terça-feira, 22 de dezembro de 2020

FELIZ NATAL, LEITORES!!!

Este foi o ano mais esquisito de todos os tempos. Estou anunciando que durante o Natal estarei de férias e não farei publicações. Que venha 2021, lotado de esperança e de coisas boas! Abraços e muita gratidão por vocês terem me apoiado nessa minha retomada do blog. Que Deus abençoe muito a vida de cada um de vocês. Tenha um Feliz Natal, seja qual for a sua crença. #PazNoMundo

 




quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

Direto do You Tube – O REENCONTRO INESQUECÍVEL DE DEAN MARTIN E JERRY LEWIS

 


    Assíduos frequentadores da “Sessão da Tarde” da Rede Globo nos anos 80 e musos das telas grandes na década de 1950, Dean Martin e Jerry Lewis formaram uma dupla de comediantes que inspira muita gente até hoje. Com um humor pastelão-raiz, eles se complementavam: Jerry era o bobo alegre atrapalhado, e Dean o amigo galã e pegador (Realista! Afinal, qual bobo alegre nunca teve um amigo galã pegador, e vice-versa?). Os dois começaram a trabalhar juntos, acredite, em 1946, em uma casa noturna. Estrearam no cinema em 1949, ano em que, pelas mãos de Hal Wallis – ninguém menos que o produtor dos filmes de Elvis Presley – ganharam papéis especiais no filme “My Friend Irma” (https://pt.wikipedia.org/wiki/My_Friend_Irma). A partir daí, foi um sucesso atrás do outro: “O Palhaço do Batalhão” (1950), “O Rei do Laço” (1956), “Ou Vai Ou Racha” (também de 1956), são títulos que estão no coração dos cinéfilos de verdade. Os filmes não impediram Jerry e Dean de continuar rodando os EUA com seus shows, sempre lotados. Como se fosse pouco, no auge do sucesso os dois comediantes ganharam até um seriado na TV, “The Colgate Comedy Hour”, patrocinado (isso mesmo) pela famosa pasta de dentes. Olha aqui um episódio: https://www.youtube.com/watch?v=4T5HpN8B2Qo






    Nem tudo, entretanto, foram flores. Justamente no momento em que a popularidade de Martin e Lewis atingiu o ápice, começaram as tretas. Os motivos são polêmicos até hoje. Tem gente que diz que era ego (um com inveja do outro), outros afirmam que era dinheiro (eles ganharam muita grana juntos), mas, durante uma entrevista reveladora feita no ano de 2005 (https://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq0111200527.htm), Jerry Lewis contou algo inusitado: ele, na verdade, sentia culpa porque Dean Martin não teve o reconhecimento que merecia. Segundo ele, Dean nunca teve um ego grande, apenas ficava chateado de vez em quando. Era Jerry quem se incomodava porque o amigo era visto como “canastrão” e “artista fabricado”, coisas que, na opinião desta autora, Dean Martin jamais foi.




    No auge da celeuma, em 1955, com o povo especulando se Dean e Lewis estavam se estranhando por causa de inveja ou de grana (ou das duas coisas), a dupla garantiu ao público que os boatos sobre separação eram mentira, e fez isso cantando o clássico “Side By Side” , música que estourou na época e é interpretada até hoje por humoristas de stand-up lá fora (https://www.atribuna.com.br/2.713/jerry-lewis-foi-um-g%C3%AAnio-desprezado-nos-eua-afirma-cr%C3%ADtico-1.31805).

    Tudo teatro. Martin e Lewis só se falavam durante as gravações dos filmes. Fora isso, não trocavam uma palavra. O rompimento definitivo veio em 1956. A partir daí, cada um seguiu seu caminho – Jerry como comediante e diretor de jóias como a primeira versão de “O Professor Aloprado” (1963), e Dean como cantor e ator. Raramente, praticamente nunca, se viam.



    Em 1976, porém, Frank Sinatra armou um reencontro-surpresa entre Dean Martin e Jerry Lewis durante o programa “Telethon”, criado e apresentado pelo próprio Jerry (e que ganhou um remake aqui no Brasil). Na ocasião, fazia 20 anos que a parceria Martin-Lewis havia terminado. Sinatra, amigo em comum, tinha ido participar do programa como uma das atrações. O resto eu não vou contar, porque não dou spoilers. O vídeo deste momento tão importante na carreira do "Amore" e do eterno palhaço está aí abaixo pra vocês conferirem - com direito a um musical de Sinatra e Dean Martin no final. Realmente, é de arrepiar. Veja!  




FONTES 

https://pt.wikipedia.org/wiki/Martin_%26_Lewis

https://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq0111200527.htm

https://cinemaclassico.com/curiosidades/os-ultimos-dias-de-dean-martin/

http://www.planetatela.com.br/critica/jerry-lewis-e-dean-martin-em-sessao-dupla-de-dvd/

https://pt.interestrip.com/why-dean-martin-and-jerry-lewis-split-up

https://www.atribuna.com.br/2.713/jerry-lewis-foi-um-g%C3%AAnio-desprezado-nos-eua-afirma-cr%C3%ADtico-1.31805

https://www.theguardian.com/film/2017/aug/20/jerry-lewis-obituary

 

LINK ALTERNATIVO

Vídeo do reencontro (sem legendas): https://www.youtube.com/watch?v=RRq2ed1fK2k


quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

GIF DO DIA – 09/12/2020


“Eu sou grande. Os filmes é que ficaram pequenos!” A MONSTRUOSA Gloria Swanson em “Crepúsculo dos Deuses” (que eu, aliás, já resenhei neste blog https://poltrona-r.blogspot.com/2016/07/dvd-crepusculo-dos-deuses.html)

O texto dessa semana vai demorar, mas vai sair, viu?




terça-feira, 1 de dezembro de 2020

A ERA DE OURO DOS HITS-CHICLETE NA PROPAGANDA



Washington Olivetto, um cara que eu admiro muito, tem uma frase certeira: “O segredo do sucesso de uma boa publicidade é transformar o consumidor em mídia”. Ou seja, criar canções e bordões que façam sucesso com o grande público e entrem para a cultura pop. “É uma propaganda gratuita, em que todo mundo acredita”, diz o publicitário , responsável por obras de arte como o arrepiante comercial da Folha de São Paulo que tinha a imagem de Adolf Hitler e que propunha uma reflexão sobre os métodos da imprensa para transmitir notícias. (O comercial foi premiado e era este aqui: https://acontecendoaqui.com.br/propaganda/comercial-hitler-e-um-dos-100-melhores-comerciais-de-todos-os-tempos).

Mas como o papo aqui é cultura pop, esses dias eu estava inspirada e me peguei cantando umas musiquinhas de comerciais antigos, todos eles do meu tempo de menina. Era uma época em que as agências de publicidade entendiam a eficácia de jingles bem-feitos e irresistíveis, que a gente saía cantando simplesmente porque não conseguia tirar da cabeça. Essa tendência sempre existiu, mas explodiu nos anos 70 e 80. Foi a era dourada daquilo que eu chamo de pop chiclete publicitário, ou seja, canções que viraram hits instantâneos e que, como sabiamente disse o Olivetto, faziam com que todo mundo virasse garoto-propaganda involuntário das marcas anunciadas.



Você com certeza já ouviu o termo “boomer”. Nos EUA e Europa, ele é utilizado para designar aquela geração que nasceu após o fim da Segunda Guerra Mundial, pois nessa época houve o chamado “baby boom” (muitas crianças nascendo muita gente tendo filhos). No Brasil, o termo “boomer” é sinônimo de outra geração: a que veio ao mundo nos anos 70, principalmente na primeira metade da década, ou seja, entre 1970 e 1974 (tipo eu). Foi nesse período que a explosão de natalidade aconteceu no nosso país, graças ao chamado “Milagre Econômico”. O que isso tem a ver? Tudo. Nos anos 70 e 80, as agências de publicidade sabiam que, sendo então as crianças a maioria da população, era a elas que as propagandas tinham que ser direcionadas – afinal, a molecadinha tinha influência sobre as decisões de compra dos pais.

Pra não perder a inspiração, corri pro computador e fiz essa matéria. Ranqueei alguns dos hits mais bacanas (e claro, mais pegajosos) daquela época. São anúncios que ficaram no ar durante anos, simplesmente porque o público (crianças, em especial) os adorava. Algumas dessas marcas nem existem mais, eu acho. Mesmo assim, não estranhe se você se pegar cantando uma dessas gloriosas canções pop feitas pra vender de balas saborosas a veneno de barata. Quem tá na casa dos 45 a 55 anos de idade, então, pode preparar o lencinho. Uma chuva de ciscos vai cair nos olhinhos de vocês...

 

8 - “Primavera, Papel, Primavera” (PRIMAVERA, Anos 70)

A marca de papel higiênico tornou-se nacionalmente conhecida em meados da década de 70. Existe a piada até hoje de que Primavera é o papel que "limpa, lixa e dá acabamento” (entendedores entenderão). Chacotas à parte, o papel rosinha e áspero (uiiiii) teve sua popularidade turbinada graças não apenas a este comercial e sua trilha sonora, mas à personagem apresentada nele, a Menina Primavera. Junte tudo isso ao fato de a propaganda ser um desenho animado, e pronto: as crianças começaram a encher a paciência dos pais para que eles comprassem papel higiênico da marca Primavera. Curiosidade: quem deu voz à Menina Primavera foi Sarah Regina, que gravou em português diversas aberturas de animações famosas, como “Sailor Moon” (https://www.youtube.com/watch?v=-IRzh9GtNyg)

 



7 – “Solte-se, Liberte-se” (REXONA, 1976)

O jingle tocou no rádio e em comerciais de televisão. O mote da campanha publicitaria era mostrar que o Desodorante Rexona dava liberdade para o consumidor fazer o que quisesse sem se preocupar com aquele famoso cheirinho embaixo do braço... O criador da canção foi ninguém menos que Edgard Poças, compositor de vários hits do inesquecível grupo infantil Balão Mágico (https://pt.wikipedia.org/wiki/Turma_do_Bal%C3%A3o_M%C3%A1gico) Ou seja, não foi só com o famoso conjunto da cantora Simony que Poças fez parte da nossa infância...




6 – “Coca-Cola, Abra Um Sorriso” (COCA-COLA, 1980)

Tendo nosso eterno “professor” Chico Anysio como astro, a campanha publicitária iniciada em 1980 para o refrigerante mais famoso do mundo ganhou uma fatia inesperada do público: as crianças. Lembro que a gente cantava essa música no recreio da escola e criou até coreografia pra ela. Se a molecada já gostava de Coca-Cola, imaginem depois disso... Nossos pais é que devem ter ficado de cabelo em pé!


 

5 – “Café Seleto” (SELETO, 1974)

Outro hit que já nasceu clássico. A propaganda que celebrizou a tradicional marca de café mostrava crianças em um sítio, em meio à natureza – a perfeita definição de paraíso, principalmente para nós, a molecada da cidade. O jingle inesquecível foi criado em 1974 (como diria Marcelo D2, o ano em que "o mundo começou, pelo menos pra mim”). Foi tamanho o sucesso que a musiquinha foi reutilizada durante muitos anos. E, claro, o anúncio ainda teve um efeito colateral educativo: muitos meninos e meninas criaram o hábito de “levantar, tomar aquele banho e escovar os dentinhos” graças a este grude clássico. Bons tempos aqueles.

 



4 – “DD Drin” (DD DRIN, 1976)

Com um ritmo contagiante, este clássico absoluto ficou no ar por cerca de uma década. O iêiêiê mata-barata tinha como objetivo promover a empresa de dedetização DD Drin. Um detalhe inacreditável: a DD Drin existe desde 1957 (!!!), mas atingiu o auge da popularidade nas décadas de 70 e 80, graças (adivinhem) aos insetos cantantes e dançantes desta animação feita por Ely Barbosa, irmão do escritor Benedito Ruy Barbosa (ele mesmo, o autor de novelas da Rede Globo). Não posso me esquecer da importância histórica que o famoso comercial da DD Drin teve: a estréia dele ocorreu bem na época em que praticamente toda a programação da TV brasileira era em preto e branco. Reparem que os insetos de rosto pintado que aparecem no vídeo são uma referência à mitológica banda Secos e Molhados, que tinha Ney Matogrosso como vocalista. https://www.youtube.com/watch?v=vDvjecJOpa4 

 


3 – “Um Banho De Alegria Num Mundo de Água Quente” (DUCHAS CORONA, 1972)

A série de anúncios para o inovador fabricante de chuveiros começou em 1972, com o jingle de campanha. O primeiro comercial foi uma pérola filmada na Cachoeira do Prumirim em Ubatuba, SP. Transmitia a ideia de que um banho revigorante deixa as pessoas mais felizes (e não é bem verdade?). O hit das duchas Corona é um filho de muitos pais. Quando a marca de chuveiros decidiu lançar no mercado nacional as primeiras duchas feitas de plástico, encomendou um comercial, e o projeto caiu no colo do compositor Francisco Monteiro, mais conhecido como Francis Monte. Ele foi descoberto enquanto tocava em uma casa de shows, pelo produtor José Mário. Os dois bolaram o jingle e, logo em seguida, o apresentaram à equipe da agência de publicidade, que rejeitou a composição, dizendo que o objetivo do projeto de marketing da Corona era “vender chuveiros, e não sabonetes”. Confiando no próprio taco, Francis gravou a canção em uma fita K7 e a entregou diretamente a Amílcar Yamin, o proprietário da empresa Corona. Amílcar se apaixonou na hora pelo jingle. Resultado: “Um Banho de Alegria Num Mundo de Água Quente” estourou no Brasil inteiro e foi adotada como trilha oficial da publicidade das Duchas Corona durante 12 anos. Um banho de competência!

 


2 – “Roda, Roda, Baleiro” (BALAS KIDS, 1978)

Fiquei surpresa ao saber a data em que o jingle das famosas e deliciosas balas de leite Kids foi produzido: 1978. Sim, porque a música foi um sucesso colossal na primeira metade dos anos 80, e é praticamente um símbolo daquela época pra mim. Tão doce, gostoso e grudento quanto o produto que anunciava, este hino tem uma história bastante curiosa. É comum o compositor de uma canção gravar uma demo da música apenas com sua própria voz e uma base instrumental, geralmente um piano ou um violão, para enviar à gravadora, à agência de propaganda ou a quem quer que tenha feito a encomenda da obra para ele. Foi o que fez Renato Teixeira, autor de clássicos da MPB como “Romaria”, de Elis Regina (https://www.youtube.com/watch?v=2r3RgH5LcYE). Ele enviou despretensiosamente uma versão de “Roda Baleiro” apenas com seu vocal e um violão para os proprietários da Kids verem se gostavam. Os donos da marca de bala mais gostosa do planeta se apaixonaram tanto por aquela canção que quiseram que a versão acústica mesmo, na interpretação do meu xará, fosse utilizada no comercial. Rever o anúncio da Bala de Leite Kids décadas depois é de arrepiar. Aquele baleiro realmente existia nos balcões das lojas e mercearias da década de 80, e foi símbolo de uma infância que as gerações posteriores nunca conheceram e, pelo visto, as futuras gerações jamais conhecerão. Era uma brincadeira divertida “girar o baleiro” para ver qual cor e variedade de bala ia estar na nossa frente, para a gente abrir a tampa e pegar – como se fosse um “Roda-Roda Jequiti” das guloseimas. Para os que não viveram a época e querem entender melhor como esse jogo funcionava, basta assistir ao comercial, que retrata tão bem esse momento de diversão com as coisas mais simples.  

 

 

1. “Groselha Vitaminada Iahuuu” (GROSELHA MILANI, 1978)

A Milani foi fundada em 1955 e introduziu no Brasil uma bebida que já era sensação lá fora: o xarope de groselha (o nome é feio, mas é esse mesmo). O sucesso do produto foi incrível nas festas infantis, o que levou a empresa a lançar mais uma novidade, chamada sacolé. Eram os hoje conhecidos saquinhos de plástico cilíndricos com groselha congelada como se fosse sorvete. Era 1978 quando a Milani, investindo ainda mais na criançada, soltou este anúncio tão divertido que chegava a ser covardia. Um desenho animado com uma bolinha cor-de-rosa que mostrava como a groselha era um produto prático e gostoso. O comercial foi um hit tão avassalador que seu uso durou 10 anos. Curiosidade pra destruir suas ilusões de infância: o cantor Zelão, que interpretava o jingle da Groselha Vitaminada Milani, possuía uma voz bem grossa. Para que no ela soasse fina, aguda e infantil, bem adequada à bolinha-personagem, a canção teve de ser gravada com velocidade acelerada. Iahuuuu!




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FONTES

 

https://www.portalodia.com/noticias/piaui/o-sucesso-e-transformar-o-consumidor-em-midia-diz-washington-olivetto-106863.html

https://acontecendoaqui.com.br/propaganda/comercial-hitler-e-um-dos-100-melhores-comerciais-de-todos-os-tempos

https://acontecendoaqui.com.br/propaganda/comercial-hitler-e-um-dos-100-melhores-comerciais-de-todos-os-tempos

https://www.propagandashistoricas.com.br/2014/09/papel-higienico-primavera-anos-70.html

https://www.infantv.com.br/primavera.htm

http://www.edgardpocas.com.br/category/jingles-trilhas-campanhas-fotos-filmes-historias/jingles/

https://www.propagandashistoricas.com.br/2014/01/dddrin-1976.html

https://memorialdoconsumo.espm.edu.br/duchas-corona-da-banho-de-alegria-num-mundo-de-agua-quente/

https://www.atribuna.com.br/2.713/livro-revela-os-bastidores-de-jingles-memor%C3%A1veis-1.42664

https://muzeez.com.br/historias/groselha-vitaminada-milani/8ycQiqoZSxMR7G7jo

https://www.guiadoscuriosos.com.br/jingles/a-historia-e-o-jingle-da-groselha-vitaminada-milani/

https://clubedojingle.com/video/groselha-vitaminada-milani/

https://www.sinergiapublicidade.com.br/5-comerciais-antigos-que-mostram-como-a-publicidade-na-tv-evoluiu/

 

 

 

 

 

 

 

 

terça-feira, 24 de novembro de 2020

VOCÊ AMA STAR TREK? AGRADEÇA A LUCILLE BALL!





    Sou uma fã gigantesca de Lucille Ball desde criança, e tenho um grande respeito por “Star Trek” e a importância da franquia para a cultura pop. Inclusive, já escancarei minha adoração por Tia Lucy neste blog (https://poltrona-r.blogspot.com/2016/08/meus-15-momentos-preferidos-de-lucille.html), embora não tenha passado o pano para os defeitos dela (https://poltrona-r.blogspot.com/2017/09/mexe-com-quem-ta-quieto-as-nao-poucas.html). Por isso, ao ler sobre ela para fazer um texto (outro texto, que nada tem a ver com esta matéria), uma passagem da vida dessa mulher essencial não apenas para o humor, mas para a história do cinema, me chamou a atenção.

    Primeira mulher diretora de televisão, Lucille Ball criou em 1950 a Desilu Productions, em parceria com o então marido Desi Arnaz. Ao fundarem a própria empresa, o casal tinha a única intenção de produzir seu projeto, pois ele havia sido recusado por todos os estúdios de cinema e TV. Tratava-se de uma inovação, um teatro filmado que teria um episódio diferente a cada semana. Lucille e Desi seriam os atores principais, e não era só. Ele também seria o diretor e ela, vice-diretora. O nome do projeto? “I Love Lucy”.

 


    Como eu acredito que todo mundo aqui já saiba, o seriado pioneiro lançado em 1951 virou febre nacional e, anos depois, mundial. Lucille se consagrou como maior comediante feminina de todos os tempos e Desi ganhou respeito não só como músico e ator, mas também como diretor. Nada bobos, os dois partiram para a expansão de seus negócios – em todos os sentidos. Compraram um estúdio maior e sofisticaram a produção de “I Love Lucy”.

    Em 1960, porém, a dupla de artistas se divorciou. Desi jogou a toalha como diretor da Desilu Productions. Para não deixar a peteca cair, Tia Lucy comprou a parte dele na Desilu e assumiu ela mesma o posto. Vale lembrar que quando fundaram a empresa, Lucille Ball e Desi Arnaz não entendiam absolutamente nada de negócios. Aprenderam tudo na raça, administrando a própria empresa. Resultado: viraram empresários de sucesso. Principalmente Tia Lucy que, ao se ver sozinha, mostrou ainda mais o seu valor e abriu caminho para a mulherada num ambiente machista como a direção de televisão. Anos depois, ela confessaria: “Tudo que sei, aprendi com Desi”. Um gesto de humildade surpreendente da parte da mulher mais talentosa da História da mídia mundial.

  


    Em 1964Lucille Ball era não apenas umsucesso como humorista e estrela de sua própria série, mas também como diretora e produtora televisiva. Seu estúdio, aliás, era o único que realmente dava lucro. Buscando dar uma diversificada nas produções, Lucille pediu que o seu então braço direito Herbert Solow saísse à cata de ideias bacanas e originais. Ele voltou com dois projetos: um era “Missão Impossível”, e o outro uma série futurista criada por Gene Rodenberry, chamada “Star Trek”.

    Quando leu a sinopse de “Star Trek”, Tia Lucy ficou praticamente obcecada. Certa de que a série com temática espacial iria estourar, ela levou o projeto à diretoria da CBS, um dos canais de televisão onde as produções da Desilu eram exibidas. Os diretores da emissora se recusaram a tirar “Star Trek” do papel, pois, segundo eles, ficaria muito caro produzir a série. Lucille não desanimou: bateu na porta da NBC, que cogitou botar o projeto em prática.  cogitou. Primeiro porque ficção científica era algo que a NBC não possuía em sua grade de programação; segundo, porque os diretores da emissora consideraram a série muito “cabeça”; e terceiro, porque (adivinhem!) o orçamento era alto demais.

 




    Nem assim Lucille Ball se deixou abalar: propôs arcar com boa parte dos custos de produção. Porém, o episódio-piloto, “The Cage”, lançado no início de 1965, foi mal recebido pelo público. Tia Lucy acreditava tanto em “Star Trek” que conseguiu dobrar os diretores da NBC e fez com que a emissora encomendasse um segundo episódio, que também teria parte da produção bancada pela Desilu. Resultado: a humorista saiu ainda mais vitoriosa, porque o segundo episódio – aquele que apresenta William Shatner como o Capitão Kirk – teve bem mais audiência e a série-fenômeno passou a fazer parte da programação da NBC, que a produziu em parceria com a Desilu de 1966 até 1967, ano em que Lucille vendeu sua produtora à Paramount Pictures. Sem a Desilu e sem Tia Lucy, “Star Trek” continuou no ar sob nova direção – literalmente. A saga original teve 79 episódios ao todo, e depois saiu do ar.

    Nos anos seguintes, vieram remakes, filmes, novas versões e novas gerações. Livros, revistas, bonecos, camisetas. Sem falar nos DVDs e Blu-Rays. “Star Trek” se tornou uma franquia poderosa, uma das mais lucrativas da História de Hollywood segundo a revista norte-americana Forbes (https://www.forbes.com/sites/quora/2016/07/28/theres-a-reason-why-star-trek-remains-so-popular/?sh=f6a60ad1dc39). Em 50 anos, mais de 700 episódios e 13 filmes da saga foram feitos. É possível assistir a horas e horas de ‘produtos’ da franquia “Star Trek” sem ver nada repetido!

 



    A visão otimista de futuro que a série transmite se baseia na crença que Gene Roddenberry possuía no ser humano perfeito e num futuro onde tudo daria certo. Isso explica o sucesso da trama entre os adolescentes e os jovens adultos. A razão da continuidade e impecável da franquia “Star Trek” é a competência dos produtores em escalar um elenco perfeito e contratar roteiristas craques em seu ofício – dessa forma, a coerência da série foi mantida. E a visão de diversidade – vários personagens diferentes trabalhando juntos – trouxe fãs de todas as cores, raças e gêneros. A diva Whoopi Goldberg, por exemplo, confessou ser fã da série porque a personagem da atriz Nichelle Nichols (que era afrodescendente) a fazia acreditar que mulheres negras seriam parte do futuro. Aliás, quando Nichelle pensou em abandonar a série, ninguém menos que Martin Luther King a convenceu a não fazer isso. “Sua personagem é um símbolo de esperança na igualdade”, teria dito o ativista político e líder da luta contra o racismo.

   Muitos fãs se referem a Lucille Ball como a “madrinha” ou até “mãe” de “Star Trek”. Muitos deles também têm grande admiração pelo trabalho dela como comediante. Não dá pra negar que Tia Lucy tinha visão de futuro – em todos os sentidos. Prova disso é que ela nunca se interessou muito por ficção científica, mas acreditou no projeto porque soube captar o espírito dele, coisa que os diretores das emissoras tinham dificuldade de fazer. Além de parte indispensável da mitologia hollywoodiana, “Star Trek” é uma página a mais na história de uma mulher que audaciosamente foi onde nenhuma mulher jamais esteve. 




 

FONTES

https://www.huffpostbrasil.com/entry/lucille-ball-star-trek-surprising-celebrity-producers_n_3756120?ri18n=true

http://www.thoughtsfromatvgeek.com/2013/09/star-trek-fans-owe-it-all-to-lucille.html

http://www.adorocinema.com/noticias/series/noticia-122814/

https://intl.startrek.com/news/how-lucille-ball-helped-star-trek-become-a-cultural-icon

https://www.terra.com.br/diversao/cinema/voce-sabia-que-lucille-ball-salvou-star-trek,c37536dea74e85cff4500859f742ce57u215u0mz.html

https://ew.com/article/2016/07/08/lucille-ball-star-trek/

https://memory-alpha.fandom.com/wiki/Lucille_Ball

https://www.businessinsider.com/lucille-ball-is-the-reason-we-have-star-trek-heres-what-happened-2016-7

https://www.wearethemighty.com/mighty-movies/star-trek/

https://www.cheatsheet.com/entertainment/lucille-ball-overruled-her-board-of-directors-to-get-star-trek-produced.html/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Desilu_Productions

https://en.wikipedia.org/wiki/Lucille_Ball#I_Love_Lucy_and_Desi

 

 

 


segunda-feira, 23 de novembro de 2020

GIF DO DIA – 23/11/2020

Para alegrar um pouco seu dia, a dancinha de Marilyn Monroe em “Os Homens Preferem As Loiras”, filme de 1953 que inspirou o clipe da música “Material Girl”, hit maior de Madonna em 1984 (https://www.youtube.com/watch?v=6p-lDYPR2P8).



terça-feira, 17 de novembro de 2020

A HOLLYWOOD CLÁSSICA EM VERSÃO LEGO


Ontem, fuçando no Google em busca de inspiração para o texto da semana, eu me deparei com isso. Minha reação inicial foi de espanto, mas acabei dando boas risadas. A notícia é velha, mas me impressionou tanto que eu decidi compartilhar.

Em 2018, uma artesã conhecida como Trixxbrixx (foto acima) recriou, utilizando peças de Lego, o que seria um estúdio de cinema da antiga Hollywood. Batizado de Hollywood Brictures, um trocadilho com os termos “brick” (tijolo em inglês) e “pictures” (filmes), o projeto reproduz com incrível fidelidade o que teria sido uma MGM, uma Warner, uma Columbia ou qualquer outra fábrica de sonhos da Meca do Cinema seis, sete ou até oito décadas atrás. O estúdio fictício possui sets de filmagem, sala de edição e montagem dos filmes, departamento de arte, escritório do diretor e até um depósito de objetos de cena. É de impressionar até onde a imaginação de uma cinéfila apaixonada (dessa vez estou falando dela, e não de mim) pode chegar:


Vista aérea do estúdio:


Parece um antigo casarão da Califórnia convertido em imóvel comercial e adaptado para a produção de filmes. Diversos estúdios de Hollywood, na época em que o cinema ainda era uma arte nova e recente, começaram assim. Um belo exemplo foi o Charles Chaplin Studio (https://en.wikipedia.org/wiki/Jim_Henson_Company_Lot), que hoje abriga a Jim Henson Company, fundada por Jim Henson, o criador dos Muppets (LINK).



Pátio:


Quem já viu fotos antigas de estúdios de cinema com certeza já reparou que a maioria deles possuía jardim com fonte, canteiros de flores e algumas árvores fazendo sombra para amenizar o sol californiano. Tudo numa arquitetura típica do sul dos Estados Unidos, que possui forte influência espanhola.



Departamento de Arte (Sala 1):


Walt Disney e Walter Lantz (https://poltrona-r.blogspot.com/2016/10/walt-disney-versus-walter-lantz-tinha.html) com certeza trabalhavam numa sala bem parecida com essa. Em cima da mesa vê-se o que parece ser uma sequência desenhada para algum filme de animação. Pincel, latas de tinta e um esboço de créditos de abertura de alguma superprodução nos dão a ideia de como se trabalhava antes da computação gráfica tomar conta da indústria do entretenimento: tudo feito à mão, do começo ao fim. É, dava trabalho, mesmo.



Depósito de Objetos de Cena:


É o “cômodo” mais curioso do estúdio. Nele se vê bananas de dinamite (cenográficas, é claro), uma cabeça de robô, armas de mentirinha, peruca estilo Elvis Presley e um peixe falso. Diretores, produtores e atores de “trash movies” deviam frequentar muito essa sala.



Escritório do Chefe do Estúdio:


Escrivaninha suntuosa com uma cadeira que mais parece um trono, prateleira cheia de Oscars e outros prêmios da indústria do cinema, uma estrela da calçada da fama pendurada na parede, e uma mesa de canto com bule de café, garrafa de whisky e balde de gelo. Sobre a escrivaninha há uma luminária, um envelope grande, daqueles de carta, e um livro que o chefão do estúdio provavelmente está lendo para ver se vale a pena comprar os direitos e transformar numa superprodução. Não é nada difícil imaginar um Jack Warner, um Louis B. Mayer ou um Harry Cohn sentado neste escritório, dando murros na escrivaninha e esbravejando contra algum subordinado. Dá até medo.



Departamento de Edição:


Tesoura, rolos de filme, moviolas e pedaços de fita de celuloide – tudo isso nos dá mais um motivo para admirar – ou, pelo menos, respeitar – os pioneiros do cinema. O trabalho dos caras era artesanal do começo ao fim. Nesta sala onde os filmes eram editados, vemos uma mesa de montagem, uma lata de lixo no chão para jogar os trechos filmados não aproveitáveis e até um relógio de parede marcando quinze para meio-dia. Pelo visto, estava quase na hora do almoço dos editores!



Departamento de Arte (Sala 2):


Tudo indica que esta segunda ala do departamento de arte era mais dedicada à cenografia. Há uma prancheta de desenhista, com pincel e latas de tinta sobre um gaveteiro, e o supra-sumo da viajada: uma maquete de casa sobre uma prateleira. Há também um quadro (provavelmente mera decoração) e um mapa-múndi na parede. Luminárias de mesa e no teto tornavam o ambiente mais claro e melhor para os artistas dos bastidores criarem.



Sets de Filmagem:


Tudo leva a crer que a Hollywood Brictures está produzindo um faroeste: veja os cenários das gravações. Tem um saloon e até uma cadeia! Algo curioso é que no canto direito existe uma tela pintada com um céu azul com duas nuvens e o sol, com certeza para servir de cenário, naqueles tempos remotos em que nem mesmo o Chroma Key (https://pt.wikipedia.org/wiki/Chroma_key) havia sido inventado.

 


Filmes de Brinquedo


Logicamente, vendo esse tipo de coisa, qualquer pessoa fanática por cinema e/ou por História já começa a imaginar e inventar histórias. A autora do Hollywood Bricktures não incluiu personagens na sua impressionante obra, mas em 2014, o jovem legomaníaco Morgan Spence nos deu um gostinho de como seriam certos atores clássicos em versão Lego ao recriar cenas de alguns dos filmes famosos deles usando o famoso brinquedo. Detalhe: o rapaz tinha apenas 15 anos quando elaborou as pérolas que você verá agora.


Luzes da Cidade (1931)




Aconteceu Naquela Noite (1934)




O Mágico de Oz (1939)






E O Vento Levou (1939)




Casablanca (1942)





Cantando Na Chuva (1952)




Psicose (1969)




Bonequinha de Luxo (1961)





O Poderoso Chefão (1972)






O Iluminado (1980)






Protesto Irreverente


Como se não bastasse, já fizeram até uma réplica do Oscar em Lego. Inconformado por ter sido deixado de fora da maior premiação da indústria do cinema, Phil Lord, o diretor de “Uma Aventura Lego” (filme de 2014) protestou construindo sua própria estatueta utilizando o famoso jogo de montar.




Ele fez escola. No ano seguinte, o lego-artista Nathan Sewaya confeccionou várias réplicas desse Oscar alternativo para distribuir para as celebridades durante a cerimônia de entrega do prêmio. Cada estatueta foi feita com 500 peças de Lego. E não é que o Oscar de brinquedo passou a ser mais disputado que o verdadeiro? Julianne Moore e Emma Stone que o digam!


 

FONTES

https://www.reddit.com/r/lego/comments/8dzyuk/classic_hollywood_film_studio_modular_moc_wip/

https://imgur.com/a/nmPfOf3

https://www.brothers-brick.com/2007/10/08/alex-eylar-goes-to-old-hollywood/

https://www.flickr.com/photos/8344872@N05/

https://www.dailymail.co.uk/news/article-2792721/the-hills-alive-sound-plastic-teenager-recreates-dozens-cinema-s-unforgettable-scenes-lego.html

https://www.buzzfeed.com/mikespohr/all-of-hollywood-history-in-lego-form

https://www.lamag.com/laculture/massive-lego-version-los-angeles-insanity/

https://www.ifitshipitshere.com/freestyle-lego-build-of-manhattan/

https://www.ideo-bricks.com/lego-vip-hollywood-oscar-statue/

http://g1.globo.com/pop-arte/oscar/2015/noticia/2015/01/esnobado-do-oscar-de-animacao-diretor-constroi-estatueta-de-lego.html

http://g1.globo.com/pop-arte/cinema/noticia/2014/02/g1-ja-viu-uma-aventura-lego-tem-bom-visual-e-mensagem-para-pais.html