domingo, 23 de abril de 2017

DIRETO DO YOU TUBE – Michael Jackson aos 15 anos, no Oscar


Este vídeo é uma preciosidade. Principalmente para quem, como eu, é fã de Michael Jackson em todas as fases da vida do cantor. Em 1973 a cerimônia do Oscar teve a participação de Michael interpretando a canção “Ben”, um dos seus maiores hits. E ele foi apresentado por ninguém menos do que Charlton Heston, que o anunciou como“um quinto do Jackson Five” (pra mim ele foi muito mais do que isso desde sempre, mas...).




E você se pergunta: mas o que Michael Jackson estava fazendo na cerimônia do Oscar? É que a canção “Ben” foi tema do filme “Ben, O Rato Assassino”, de 1972, dirigido por Phil Karlson.  A história é o supra-sumo da bizarrice: um garoto carente adota um rato como bicho de estimação e dá a ele o nome de Ben, sem saber que o camundongo é o líder de um grupo de ratos assassinos e sanguinários que matam gente e deixam a cidade em pânico (puts!). Eu não encontrei o tal do filme inteiro em lugar nenhum, mas achei o trailer dele no You Tube, e estou postando o trailer aqui pra vocês. Conforme eu escrevi na matéria anterior, se tem algo que eu me recuso a fazer é comentar filmes que eu nunca assisti – porém, pelo que eu pude ver e ler sobre “Ben, O Rato Assassino”, trata-se provavelmente de um desperdício de uma música maravilhosa, que, aliás, venceu o Globo de Ouro e foi indicada ao Oscar de Melhor Canção OriginalO disco vendeu mais de um milhão de cópias na época do lançamento, e a faixa “Ben” chegou ao primeiro lugar das paradas americanas. Tomara que lancem em DVD no Brasil, para eu poder assistir e comentar aqui no Poltrona R





FONTES

GIF DO DIA - 23/04/2017


Yvonne De Carlo, na série “Os Monstros”: Vocês acham que só eu trabalho duro aqui?



quinta-feira, 20 de abril de 2017

#POLÊMICA: EXISTE SPOILER DE CLÁSSICO?



Recentemente eu estive envolvida em uma polêmica no Facebook, simplesmente por ter dito que não se deve dar spoiler de filme nenhum, mesmo quando o filme é muito famoso. Para você que ainda está se perguntando que raios essa palavra quer dizer, dar spoiler significa contar partes da história ou entregar o final de um filme ou livro para quem ainda não viu ou leu. Sabe aquele sujeito mala que senta do seu lado quando você vai ao cinema e passa o filme todo dizendo: “Tá vendo? Agora vai acontecer isso, isso e aquilo”? Ou aquele amigo que te diz: “Fui ver tal filme e adorei, pena que no final acontece tal coisa.” Sim, isso é dar spoiler. Como esse tipo de comportamento é uma das coisas que eu mais odeio no mundo, eu evito tê-lo, mesmo aqui no meu blog.



Principalmente aqui no meu blog. Escrever sobre filmes de outras épocas não significa escrever sobre coisas que todo mundo já viu, ainda mais no Brasil, onde a nossa educação é uma desgraça e onde, como eu mesma já falei aqui, não temos memória. O fato de um clássico ser um clássico não necessariamente quer dizer que a população inteira do planeta sabe (ou se lembra) da história toda e/ou de como a história termina. Eu mesma ando revendo diversas produções antigas que vi ainda criança ou adolescente na televisão, e me dei conta de que não me lembrava de como muitos deles terminavam, ou mesmo de como a trama deles se desenrolava. E como eu me recuso a escrever sobre aquilo que não lembro ou que não conheço, vou ver o filme de novo, inteiro. Isso é ótimo, uma delícia. Não apenas porque sempre fui obcecada por cinema e assisto de tudo, de todas as épocas, mas porque às vezes redescobrir um filme pode ser tão maravilhoso quanto vê-lo da primeira vez. E tirar esse prazer de outras pessoas é uma baita crueldade. Eu acho.



Por este motivo é que, ao criar meu blog, eu optei por não dar spoilers, nem dos finais e nem de partes importantes de filmes e livros. Faço isso em respeito aos meus leitores. Isso é coisa de gente estraga-prazeres. O que você acha de uma fã de cinema que escreve um blog sobre filmes (ainda que sejam filmes clássicos) estragar o prazer de outros fanáticos pela sétima arte? Ou mesmo acabar com a graça dos curiosos que jogaram o nome de alguma obra-prima do cinema no Google e caíram, por acaso, aqui no Poltrona R? Pense: vocês acham que essa pessoa, que certamente vai procurar o DVD para assisti-lo, está a fim de saber antecipadamente o final da história? Eu tenho certeza que não.



Não me importa quantas pessoas debochem de mim por causa disso, ou achem que isso é frescura, ou seja lá quais forem os motivos que elas tenham para alguém não dar spoiler de clássicos. Eu não entrego final de filme nenhum aqui. Na vida real, só faço isso se me pedirem muito. Faz parte de ajudar a criar o amor pelos clássicos a atitude de despertar – e preservar – o interesse por eles. E contar como eles terminam faz com que esse interesse diminua ou simplesmente desapareça. Aliás, este é o motivo pelo qual a audiência do meu blog vem crescendo: respeito pelo meu público.
Aqui no Poltrona R sua curiosidade é respeitada. Aqui não se dá spoiler. Pode confiar.



sábado, 15 de abril de 2017

DVD – QUANTO MAIS QUENTE MELHOR




Eu já havia falado de passagem sobre “Quanto Mais Quente Melhor” faz um tempo, na matéria “Meus Cinco Filmes Clássicos Favoritos”, publicada em 16/12/2015, data em que o Poltrona R entrou no ar (Link: http://poltrona-r.blogspot.com.br/2015/12/meus-cinco-filmes-classicos-favoritos.html). Mas como saiu recentemente uma ediçãozinha bacana e barata do filme, resolvi fazer uma resenha só dele. “Quanto Mais Quente Melhor” é um clássico de 1959 dirigido por Billy Wilder, o mesmo de “Crepúsculo dos Deuses” (que eu também já comentei neste blog: http://poltrona-r.blogspot.com.br/2016/07/dvd-crepusculo-dos-deuses.html). São dois filmes completamente diferentes, o que só prova a versatilidade de Wilder. Sim, mais do que genial, ele era versátil e criativo. Em “Quanto Mais Quente Melhor” ele é diretor, produtor e co-autor do roteiro. Trata-se de uma comédia maliciosa e inteligente, feita numa época em que o mundo já começava a mudar e coisas novas estavam surgindo, inclusive no cinema. Todos os diálogos são construídos em cima do duplo sentido, recurso que pouquíssimas pessoas sabem utilizar com a inteligência e o bom gosto que se vê aqui. O trio de atores principais já vale o preço do DVD (vale bem mais, aliás) – Marilyn Monroe no auge, maravilhosa e talentosa, e, como dizia a publicidade do filme na época, “suas amigas do peito” Jack Lemmon e Tony Curtis, dois atores craques de comédia. Eles interpretam Jerry (Lemmon) e Joe (Curtis), dois músicos que, para fugir de uma encrenca com a Máfia, se disfarçam de mulheres e arranjam emprego como integrantes de uma orquestra formada só de mulheres, cuja estrela é Sugar Kane (Marilyn Monroe). Ambos enlouquecem pela loira, como era de se esperar, e competem para conquistá-la, enquanto mantêm seus disfarces. A orquestra se apresenta em um hotel de luxo na Flórida, onde milionários idosos vão tirar férias ou curtir a aposentadoria. Lá Joe finge ser um lorde inglês dono de um iate para conquistar a carente Sugar. Enquanto isso, o verdadeiro lorde, um sujeito baixinho, feio e pegajoso (vivido por Joe E. Brown, engraçadíssimo), cai de amores por Jerry, achando que ele é uma mulher. Em meio a esses rolos todos, os mafiosos continuam no encalço dos dois músicos... Outra coisa bacana é a trilha sonora de Adolph Deutsch – você deve conhecer a canção “I Wanna Be Loved By You”, um dos grandes hits de Marilyn Monroe. Aliás, só eu acho que Marilyn era subestimada como cantora? “Quanto Mais Quente Melhor” é daqueles filmes pra você ver quando estiver de mau humor. Um clássico do deboche que cutuca tabus de todos os tipos, e que causou grande impacto na época. E ainda causa impacto no público, quase seis décadas depois.





CURIOSIDADES
“Quanto Mais Quente Melhor” teve seis indicações para o Oscar, mas só levou a estatueta de Melhor Figurino Em Preto e Branco. (Uma trilha sonora daquelas ficar sem Oscar? Um elenco e um diretor daqueles saírem de mãos vazias? Definitivamente, esse pessoal da Academia não me representa.)
▪ O próprio diretor Billy Wilder considerava “Quanto Mais Quente Melhor” sua obra-prima.
▪ Acredite, quem o diretor queria para interpretar Sugar Kane era Mitzi Gaynor, e não Marilyn Monroe. Ele também queria Frank Sinatra como Daphne/Jerry. Ainda bem que nem Mitzi nem Frank toparam atuar no filme. O trio Marilyn, Lemmon e Curtis foi a escalação mais acertada que poderia haver para este clássico.
▪ Marilyn Monroe queria que “Quanto Mais Quente Melhor” fosse feito em cores. Porém, por causa da maquiagem de Tony Curtis e Jack Lemmon, que em filme colorido ficava com um tom esverdeado, o filme teve de ser gravado em preto e branco.
▪ Embora digam que a Legião da Demência, ops, Legião da Decência teria considerado “Quanto Mais Quente Melhor” indecente e “uma afronta à família”, há fontes que afirmam que a Legião apenas deu ao filme uma classificação bem mais leve, a de “moralmente questionável”.
▪ O clássico é um raro caso de produção bem recebida tanto pelo público quanto pela crítica.
▪ Quem criou os vestidos de Marilyn (e que, cá pra nós, só ela poderia usar) foi o estilista Orry-Kelly. Ele também desenhou o figurino feminino de Jack Lemmon e Tony Curtis – e foi esta, aliás, sua grande dificuldade, já que as duas “gatas” tinham formas beeem mais complicadas. A prova de seu talento foi o fato de que, durante as filmagens, Lemmon e Curtis iam ao banheiro feminino vestidos de Daphne e Josephine sem que ninguém percebesse que eles eram homens.


EXTRAS
Entrevista com Tony Curtis no restaurante onde o filme foi gravado.
“Sala Virtual de Memórias”, que é um apanhado de cenas de cada ator no filme. Vale pra ver algumas fotos coloridas de bastidores, bem divertidas. E, claro, pra curtir a trilha sonora mais um pouquinho.  
▪ Imagens do material publicado na época pela imprensa sobre o filme. Se você tem tela grande e sabe inglês, dê um pause e confira.  
▪ E, claro, o trailer original!


EMBALAGEM
▪ Capa de papelão sobre a caixinha de plástico do DVD. Dentro da caixa plástica, uma foto do filme. Legal pra quem quer guardar o filme na estante com carinho, mas sem muita pompa.
▪ O filme saiu ainda como parte da (raríssima) caixa Coleção Marilyn Monroe. E há uma versão filme + livro da série Cinemateca Veja, que hoje também não há mais quem ache.

Trailer original do filme:




FONTES

quarta-feira, 12 de abril de 2017

MEL BLANC, O HOMEM DAS MIL VOZES



          Mel Blanc. Esse nome provavelmente não ‘toca nenhum sininho’ aí dentro da sua cabeça, mas com certeza ele fez parte da sua infância – principalmente se você tem mais de 40 anos de idade. Locutor, dublador, radialista, humorista, imitador e apresentador de TV, Blanc emprestou sua voz (ou melhor, suas vozes) aos personagens de cerca de 3.000 desenhos animados. Alguns deles você certamente curtiu quando criança e curte até hoje: Frajola, Patolino, Pica-Pau, Gaguinho, Piu-Piu e Pernalonga. Ele, aliás, criou vozes para 90% dos personagens da Warner Bros.

          Melvin Jerome Blank nasceu em São Francisco, Califórnia, no dia 30 de maio de 1908. Sim, era Blank com “K”, mas ele trocou o “K” por um “C” por sugestão de um professor da escola, que lhe disse que se ele não fizesse isso, iria passar a vida sendo “um nada, um espaço em branco” (a palavra “blank” em inglês significa justamente “vazio” ou “espaço em branco”). Apaixonado por vozes e sotaques, começou a fazer imitações já aos 10 anos de idade. Estudou diversos instrumentos musicais quando ainda estava na escola. Em 1927, ele começou sua carreira no rádio, fazendo diversos personagens no programa “The Hoot Owl”, da emissora KGW. O sucesso foi tanto que em 1933, recém-casado com a única esposa, Estelle, Blanc mudou para a emissora KEX de Los Angeles para estrelar e co-apresentar um programa diário, o “Cobwebs and Nuts” com a mulher. Dois anos mais tarde ele já estava na NBC, como convidado regular do programa “The Jack Benny Show”, onde interpretava um monte de figuras criadas por ele mesmo.



          Como o cinema entrou na vida de Mel Blanc? Em 1936, ele conheceu o produtor Leon Schlesinger, que estava desenvolvendo uma série de curtas-metragens de desenho animado para serem exibidos no cinema (claro, a TV ainda não existia) para a Warner Bros. Os animadores responsáveis pelos desenhos, Frank Tashlin, Bob Clampett, Fritz Freleng e o mito Tex Avery, amaram as vozes que Blanc sabia fazer, e o contrataram. O primeiro desenho animado com voz de Mel Blanc se chama “Picador Porky” e data de 1937; nele, Blanc interpreta um touro bêbado. O desenho era do Gaguinho, personagem que ele assumiu a partir de então, substituindo Joe Dougherty, o dublador original do porquinho famoso. Em outro desenho do Gaguinho, “Porky’s Duck Hunt”, Blanc ganhou papel duplo: o do personagem principal e o do Patolino, figura que fazia sua estréia naquela animação.

          O maior sucesso, no entanto, veio em 1940, quando Mel Blanc fez pela primeira vez seu personagem mais famoso: ninguém menos que o Pernalonga, no desenho “A Wild Hare”. Foi Blanc, aliás, quem criou o célebre bordão do coelho atrevido e devorador de cenouras: “Que é que há, Velhinho?” (“What’s up, Doc?”). Sobre o charme de Pernalonga, Blanc declarou certa vez em uma entrevista: “Ele é um canalha, e é por isso que o público gosta tanto dele”.



          Mas e a polêmica sobre quem fazia a voz do Pica-Pau? Era Mel Blanc ou não era? Bem, era e não era. Quando o cartunista Walter Lantz criou o Pica-Pau, em 1940, ainda como aquele pássaro doidão e esquisito (melhor fase dele, na minha opinião), adivinhem quem ele contratou para dar voz ao personagem? Mel Blanc, é claro. Mas a parceria Blanc-Lantz durou apenas três episódios, embora a inconfundível risada gravada por Blanc tenha continuado a ser utilizada nos desenhos seguintes, simplesmente porque Lantz não conseguiu encontrar outro dublador que conseguisse reproduzí-la. E contratou, para dublar o personagem, primeiro Ben Hardaway, um dos animadores (e que, aliás, também criou o Pernalonga), e mais tarde, Grace Stafford, esposa de Lantz. O resultado? Claro, problemas na justiça. Mel Blanc acabou processando Walter Lantz por uso indevido de sua voz.



          Em 1946 ele fez sucesso no rádio novamente, aparecendo como coadjuvante em 15 programas diferentes, até ganhar seu próprio programa, “The Mel Blanc Show”, que durou apenas um ano (de 1946 a 1947). A esta altura, ele já havia aprendido a lição: proteger seus direitos como artista por meio de contratos, para que o incidente ocorrido com Walter Lantz não se repetisse. Olha ele aí num trecho de um show de stand-up ao vivo no rádio, com Kay Kaiser e a grande Lucille Ball. Detalhe: a apresentação dos humoristas foi feita para uma plateia de militares dos EUA.



          Nos anos 60 e 70, Blanc trabalhou sem parar. Fez vozes para personagens de desenhos da Hanna Barbera, como Os Flintstones (Barney), Tom & Jerry (a voz de Tom e efeitos vocais), Os Jetsons (Sr. Spacely) e até A Pantera Cor-De-Rosa.

          Um dos episódios mais bizarros da história de Mel Blanc (não, da história de Hollywood) aconteceu em janeiro de 1961, quando ele sofreu um acidente de carro que resultou em uma tripla fratura craniana. Blanc ficou em coma durante duas semanas, e os médicos tentavam, sem sucesso, se comunicar com ele chamando-o pelo nome. Certo dia, um médico teve uma ideia maluca: entrou no quarto do hospital onde o dublador estava ainda inconsciente e incomunicável, e disse: “Olá, Pernalonga, como está você hoje?”. Blanc respondeu, com a voz do coelho: “Eh, eh, estou bem, velhinho. E você, como está?”. Isso mesmo. Após cerca de 15 dias sem ter apresentado nenhum tipo de reação, finalmente Mel Blanc acordou do coma. Logo em seguida, o médico perguntou: “E você, Piu-Piu, também está aí?”. E ouviu o dublador responder, fazendo a vozinha do pássaro: “Eu acho que vi um gatinho...” Daí vem os boatos de que Mel Blanc teria múltipla personalidade, e de que esta seria a verdadeira razão do seu imenso talento. Seja como for, a vida do artista foi salva pelos seus personagens.




          Mel Blanc viveu até os 81 anos, lúcido e em plena atividade. Seu último trabalho foi em 1989, em “Jetsons, O Filme”, lançado em 1990. Embora ele fumasse muito desde os 9 anos de idade (!!!), não largou os cigarros. Faleceu de doença arterial coronária naquele mesmo ano. Em seu túmulo, está inscrita a frase: “That’s All, Folks!” (“Por hoje é só, pessoal!”), que aparecia sempre no final de cada episódio dos desenhos da Warner. E infelizmente, foi só isso, mesmo. Jamais existirá outro Mel Blanc, pessoal.




FONTES

Matéria publicada também no blog Blah Cultural https://www.blahcultural.com/mel-blanc-o-homem-das-mil-vozes/


sábado, 8 de abril de 2017

DVD – OS BRUTOS TAMBÉM AMAM


Shane
Ano de produção: 1953
Direção: George Stevens
Elenco: Alan Ladd, Jean Arthur, Van Heflin, Brandon De Wilde.
Duração: 117 min.
Colorido
Gravadora: Paramount




O título nacional é péssimo, totalmente inadequado a este clássico do faroeste que fez um sucesso enorme no início dos anos 50. Conta a história de Shane (meu xará de aniversário, Alan Ladd), um misterioso forasteiro que chega a uma região repleta de posseiros que estão em conflito com o dono da terra, Ryker (Emile Meyer). Charmoso e bom atirador, Shane faz amizade com Joe Starrett (Van Heflin), sua esposa Marian (Jean Arthur) e o filho do casal, Joey (o fofíssimo estreante Brandon De Wilde), e passa a defendê-los. O pequeno Joey, que tem uma fixação em armas e sonha em aprender a atirar, logo passa a idolatrar Shane e ver nele a figura de um herói. O bicho pega quando Ryker decide expulsar os posseiros de sua propriedade. Esta, aliás, é uma das muitas características que tornam o filme atual: ele suscita debates sobre questões como a luta pela terra. A trilha sonora composta por Victor Young é belíssima e emocionante, e reforça a dramaticidade e a tensão crescente na história. A fotografia em Technicolor é um deslumbre – o filme, aliás, foi gravado realmente no Wyoming, onde a trama se passa.  O elenco todo está bem afinado, com Alan Ladd charmosíssimo e dando show, embora no comecinho do filme sua atuação seja mais teatral do que o necessário. Brandon De Wilde é encantador, representando como se já fosse um veterano. George Stevens, o mesmo diretor de “Um Lugar Ao Sol” (1951) e “Assim Caminha A Humanidade” (1956), faz aqui um ótimo trabalho. “Os Brutos Também Amam” é o tipo do filme que vale a pena ser visto depois de décadas, e deixa reflexões como a frase dita por Shane em uma das cenas: “A arma é tão boa ou má quanto o homem que a usa.”



CURIOSIDADES
“Os Brutos Também Amam” foi o primeiro filme a ser projetado com o uso da técnica “flat widescreen”, formato inventado pela Paramount com o objetivo de oferecer ao público um panorama maior do que aquele que a televisão, a nova concorrente, era capaz de proporcionar.
▪ Acredite, o diretor George Stevens queria Katharine Hepburn para o papel de Marian, mas quem acabou interpretando a personagem foi Jean Arthur, que não fazia um filme há 5 anos. Foi o último trabalho da loira no cinema.
▪ Nos planos do diretor estavam também Montgomery Cliff como Shane e William Holden como Joe Starrett. Como nenhum dos dois atores topou trabalhar no filme, Alan Ladd e Van Heflin ficaram com os papéis. Coisa do destino ou não é?
▪ O pequeno Brandon de Wilde também pode ser visto em outro western, “O Indomado”, de 1963, cuja resenha você também encontra neste blog (Link: http://poltrona-r.blogspot.com.br/2016/06/dvd-o-indomado.html )
▪ Diversos filmes fizeram referência a “Os Brutos Também Amam”, como o ultra-recente “Logan”, onde o personagem Charles Xavier aparece assistindo ao clássico western em uma das cenas.
▪ Em 2008, o AFI (American Film Institute) citou “Os Brutos Também Amam” em 69º lugar (não ria, é sério) como um dos mais importantes filmes de “gêneros tipicamente americanos” (seja lá o que isso for) de todos os tempos. É, o AFI de vez em quando dá uma bola dentro...
▪ “Os Brutos Também Amam” ganhou o Oscar de Melhor Fotografia Colorida (100% merecido).

EXTRAS
▪ Trailer original do filme no cinema
▪ Comentários (gloriosamente LEGENDADOS!!!) do diretor George Stevens e seu colega Ivan Moffatt.
▪ É bacana comentar também a facilidade de acesso ao filme: logo que você põe o DVD no aparelho, aparece uma tela com apenas as opções “Inglês, Espanhol ou Português”. Você clica em “Português” e o clássico já começa. (Aliás, não há versão dublada, só legendada)

EMBALAGEM
▪ Simples, simples, simples – pelo menos na versão que eu tenho. O luxo maior são as ilustrações de interior do estojo. Existe também uma versão mais trabalhadinha, para colecionador, com capa de papelão sobre o estojo. A versão mais fácil de achar, porém, é a minha.

Trailer do filme:





FONTES

sábado, 1 de abril de 2017

DVD - A MALVADA



All About Eve
Ano de produção: 1950
Direção: Joseph L. Mankiewicz
Elenco: Bette Davis, Anne Baxter, George Sanders, Celeste Holm, Gary Merrill, Hugh Marlowe.
Duração:133 minutos
Preto & Branco
Gravadora: Fox Filmes



Bette Davis sendo Bette Davis, ou seja, sendo perversamente talentosa, no filme mais famoso da sua carreira. A verdadeira malvada do título em português, porém, não é ela, e sim a personagem de Anne Baxter. Anne interpreta a Eve do título original, Eve Harrington, uma mocinha aparentemente doce e bondosa que arranja um emprego de fiel escudeira da sua ídola, Margo Channing (interpretada por Bette), uma atriz temperamental, insuportável e extremamente difícil de conviver. O que Eve deseja, na realidade, é tomar o lugar de Margo – não apenas ser uma estrela nos palcos como ela, mas também viver no mundo perfeito de luxo e glamour que ela imagina ser a vida da diva. Narrado em flashback e mostrando os pontos de vista de dois personagens (que não são nem Eve, nem Margo), o filme esbanja ironia, aquela ironia deliciosa dos filmes das décadas de 1930, 1940 e 1950 (“Apertem os cintos, porque a noite vai ser turbulenta”, diz Bette Davis em uma das cenas). Uma das várias coisas que fazem com que este filme seja atemporal é a crítica ao pseudo-paraíso que é a vida das celebridades do meio artístico, e ao fato de que as mulheres (principalmente as famosas) passam a ser vergonhosamente desvalorizadas depois de certa idade. Eu não consegui assistir ao filme sem pensar diversas vezes: “Caramba, como Bette Davis era extraordinária!”. Não que Anne Baxter não fosse ótima atriz também, mas Bette era um gênio. Bastava ela entrar em cena para dominar a atenção do público. O elenco todo dá uma aula de interpretação, sob a direção competente de Mankiewicz. George Sanders também se destaca como o jornalista mau-caráter Addison De Witt, personagem favorito de Mankiewicz. A tensão da trama vai crescendo de tal forma que se torna impossível tirar os olhos da tela; ao final de cada cena, o espectador se pergunta: “O que vai acontecer agora?”. E essa é uma das minhas definições para o termo “um ótimo filme”. O final é um dos mais espetaculares que eu já vi na vida, utilizando inclusive a fotografia para criar um efeito dramático sensacional extremamente simples, mas inteligente. A própria Bette Davis considerou “A Malvada” o melhor trabalho de sua carreira. E dizem que o enredo foi baseado em fatos reais... Será? Verídica ou não, está é, como o próprio poster oficial do filme dizia, “Uma história sobre as mulheres... e seus homens”.





CURIOSIDADES
▪Ao aceitar o papel em “A Malvada”, Bette Davis tinha 41 anos de idade e era considerada “velha” e decadente. Ela concordou em ser Margo Channing no filme por ter se identificado com a personagem: uma “atriz que estava envelhecendo interpretando uma atriz que estava envelhecendo”.
▪A jovem Marilyn Monroe fez neste clássico a sua estréia, em uma participação especial como uma aspirante a atriz.
Edith Head, a famosa estilista de Hollywood, criou apenas os trajes da personagem de Bette. O resto do elenco teve seu figurino criado por Charles Le Maire.
▪O conto de Mary Orr, “The Wisdom Of Eve”, escrito em 1946, serviu de base para o roteiro, embora não apareça nos créditos.
▪Durante as gravações, Gary Merrill (que faz Bill Sampson, o namorado mais jovem de Margo) e Bette Davis se apaixonaram e acabaram se casando na vida real. O relacionamento durou exatos dez anos.
▪Quer saber se os inúmeros boatos sobre as tretas que rolaram durante as gravações de “A Malvada” são mesmo verdadeiros? Encontrei este documentário, que fala sobre o assunto. AVISO: não tem legenda. https://www.youtube.com/watch?v=a98Bcu55nAM
▪O filme levou 6 Oscars, incluindo Melhor Filme. Foi indicado a 14 estatuetas, deixando “E O Vento Levou” (que teve 13 indicações) no chinelo.

EXTRAS
▪Trailer original do filme, em boa qualidade.
▪Trailer do filme “A Luz É Para Todos”, que também faz parte da coleção de DVDs Fox Classics
▪Galeria de Elenco, que é apenas um monte de fotos dos atores com os nomes de seus personagens abaixo delas. Nem clique nas fotos achando que vão aparecer informações sobre o ator ou atriz, porque eu mesma fiz isso e me decepcionei – não aparece nada.

EMBALAGEM
Básica, pelo menos na versão que eu tenho. Há outros lançamentos do filme: uma em DVD duplo com “Tarde Demais Para Esquecer”, outra como parte da série Livro + DVD “Cinemateca Veja”, e ainda como parte do box “Coleção Clássicos”, que também inclui “Como Era Verde O Meu Vale”, “Tarde Demais Para Esquecer” e “A Luz É Para Todos”. A única versão que eu encontrei disponível, porém, é a mais simplezinha, que vem apenas com o filme e nenhum adicional (nem poster, nem foto, nem nada).  

Como aperitivo, curta aqui o trailer do filme: