segunda-feira, 31 de outubro de 2016

O HALLOWEEN DAS DIVAS

A festa do Halloween surgiu na Grã-Bretanha da Idade Média, e veio parar no Brasil graças às escolas de inglês e aos colégios bilíngües. Em Hollywood já é uma diversão desde sempre, e provas disso são as fotos que eu separei de diversas estrelas clássicas posando e divando ao estilo do Dia das Bruxas. Dá uma olhada:

Ava Gardner

Veronica Lake

Rita Hayworth

Debbie Reynolds

Barbara Eden, a gênio Jeannie

Kim Novak

Carole Lombard

Doris Day

Ann Miller

Janet Leigh

Lucille Ball & Vivian Vance

Judy Garland

Jane Russell

Paulette Goddard

Clara Bow

A ‘Feiticeira’ Elizabeth Montgomery

“Happy Halloween to all!”

domingo, 30 de outubro de 2016

DIRETO DO YOU TUBE – As sátiras mais bacanas à Velha Guarda do cinema, por cartunistas e animadores geniais da época

Todo mundo sabe o que eu acho dos desenhos atuais. A grande maioria deles você assiste do começo ao fim e não consegue rir nem uma vez. Claro que há exceções, como “Os Simpsons” e “South Park”, mas eles não têm a inocência dos clássicos da minha infância.




Esses dias eu resolvi vasculhar o You Tube atrás de alguns desses desenhos e esbarrei em pérolas de primeira qualidade, entre elas algumas raridades da animação que esculhambavam os ícones da Sétima Arte em sua época. AVISO: Esta matéria pode ficar incompleta a qualquer momento, pois os vídeos podem sumir dela. É que o You Tube tem uma grave mania: excluir vídeos sem a menor explicação, alegando violação de direitos autorais. Como eu não estou violando lei alguma e aqui nesse blog não rola nenhum tipo de divulgação de material ilegal, vou dividir esses desenhos com vocês. Vamos a eles!






1 – Hollywood Steps Out (1941)
Esqueça a enrolação da vinhetinha e pule logo para o desenho, aos 0:17 min. Esse é o meu preferido nesta seleção, e só podia ter saído da mente da equipe de animadores da Warner, chefiada pelo genial Tex Avery, a mesma turma de alucinados (no bom sentido, é claro!) que criou os clássicos “Pernalonga”, “Patolino” e “Papa-Léguas”. O enredo, se é que dá pra chamar de enredo, gira em torno de uma festa só com celebridades das telas bebendo, dançando e se divertindo no Ciro’s, um restaurante badalado que realmente existiu.  Todos os grandes mitos do cinema de 1941 estão aqui – não faltou nenhum, mesmo! – e há piadas bem no clima politicamente incorreto daqueles anos. Um exemplo é a sacanagem que fizeram com a Greta Garbo, uma piada que já corria em Hollywood na época sobre a sexualidade da atriz sueca. Ou o letreiro na porta do restaurante, dizendo que um jantar lá podia ser pago “em 50 suaves prestações”, coisa que detonava a ideia de que atores famosos ganhavam maravilhas (na época a maioria deles era explorada por seus empresários). Gracinhas assim fariam o desenho ser censurado hoje em dia. Mas o desenho não foi feito hoje em dia, então assista sem culpa.
Algumas das celebridades zoadas: Além de Greta Garbo tem Humphrey Bogart, Bing Crosby, o Tarzan original Johnny Weissmuller, Bette Davis, Claudette Colbert, Mickey Rooney e Judy Garland, os Irmãos Marx, Clark Gable, Cary Grant, Rita Hayworth, o maestro Leopold Stokowsky, os Três Patetas, o Gordo e o Magro e Tyrone Power.






2 – Hollywood Picnic (1937)
Embora feito pela Columbia Pictures, este desenho é criação de Sid Marcus, animador que mais tarde construiria um currículo brilhante, que incluiria personagens como A Pantera Cor de Rosa, Pica-Pau e diversos heróis da Marvel. A sacanagem politicamente incorreta aqui é mostrar os artistas em um parque se comportando da forma mais adequada à imagem pública deles (ao contrário do que acontece em “Hollywood Steps Out”). Vamos combinar que é uma delícia ver O Gordo e o Magro em um carrossel junto com Mae West (decotada como sempre) e o posudo Clark Gable. Dá-lhe incorreção política, como a cena do Gordo, da dupla com o Magro, quebrando a gangorra com seu peso, e a piada com Stepin Fetchit, o ator negro que no desenho está morto de fome. Detalhe: o diretor é Charles Mintz, que será sempre lembrado como o sujeito que puxou o tapete de Walt Disney tirando dele o Coelho Oswald (inclusive, eu contei essa história aqui recentemente e estou postando o link pra quem perdeu: http://poltrona-r.blogspot.com.br/2016/10/walt-disney-versus-walter-lantz-tinha.html )
 Outras celebridades zoadas: Bob Hope, Marlene Dietrich, Greta Garbo, Shirley Temple, Katharine Hepburn, Boris Karloff e a cantora Martha Raye.






3 – Mother Goose Goes To Hollywood (1938)
Acredite, este desenho é dos estúdios de Walt Disney – o que, de certa forma, não é de se estranhar, pois faz piada com contos infantis. Tio Walt sabia muito bem ser sacana quando queria, e eis a prova. Logo no início aparece a legenda “Qualquer semelhança entre os personagens reais aqui retratados e pessoas vivas ou mortas é mera coincidência”. Desnecessário dizer que não era coincidência alguma. A pastorinha Katharine Hepburn, os Irmãos Marx bancando os músicos (e fazendo burrada, como sempre), a piada com a Garbo de novo e as orelhas de abano de Clark Gable não enganavam ninguém!
Atentem para a participação especialíssima de um personagem do próprio Walt Disney (não vou contar qual é!). Por causa de “estereótipos raciais e sexuais”, este desenho foi proibido. É, os limõezinhos da Pepsi (https://www.youtube.com/watch?v=Q8dQ7wyrVSA ) têm razão; o mundo está ficando realmente muito chato.
Outras celebridades zoadas: W. C. Fields, Charles Laughton, Spencer Tracy, Edward G. Robinson, Martha Raye e Fred Astaire.




4 – A Hollywood Detour (1942)
Pelo visto esse tipo de desenho era moda na época e custou a enjoar o público! Este aqui também é da Columbia Pictures, mas tira sarro de atores de outros estúdios, coisa impensável atualmente. O tema é uma viagem turística pela Hollywood daqueles tempos. E o humor é daqueles tempos também! Logo no começo tem uma piadinha politicamente nada correta com Hedy Lamarr. E este desenho também inclui uma tiração de sarro com o preço dos locais badalados que os artistas frequentavam, pois num dos restaurantes há uma placa dizendo que o carro do cliente serve como pagamento para a conta. A gozação com a sexualidade da Garbo está lá outra vez. E nem a dupla Fred Astaire e Rita Hayworth, que naqueles tempos faturava os maiores salários da Columbia, foi poupada. Há até uma piada interna, mas interna mesmo, que são as caricaturas dos cartunistas do departamento de animação do estúdio. Além do jazz, a trilha faz referência à música latina, a outra febre sonora daqueles tempos. O ator perseguido por fãs chatos é John Barrymore.
Outras celebridades zoadas: Bing Crosby, Irmãos Marx (sempre eles!), Clark Gable, Três Patetas e a onipresente Katharine Hepburn (que, pelo visto, sofria bullying até dos colegas da mídia por ser vegetariana)






5 – Mother Goose In the Swingtime (1939)
Também pegando carona na famosa compilação de contos infantis “Mamãe Gansa” (https://pt.wikipedia.org/wiki/Mam%C3%A3e_Gansa), esta delícia explora, através de sua trilha sonora jazzística (coisa óbvia, pois eles estavam lá em 1939, em plena Era do Jazz) com toques de música latina, um ritmo diferente de ação, mais acelerado, que mostra os personagens dançando o tempo todo e que deixa o espectador com vontade de também dançar. Foi feito pela Columbia Pictures e um dos dubladores é o multitalentoso Mel Blanc, a lenda que deu voz à primeira versão do Pica-Pau e a todos os personagens da mitológica série Looney Tunes, que é a mina de ouro da Warner até os dias de hoje. A produção é de Charles Mintz (esse que eu mencionei aí em cima em “Hollywood Picnic”). Mas não pensem que a gozação foi deixada de lado. Entre os ícones sacaneados estão Greta Garbo (pelo motivo de sempre...), Clark Gable (fizeram uma piadinha filha da mãe aqui com as orelhas dele), a jovem Judy Garland (para quem o roteirista do início do desenho lê o livro da “Mamãe Gansa”), e Martha Raye (abrindo seu bocão e soltando seu vozeirão mais uma vez). Curiosidade: Garbo e Stokowsky aparecem dançando porque na época os dois eram amigos e houve boatos de um caso entre eles. E a palavra “Jitterbug”, que os personagens repetem várias vezes em coro, é o nome de uma dança dos tempos de auge do jazz.

Outras celebridades zoadas: Claudette Colbert, Katharine Hepburn, Edward G. Robinson, Bing Crosby, Shirley Temple, Ginger e Fred, Mickey Rooney, Van Johnson, Joan Crawford, Tyrone Power, Leopold Stokowsky, Gordo & Magro, Irmãos Marx e as Big Bands de swing jazz da época. 







Se você quiser ver todos os desenhos (e todos seguidos!), aqui está o link da playlist: https://www.youtube.com/playlist?list=PLyc88yygdNcA6JftfEGrZ2v3jCTzi63Ka 
Aproveita e se inscreve logo no Canal do Poltrona R. Lá sempre tem coisas bacanas pra você ver e ouvir!

DVD - ACONTECEU NAQUELA NOITE

It Happened One Night
Ano de produção: 1934
Direção: Frank Capra
Elenco: Clark Gable, Claudette Colbert, Walter Connollly, Jameson Thomas.
Duração: 105 minutos
Preto & Branco 
Gravadora: Columbia




Você é mulher, viu “E O Vento Levou”, se apaixonou pelo personagem Rhett Butler e gostaria de ver o mesmo ator em outro filme? Ou você é homem e acha que comédia romântica é uma babaquice para mulherzinha? Ou ainda, você quer dar risadas com algo inteligente? Seja qual for o seu caso, ou mesmo que o seu caso não seja nenhum destes, tenho aqui um filme para você. “Aconteceu Naquela Noite”, grande sucesso do diretor Frank Capra é imperdível por vários motivos, entre eles por trazer o astro Clark Gable em um papel cômico – e mandando muito bem. Ele é Peter Warne, um jornalista charmosão que está desempregado. Para salvar sua carreira, ele resolve escrever a matéria da sua vida. O assunto é a fuga da patricinha Ellie (Claudette Colbert), cujo pai autoritário (Walter Connolly) quer proibi-la de se casar com um playboy inútil (Jameson Thomas). O encontro de Peter e Ellie rende risadas do começo ao fim. Durante as aventuras que vivem na estrada, os dois brigam o tempo todo, e ao mesmo tempo se sentem atraídos um pelo outro, porque o destino faz de tudo para aproximá-los. Este é um filme dos tempos pré-politicamente corretos, e apesar disso (ou talvez por isso mesmo) é tão inteligente e divertido. Não há um diálogo que não seja bem escrito, e o enredo é uma sequência ininterrupta de situações inesperadas. A gente nunca sabe o que vai acontecer, e o que acontece é quase invariavelmente engraçado. “Aconteceu Naquela Noite” não tem grandes efeitos (nem para a época) e o orçamento para produzi-lo não foi nenhuma facada – pelo contrário. Mesmo assim, é impressionante ver como uma coisa incrivelmente simples pode permanecer engraçada depois de décadas e influenciar tudo o que vem depois em seu gênero. Digo isso porque este pequeno grande clássico ainda é inspiração para comédias românticas em pleno século XXI. Quantos filmes você já viu em que um casal que se detesta é obrigado a conviver e acaba cedendo à atração que nasce por obra do destino? Vários, mas poucos são tão bem sacados quanto este. Bordões como o das Muralhas de Jericó (não vou contar o que é pois não dou spoiler) e desafios encarados pelo elenco, como soltar a voz sem estar em um musical, por exemplo, tornam ainda mais deliciosa a trama extremamente bem construída desta despretensiosa jóia. Juro que tentei, mas não consegui encontrar nenhum ator canastrão ou atriz canastrona no elenco; até mesmo os figurantes são talentosos (coisa, aliás, comum em filmes dos anos 30 e 40). O final é previsível e inusitado ao mesmo tempo. “Aconteceu Naquela Noite” mudou a maneira de se fazer cinema e trouxe algumas novidades para a época – como, por exemplo, a cena em que Clark Gable tira a camisa. Graças a este filme, o futuro Capitão Butler de “E O Vento Levou” entrou para a história como o primeiro ator a aparecer de peito nu nas telas. Aliás, o contrário do que muitos dizem, eu particularmente acho que o personagem de Gable neste filme tem muito em comum com o Butler – um cara malandro, charmoso e desbocado, com talento para se virar nas dificuldades, e que vive um relacionamento de amor e ódio com uma herdeira mimada, arrogante e temperamental. “Aconteceu Naquela Noite” é mais uma dica para quem quer perder o preconceito contra filmes em preto e branco, ou, principalmente, contra  o cinema antigo, porque o retrato que essa comédia romântica e de costumes faz do seu tempo é uma delícia irresistível.




Curiosidades:
“Aconteceu Naquela Noite” foi gravado em apenas quatro semanas, pois esse era o tempo de que a estrela Claudette Colbert dispunha em sua agenda. O cachê dela, inclusive, foi o mais alto do elenco, pois ela na época era uma popstar recém-saída de sucessos como “Cleópatra” (safra 1934) e a primeira versão de “Imitação da Vida”.
▪Embora tivessem uma química fenomenal nas telas, Gable e Claudette não se bicavam na vida real. Pudera: ambos tinham temperamentos bem difíceis...
▪A épica cena de Claudette pedindo carona foi satirizada em um episódio do Pica-Pau chamado “O Grande Logro”. Toma aqui o Link do desenho pra quem quer matar a saudade: https://www.youtube.com/watch?v=jY2ygjUT0TI

EXTRAS DO DVD: Bastante, mas tudo em inglês e sem nenhuma tradução. Tem um minidocumentário em que Frank Capra Jr, o filho do diretor/produtor, conta como surgiu a ideia para o filme e narra alguns “causos” de bastidores. Visualizações de pôsteres publicitários do filme que, embora não possam ser baixados e salvos para serem aumentados, impressos e emoldurados,são bonitos e vale a pena dar uma olhada. Áudio de radionovela baseada no filme, com as vozes dos atores originais (infelizmente também não dá pra baixar e ouvir no celular, mas este blog que você ama achou o áudio na internet! Olha aqui: https://www.youtube.com/watch?v=7s2DkoAgrYw).  Trailers do filme e de outras duas obras do diretor, “A Mulher Faz O Homem” e “Horizonte Perdido”. E fichas com a filmografia do diretor e dos dois astros principais. Agora eu pergunto: custava colocar legenda em português em tudo isso???

Embalagem: O básico do básico do básico. Mas o simples fato do DVD ter som e imagem de qualidade torna isso menos relevante.



segunda-feira, 17 de outubro de 2016

WALT DISNEY VERSUS WALTER LANTZ – TINHA UM COELHO NESSE MATO

Eles foram dois caras insanamente talentosos que marcaram a infância de muita gente. Seus estilos eram opostos: um emocionou o mundo com suas belíssimas versões dos contos de fadas e suas mensagens otimistas; o outro debochou da estupidez dos seres humanos e fez um humor ácido, mais adulto até do que infantil, mas que fascinou as crianças. Embora totalmente diferentes um do outro, eles tinham coisas em comum, começando pelo primeiro nome – os dois foram batizados de Walter. Foram pioneiros na história do desenho animado. E, por incrível que pareça, chegaram a trabalhar juntos. O papo aqui é sobre dois ídolos meus, Walt Disney (1901-1966) e Walter Lantz (1899-1994). Sim, eles mesmos – o pai do Mickey Mouse e o criador do Pica-Pau.




Quando esses dois mitos da animação chamados Walter estavam em início de carreira, mais precisamente em 1927, Disney já trabalhava no núcleo de animação do Universal Studios ao lado do amigo Ub Iwerks, junto com quem criou o personagem Oswald, The Lucky Rabbit (em português, Oswaldo, O Coelho Sortudo ou, em algumas fontes, Coelho Oswald mesmo). Foi nessa época que Disney criou (sim, foi ele!) o conceito de animação com personalidade, ou seja, de desenhos cujos tipos tivessem características, maneirismos e jeito próprios. “Quero que meus personagens sejam alguém. Não desejo que eles sejam apenas figuras”, disse ele certa vez. 



Em busca de novos talentos, o distribuidor das obras de Disney, Charles Mintz, contratou Lantz para dirigir a série Oswald. Recém-mudado para Hollywood e já com alguns trabalhos no currículo, entre eles a função de roteirista do diretor Frank Capra e a série de desenhos animados “Dinky Doodle”, Lantz aceitou. Mintz e seu cunhado, George Winkler, haviam comprado os direitos autorais do coelho de Disney e Iwerks, seus criadores originais. O presidente da Universal, Carl Laemmle, não gostou muito da história e botou Mintz e Winkler na rua. Com a dupla demitida, a Universal então passaria a produzir a série por conta própria.



Inconformado, Lantz não quis perder o personagem, e apostou os direitos dele com Laemmle, acredite, em um jogo de pôquer. Sabem quem venceu? Lantz, que virou o dono do personagem (cujos direitos autorais seriam recuperados pelos estúdios Disney em 2003 para um videogame).



Disney perdeu o personagem, mas não a fé. Como era típico dele, tratou logo de criar um novo “filho” para suas animações. Utilizando o próprio Oswald como base, ele rabiscou daqui, rabiscou dali, e nasceu o personagem mais famoso e lucrativo do animador: o Mickey Mouse. Algumas fontes afirmam que foi Iwerks quem teria criado o rato-celebridade, e Disney teria se apropriado do personagem. Seja como for (não vou entrar em polêmicas), a perda de Oswald foi positiva para Walt Disney. E eu diria que para Walter Lantz a posse dos direitos do coelho não fez grande diferença, pois ele nem foi o maior sucesso de sua carreira de cartunista. Em 1940 ele se tornou o pai de um dos mais sensacionais personagens já criados: o Pica-Pau. Isso mesmo. O Pica-Pau nasceu em 1940, e não em 1950, como inúmeras fontes insistem em divulgar aqui no Brasil. Duvida? Olha aqui a versão oficial: http://www.intanibase.com/gac/lantz/woody.aspx



O Coelho Oswald teve seus direitos recuperados pelos Estúdios Disney em 2003. Antes disso, fez algumas participações especiais em algumas animações da Universal. A mais famosa (e hilária) delas foi no desenho “A Polca do Pica-Pau”, de 1951. (Link: https://www.youtube.com/watch?v=qlm5Sy6ZKnw)



Em 2010 foi lançado o videogame-conceito (odeio esse negócio de “coisas-conceito”, nem sei que raio é isso, mas o termo está na moda) Epic Mickey, que mostrava o coelho retornando ao seu criador, Walt Disney, e com ciúmes do ratinho. Mas não adianta. Quando é destino algo não estourar, não estoura. O sucesso do Coelho Oswald jamais chegou perto da paixão que Mickey Mouse e Pica-Pau despertam mundo afora em gerações e gerações de fãs de animação. Até hoje.

MEUS 15 MOMENTOS FAVORITOS DE RITA HAYWORTH


No dia 6 de agosto último, fiz uma matéria com meus 15 momentos preferidos da carreira da musa da comédia, Lucille Ball (Olha o link aqui pra quem perdeu: http://poltrona-r.blogspot.com.br/2016/08/meus-15-momentos-preferidos-de-lucille.html). O post bombou, e por isso resolvi repetir a dose para homenagear minha outra ídola, Rita Hayworth (1918-1987), que se estivesse viva completaria hoje 98 anos de idade. Embora criminosamente subestimada pelos estudiosos de cinema, ela influenciou centenas de cantoras, atrizes e modelos nos quatro cantos do mundo. Agora você vai ver uma seleção que mostra por que Rita divide com Lucille o posto de maior diva de todos os tempos – pelo menos na opinião desta autora.




1 – Jogada de cabelo em “Gilda”
“Are you decent?” Talvez essa seja a cena mais conhecida de Rita Hayworth no Brasil – principalmente porque foi utilizada no filme “Um Sonho de Liberdade” (1994). Pelo amor de Deus, se esta é a única parte do clássico “Gilda” que você conhece, corra para assistir inteira a esta jóia do cinema, que é espetacular do começo ao fim. Rita merecia o Oscar de Melhor Atriz por esta personagem, mas ganhou foi (muita) dor de cabeça. Ela dizia que os homens sonhavam com Gilda e acordavam com ela. Isso porque Gilda, com seu mau-caratismo sedutor, era o oposto do que Rita foi na vida real.




2 – Put The Blame On Mame, Part Two
Mostrar o corpo é fácil. Difícil é tirar apenas uma luva como se estivesse despindo a roupa toda, e deixar os homens loucos com esse gesto. A sequência, saída da mente do genial coreógrafo Jack Cole e executada de maneira estupenda por Rita Hayworth, é algo único, algo que jamais se repetirá na história do cinema. Até Michael Jackson, amante do cinema da Velha Guarda, homenageou Rita incluindo esta cena (e se incluindo nela) em seu último DVD, “This Is It”. (https://www.youtube.com/watch?v=SsaEk7cVMz0)




3 – Let’s Stay Young Forever
Nesta sequência de “Quando Os Deuses Amam” (filme que ela praticamente carregou nas costas), a Rainha da Columbia Pictures encarna Terpsícore, a deusa grega da dança, e arranca do personagem de Larry Parks o seguinte comentário, que resume o que as performances dela até hoje despertam no público: “Ela é mágica!”




4 – No papel de Carmen: “Eu sou inocente”
Quem é fã das personagens de Rita sabe que 90% delas não era inocente coisa nenhuma. Pra variar, eu infelizmente não consegui achar esta cena em português. Mas é um dos trechos mais bacanas do filme “Os Amores de Carmen”. Costumo dizer que, se (e somente SE) Vivien Leigh não tivesse existido ou não pudesse ter interpretado Scarlett O’Hara em “E O Vento Levou” de jeito nenhum, a melhor escolha para o papel teria sido Rita Hayworth. A forma como Rita construiu Carmen, como uma personagem transgressora e sedutora, mas ao mesmo tempo moleca e rebelde, é para mim a prova disso.




5 – Trinidad Lady
“A Chicky Chicky Boom, Chicky Boom, it’s the Trinidad Laadyyyy!” Para mim este número musical de “Uma Viúva em Trinidad” vale pelo filme todo. O clássico que marcou a volta de Rita Hayworth às telas em 1951, após um período de afastamento, foi uma tentativa furada que a Columbia Pictures fez de repetir o sucesso de “Gilda”. Tanto é que o ator é o mesmo, o superfofo Glenn Ford, que dividiu as telas com Rita em várias produções. Não sou fã de “Uma Viúva em Trinidad”, mas tenho esta música no celular. Duvido você conseguir tirar o refrão da cabeça. E este vestido é um dos mais lindos que Rita usou em toda sua carreira.





6 – Cena de amor musical com Gene Kelly
Já fiz uma resenha do DVD do filme “Modelos” aqui no blog (link: http://poltrona-r.blogspot.com.br/2016/07/dvd-modelos.html). Amo essa preciosidade que só de ter Gene “Gênio” Kelly, mais lindo que nunca, ao lado de Rita Hayworth (dois MITOS!), vale ser visto e revisto. Há vários trechos memoráveis, como a entrevista de emprego (que se 50 vezes eu assistir, 50 vezes eu vou dar risada) e a dança de Rita, mais diva do que nunca, descendo a rampa do alto de uma espécie de Monte Olimpo, com um monte de homens apaixonados lá embaixo esperando por ela. Esta cena do reencontro dos personagens dos dois é emocionante – para não falarmos na canção, “Long Ago And Far Away”. Toda a trilha do filme, composta por Jerome Kern & Ira Gershwin, é maravilhosa, e deveria ser lançada em CD no Brasil.




7 – Sendo sacaneada por Frank Sinatra em “Meus Dois Carinhos”
Já quarentona e com seu empresário Harry Cohn treinando a jovem Kim Novak para ser a nova Rita Hayworth (como se fosse possível isso existir!), a eterna estrela de “Gilda” fez este superclássico ao lado de um cara que era tão lendário quanto ela: o cantor e ator Frank Sinatra (que você provavelmente só conhece como cantor). Nesta cena, ele interpreta para ela uma canção que se tornou obrigatória em seus shows e um dos maiores hits de seu repertório, “The Lady Is a Tramp”. Você vai entender a cara de revolta dela porque este vídeo tem a tradução em português da letra (Aleluia!!!). Detalhe de bastidores: Sinatra, que não gostava de Rita pessoalmente mas a admirava muito como artista, exigiu que o nome dela viesse antes do dele nos créditos. Quando lhe perguntaram o motivo disso, o cantor respondeu: “Simplesmente porque Rita Hayworth é a Columbia Pictures”. Rita merecia ter levado o Oscar de Atriz Coadjuvante por este filme. Não levou, mas também não perdeu o título de estrela maior da Columbia. Nem mesmo a novinha Novak conseguiu ofuscar seu brilho.




8 – The Shorty Georges, com o grande Fred Astaire
Fred Astaire definia Rita Hayworth como a melhor parceira com quem ele havia contracenado – imagino a cara de Ginger Rogers ouvindo isso! Aqui, os dois dançam em uma das cenas mais conhecidas do clássico “Bonita Como Nunca”, e provam que Fred tinha razão. O maestro que aparece nesta cena é um ícone da época, o espanhol Xavier Cugat (1900-1990), presente também em toda a ótima trilha sonora.




9 – Dança dos Sete Véus em “Salomé”
Outro que não é meu filme preferido da Rita, embora seja extremamente cultuado pelos outros fãs. Esta cena foi um escândalo na época, e arranjou confusão com os censores (coisa que não era incomum para a atriz). Apesar de aparentar estar quase nua, a diva na verdade usa um macacão cor da pele por baixo do traje de odalisca. Loira e bronzeada, a Rainha da Columbia até hoje arranca suspiros de muitos homens no papel de Salomé. E com zero adição de vulgaridade, vale dizer.






10 – You Excite Me
Reza a lenda que os músicos e dançarinos que dividem o palco com Rita Hayworth neste número musical emblemático do filme “O Coração de Uma Cidade” eram da banda de Carmen Miranda. Verdade ou não, os movimentos da nossa Carmen inspiraram a coreografia desta impressionante sequência, que chegou a fazer com que o filme fosse proibido em alguns países (!!!). Aqui, Rita, cujo nome de batismo era Margarita Carmen Cansino, mostra que suas raízes latinas jamais ficaram para trás.




11 – Amado Mío
Além de “Put The Blame On Mame” (Part One & Part Two), a trilha de “Gilda” teve este outro megahit, que depois viria a ser regravado por vários artistas. O vestido que a personagem usa nesta cena foi leiloado em 2014 por uma bolada gigantesca, e continua sendo copiado mundo afora. A dança, como tudo o que Rita fazia, é uma verdadeira aula de como provocar e sensualizar sem tirar uma única peça de roupa, sem falar palavrão e sem fazer gestos vulgares – sim, isso é possível. Mas é pra quem pode.




12 – Dança espanhola em “Os Amores de Carmen”
Fã que é fã sabe que Rita Hayworth era filha de pai espanhol, e que a mãe dela era de origem britânica. E também que, antes de se tornar um fenômeno nas telas, ela foi uma menina prodígio que, muito cedo, chamava a atenção do público nos shows mambembes que fazia com sua família, uma companhia de artistas. E este espírito ela carregou consigo durante toda a sua carreira – jamais tendo se envergonhado de suas origens, ao contrário do que alguns desinformados dizem. Esta cena de dança do filme “Os Amores de Carmen” é absolutamente clássica. Para os que dizem que “não é flamenco autêntico”, já aviso que a sensualidade da dança teve que ser atenuada por ordem do sempre chato pessoal da Censura – afinal, era o ano de 1948.




13 - Put The Blame On Mame, Part One
A primeira versão do tema de “Gilda” aparece neste trecho do filme, em que a personagem toca violão para um funcionário babão e perturba o sono do ex, Johnny (Glenn Ford). Aposto que ela também perturbou o sono de inúmeros outros homens naquela época – e que, exatas 7 décadas depois, o efeito continua o mesmo. Como eu sempre digo, filme bom não sai de moda duas semanas após ter sido lançado.




14 – Blue Pacific Blues
Quando fez “A Mulher de Satã”, ela já não era mais uma jovenzinha, é verdade. E nem estava mais no auge da carreira. Por isso mesmo o filme vale a pena ser visto. Assim como Lucille Ball, Rita Hayworth foi uma das raras atrizes da chamada Era das Pin-Ups que conseguiu sobreviver ao final dessa, digamos, tendência. De estrela dos musicais e dos filmes noir, ela se revelou uma atriz dramática que já não dependia mais do corpaço para fazer sucesso – pra mim nunca dependeu, mas... Uma coisa que poucos sabem é que “A Mulher de Satã” foi um dos primeiros filmes da história do cinema (e o primeiro da Columbia) a ser lançado também em 3D. Isso mesmo! Sabe em que ano? 1953! (https://www.youtube.com/watch?v=In57uBpQVUw) E ainda dizem que Rita Hayworth nada significou para a Sétima Arte... 




15 – Please Don’t Kiss Me, de “A Dama de Shanghai”
Louraça belzebu, louraça Lucifér, louraça Satanás! A nossa Rainha, então casada com o diretor e ator Orson Welles, teve que cortar e oxigenar os cabelos para estrelar este drama no mínimo icônico. Dizem que os estúdios da Columbia foram inundados de cartas de fãs implorando por um cacho cortado do cabelo dela... Isso décadas antes de ser moda também? Siiimmm!!! Este é outro filme que você precisa ver. Não quis colocar aqui a minha sequência favorita, a dos espelhos, simplesmente porque seria um tremendo #spoiler. E todo mundo aqui sabe que eu odeio spoilers. Fechando então com chave de ouro esta seleção, a música tema do filme, “Please Don’t Kiss Me”.




Uma porção de outros grandes momentos da carreira de Rita Hayworth ficou de fora. Uns porque não encontrei no You Tube (as cenas de “Sangue e Areia”, por exemplo, um filme que eu amo). Outros porque simplesmente não couberam nesta lista. Mas fica minha homenagem a esta maravilhosa atriz e show-woman, a primeira e única Rainha da Columbia Pictures. Ela certa vez disse que não tinha substituta. Estava certíssima – continua insubstituível e inimitável até os dias de hoje. God Save The (Dancing) Queen!!!

A playlist completa com todos estes vídeos pra você ver ta no canal do Poltrona R no You Tube. Quer assistir?Clica aqui:

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

DIRETO DO YOU TUBE - "O Garoto", filme completo de Charles Chaplin

          Charles Chaplin define este clássico como “Um filme com um sorriso – e talvez, uma lágrima”. Eu diria que se trata de um filme com uma lágrima e, talvez, um sorriso. "O Garoto", um dos melhores filmes desse poeta do cinema, está inteiro no You Tube, para o público daqui do Brasil assistir. Com legendas em português e excelente qualidade de imagem, coisa rara em postagens no abençoado site de vídeos. 



          A origem da inspiração para este filme é controversa. Existem três hipóteses:

1) A forma como Chaplin foi afastado da mãe, Hannah, ainda criança. Ele passou parte de sua infância em um orfanato, onde foi separado também de seu irmão Sidney. Isso porque a mãe do artista não estava em condições financeiras e mentais para cuidar dos dois garotos, pois tinha sido abandonada pelo marido quando os filhos eram muito pequenos; 2) O ator e diretor estaria vivendo uma crise em seu casamento com a atriz Mildred Harris, com a qual teve um filho que morreu com três dias de vida; e 3) Antes das gravações do filme, Chaplin teria sido afastado de seu filho ilegítimo, que só veio a conhecer 18 anos depois. Essa é a tese apresentada também no espetáculo teatral “Chaplin, O Musical”, que esteve em cartaz no ano passado.

          De onde quer que Chaplin tenha tirado a ideia para esta obra-prima, trata-se de um dos seus melhores filmes – meu preferido, junto com “O Grande Ditador”. A história todo mundo deve conhecer: Carlitos adota, por acaso, um bebê que uma aspirante a atriz (a ótima Edna Purviance) havia abandonado. Impossível deixar de comentar a atuação impressionante do menino Jackie Coogan, um pequeno gênio escolhido pessoalmente pelo próprio Chaplin aos 7 anos de idade (embora aparentando bem menos). Jackie, aliás, se tornaria a partir daí um ator de sucesso, e, acredite, seria mais conhecido como o Tio Chico da versão original de “A Família Addams” na TV, nos anos 60. Sim, ele mesmo. Nem eu acreditei.

          É raro encontrar um filme que faça rir e chorar sem cair no ridículo e nem na pieguice. “O Garoto” é um deles. Mesmo assim, deixe a caixa de lencinhos ao seu lado antes de assistir - você vai precisar. Segura aí o link:




GIF DO DIA - 07/10/2016

Maravilhosa Carmen Miranda, nossa maior diva de todos os tempos. A Dama do Chapéu de Tutti Frutti, única! Merecia ser mais lembrada e mais homenageada por nós, brasileiros. #Fato