da Barbra Streisand, e aqui está ele. “Funny Girl, A Garota Genial”
é livremente inspirado na história real
da atriz e comediante Fanny Brice, que eu definiria como uma
mulher corajosa, talentosa, cheia de personalidade e, acima de tudo, uma mulher que amava muito: amava a vida, amava a arte e, principalmente, amava a si mesma, e isso fez toda a
diferença. Classicaço de 1968
que deu o Oscar de Melhor Atriz à
grande Barbra, tem músicas absolutamente sensacionais, incluindo alguns hits da
cantora, como People e Don’t Rain On My Parade. O filme
mostra como a menina pobre de origem judaica, com um tipo físico fora dos
padrões de beleza, peitou o star-system do seu tempo, acreditou em si e virou a estrela dos espetáculos da companhia Ziegfeld, que antes dela só
empregava mocinhas tipo pin-up. Omar Shariff, lindo, lindo, lindo, interpreta
Nick Arnstein, o milionário viciado
em jogo que foi a paixão de Fanny e também o pai de sua filha. Charmosão e malandro, Arnstein viveu um relacionamento extremamente conturbado com Fanny, não apenas devido às encrencas que ele arranjava em consequência da jogatina, mas também porque a artista sempre estava trabalhando e tinha muito pouco tempo para ficar com ele. Walter Pidgeon rouba a cena como Florenz Ziegfeld, o dono da lendária (e
polêmica) companhia teatral. Embora haja mais diálogos do que canções, os
números musicais são fabulosos, como as impagáveis sequências dos patins e das noivas (que eu não
posso detalhar muito para não estragar o seu prazer de ver o filme). De todo o
elenco, quem mais solta a voz é a própria Barbra Streisand – que bênção! Não
que o resto do elenco seja ruim, pelo contrário (Omar Shariff nos surpreende
positivamente interpretando as músicas), mas Barbra pra mim é a maior cantora
do mundo. Ou uma das maiores, não importa. Sua voz é coisa de Deus. E ninguém
teria sabido tirar partido do talento de Barbra tão bem quanto o diretor William Wyler, que já tinha no seu extenso currículo
trabalhos como “Jezebel”, com Bette
Davis, e “A Princesa e o Plebeu”,
com Audrey Hepburn, e ajudou ambas as
atrizes a levarem o Oscar por seus papéis nestes clássicos. O fenômeno se
repetiu com Barbra, que faturou a estatueta de Melhor Atriz em 1969 por sua Fanny Brice. O filme
apresenta uma bela e detalhada reconstituição de época, tanto nos cenários
quanto nos figurinos, e uma fotografia rica e colorida. “Funny Girl, A Garota Genial”
foi um grande sucesso na época do seu lançamento, primeiro na Broadway, depois nos cinemas. Na versão
teatral, também era Barbra quem fazia o papel de Fanny. E, vamos combinar, não
poderia haver escolha melhor do que ela para esta personagem. Afinal, ela e
Fanny Brice têm muito em comum – não apenas a origem e o talento absurdo, mas o
fato de ambas terem quebrado padrões, imposto seu estilo e com ele ganhado o
coração do público. O final da história é surpreendente. Este drama musical
mais do que clássico nos deixa a mensagem sempre atual de que você pode ser o
que quiser, basta acreditar em si e se amar como você é, sem querer se enfiar
em rótulos de nenhum tipo. Que bom seria se a grande mídia parasse de procurar
meninas dentro de padrões gastos e irreais e fosse atrás de mais Barbras. Talento e
personalidade. É disso que o público sente falta e não sabe.
Curiosidades
▪“Funny Girl, A
Garota Genial” foi a estréia de Barbra Streisand no
cinema (já chegou chegando!)
e o primeiro musical da carreira de Omar Shariff.
▪O bordão "Hello, Gorgeous!" ("Oi, Linda"!) é considerado
uma das falas mais inesquecíveis do cinema em listas de diversas publicações
especializadas. Ao receber O Oscar de Melhor Atriz, a primeira coisa que Barbra
Streisand disse foi "Hello,
Gorgeous!".
▪As canções que foram sucessos da verdadeira Fanny
Brice, e que Barbra Streisand regravou para o filme e tornou sucesso
novamente, são My Man, I’d rather be blue
over you e Second
Hand Rose.
▪No filme há uma cena
em que Barbra aparece vestida
de criança, parecendo uma figura do seriado “Chaves”. Aquela
personagem é Baby Snooks,
uma menininha chata e mimada que foi um dos papéis mais conhecidos de Fanny
Brice. Quando Baby Snooks foi criada e lançada, Fanny Brice já tinha 45 anos de idade. Conta a lenda
que até no rádio Fanny se caracterizava de menininha para interpretar Baby,
pois acreditava que isso dava mais realismo à sua atuação.
▪Recentemente, “Funny Girl, A Garota Genial” foi homenageado na série “Glee”, o que fez com
que uma nova geração se interessasse pelo filme e pela obra de Barbra
Streisand. https://www.youtube.com/watch?v=7yE1j9U6MVE Adoro
quando coisas assim acontecem!
EXTRAS: Interessantes, mas nenhum traduzido (pôxa, o que é que custa legendar os extras em
português?). Tem dois minidocumentários
sobre a produção do filme, com visitas aos locais onde as cenas foram gravadas
e cenas de bastidores. Clipes musicais
de seis canções para assistir separadamente. Listas com as filmografias completas de Omar Shariff, Barbra Streisand, Walter
Pidgeon e do diretor William Wyler. Trailers
de três filmes de Barbra – inexplicavelmente, nenhum deles é “Funny Girl”. Esses
três filmes, aliás (“O Espelho Tem Duas Faces”, “Nossa, Que Loucura” e “O
Príncipe das Marés”) foram lançados
em DVD no Brasil.
Sugestão minha:
bem que podiam ter colocado nos Extras um documentário, mesmo que fosse
curtinho, sobre a verdadeira Fanny Brice. Teria sido bem interessante. Mas como
o Poltrona R é o Poltrona R, eu incluí aqui um clipe da Fanny real, só pra
vocês conferirem o quanto é impecável o trabalho feito por Barbra Streisand neste filme: https://www.youtube.com/watch?v=qkOoUzNKeCs
Embalagem: Simplicíssima. Uma lenda como a Barbra merecia
mais.
Veja
o trailer do filme: https://www.youtube.com/watch?v=w5H3Z-lTtCs
Playlist desta matéria: https://www.youtube.com/playlist?list=PLyc88yygdNcAb-q9atB4upH37AvPzdVEC
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