sábado, 17 de setembro de 2016

O HOMEM QUE PROCESSOU O ZÉ COLMEIA





         Ele se acha mais esperto do que a maioria, adora se meter em confusões e fez parte da infância de muita gente, inclusive da desta que vos fala. Mas pouca gente conhece a origem desse personagem tão querido, nem a história curiosa que o envolve. Tô falando do Yogi Bear, ou, como é conhecido no Brasil e em Portugal, Zé Colmeia.



          Quem é da minha geração certamente se lembra do desenho Dom Pixote, um cachorro azul cujo bordão (“Ó querida, ó queriiiida Clementinaaaa!!!”) era tão propositalmente irritante que fazia o público rir. (https://www.youtube.com/watch?v=YxvxdStL75U) A série Dom Pixote foi criada em 1958 pela Hanna Barbera e teve sua produção patrocinada pela Kellogg’s (eles mesmos, a marca de cereais). Pois bem, o urso Zé Colmeia surgiu como um personagem secundário dos desenhos do Dom Pixote, e era para ele não ser nada além disso. 



          Porém, a resposta do público foi tão absurdamente positiva que o coadjuvante ofuscou o astro canino, e em 1961 o Zé ganhava sua própria série de desenhos, que depois daria origem a outras séries. Sem falar que ele ainda virou brinquedo, revista, e uma inimaginável quantidade de produtos, e é até hoje uma das mais clássicas e adoradas criações dos mestres William Hanna e Joseph Barbera.



          Agora vamos ao que interessa. A maioria dos personagens da Hanna Barbera (de quem todo mundo aqui sabe que eu sou fã incondicional) satirizava alguma personalidade da época em que foram criados. Grande parte deles era caricatura em forma de animal, para horror de certos intelectuais, que odeiam que se use bichos com características humanas para contar histórias para crianças. Ao criar Zé Colmeia, Hanna e Barbera se inspiraram em uma celebridade altamente popular naqueles tempos: o jogador de beisebol Yogi Berra (daí o nome original, Yogi Bear, urso Yogi, um trocadilho com o nome do atleta).


          Embora fosse um craque em seu esporte, Yogi Berra (1925-2015) celebrizou-se também por suas entrevistas absurdas, nas quais soltava pérolas como “O jogo não termina antes de acabar” e “Se você não puder imitar uma pessoa, não a copie”, ou “Metade das mentiras que me contam não é verdade”, ou ainda, “Se eu não tivesse acordado, estaria dormindo agora”. Em 1958, ele já brilhava na mídia dos EUA tanto por causa de seu talento esportivo quanto por seu talento para dizer, digamos, frases peculiares. William Hanna, Joseph Barbera e a galera toda do seu estúdio de animação bolaram um personagem que parodiava não apenas o jeitão e a personalidade do jogador, como também o seu nome: o Yogi Bear.




O fato é que o personagem explodiu, e Berra não achou a menor graça na brincadeira: irritado com a “homenagem”, processou Hanna e Barbera por difamação, e pelo quase-uso do seu nome. Acabou se dando mal: os cartunistas, acredite, alegaram que o nome e as características do personagem eram “mera coincidência”, e venceram a briga judicial. Porém, várias fontes ligadas aos estúdios HB afirmam o óbvio – o urso foi, sim, inspirado no esportista. Parece coisa de brasileiro...

Texto publicado originalmente no blog Bláh Cultural

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

ETHEL SMITH, A PIN-UP DOS TECLADOS



         Existem artistas que são vergonhosamente pouco lembrados. Vergonhosamente, eu digo, pelo talento que possuíam, pelos trabalhos inesquecíveis que fizeram, e pelas conquistas que obtiveram na carreira. Um desses artistas é a americana Ethel Smith (1902-1996). O nome pode não soar familiar para você, mas com certeza, em algum lugar da sua infância, você deve ter visto o desenho “Tempo de Melodia”, de 1948, do mestre Walt Disney. Nele há uma cena em que o Pato Donald, Zé Carioca e um pássaro doidão ficam meio chapados com uma bebida (bem forte, pelo visto), e têm um delírio coletivo no qual uma bela moça aparece tocando uma música contagiante em um órgão. Aquela moça era Ethel Smith.




Nascida Ethel Goldsmith, ela começou a tocar ainda criança. Como viajava muito, conhecia estilos musicais do mundo inteiro, mas os ritmos latinos tornaram-se sua paixão... e sua especialidade. Durante o período em que viveu na América do Sul, tornou-se craque em executar canções locais, principalmente música brasileira




Sim, o maior hit de Ethel é a sua versão de Tico-Tico No Fubá, que fez parte da trilha do maior sucesso da Sereia de Hollywood Esther Williams“Escola de Sereias”, que os mais velhinhos como eu devem se lembrar de ter visto umas 800 vezes na Sessão da Tarde Que Prestava. Nele, a própria Ethel aparece interpretando a canção, acompanhada por uma orquestra de moças, e até dando uma canja no pandeiro enquanto tocava teclado, em um número simplesmente épico.




Absurdamente talentosa, porém jovem e bonita demais para ficar escondida atrás do teclado, Ethel foi parar no cinema naturalmente, porque chamou logo a atenção dos produtores de Hollywood. Sua marca registrada eram os figurinos coloridos e chamativos, e especialmente os chapéus exóticos. Entre os trabalhos mais famosos da artista nas telas, está também o filme “Quem Manda É O Amor” (1946), no qual Ethel teve o privilégio de fazer uma participação especial. Sim, privilégio, porque este classicaço da chamada Era das Pin-Ups era estrelado por um dream team que incluía Van Johnson e as pin-up divas Esther Williams e Lucille Ball, e teve Buster Keaton como um dos diretores.




Ao todo, Ethel gravou 11 singles e 29 álbuns em sua carreira. Ela também tocava violão, e chegou a se apresentar ao vivo como violonista em seus últimos anos de vida, mas todas as suas gravações foram como organista. Foi casada duas vezes. O segundo casamento, aliás, foi com o ator Ralph Bellamy (1904-1991), e durou dois anos. Quando os dois se divorciaram, em 1947, Ethel estava no auge da fama, e o fim da união do casal chegou a ser destaque na imprensa.




Entre seus diversos trabalhos, Ethel gravou até uma música, Monkey On A String, para um programa infantil da TV americana, em 1952. Os grandinhos também gostaram da canção, que fez muito sucesso na época.




Ethel Smith “foi embora” aos 93 anos de idade, após uma vida inteira dedicada à música. Ela foi a prova viva de que beleza e talento podem andar juntos e fazer sucesso e dinheiro – sem um pingo de vulgaridade.

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Direto do You Tube - BETTE DAVIS SOLTA A VOZ

Coisas como esta não têm preço. Bette Davis, décadas depois, revive em um programa da TV americana a canção "Whatever Happened To Baby Jane?", do filme "O Que Teria Acontecido a Baby Jane?", cujo DVD eu já estou procurando faz um tempão para rever e escrever uma resenha aqui no blog. Quem achar, compre, porque é sensacional. Créditos à página Cinema Clássico, do Facebook



GIF DO DIA - 07/09/2016

Não adianta, ela continua insubstituível. Rita Hayworth em "Quando Os Deuses Amam", clássico da saudosa Sessão Da Tarde Que Valia Meu Tempo.