sexta-feira, 18 de novembro de 2016

GRAURRR!!! LEÃO DA METRO, A HISTÓRIA DO BICHO



Ele é o astro da vinheta de abertura mais icônica da história do cinema. É também a mais imitada e a mais parodiada. Não é possível que você nunca tenha visto Leo, o leão-símbolo da Metro – e é pouco provável que a história dele nunca tenha lhe despertado nenhuma curiosidade. Pois é essa curiosidade sua que eu vou matar neste post.




                Leo, o Leão da MGM, surgiu, acredite, em 1916, como mascote do estúdio Goldwyn Pictures, do empresário Samuel Goldwyn. Howard Dietz, o criador da vinheta, inventou o personagem para homenagear a instituição de ensino que ele havia frequentado, a Universidade de Columbia, cuja equipe esportiva tem o apelido de “The Lions” (Os Leões). A ideia de utilizar um leão como mascote é uma referência à canção-grito de guerra da Columbia, “Roar, Lion, Roar” (que significa “Ruge, leão, ruge”). E a inscrição em latim “ARS GRATIA ARTIS”, que aparece no logo, significa “A Arte Pela Arte”. Desde então já foram utilizados 9 leões diferentes, sendo que o mais recente estrela a vinheta desde 1957. Na verdade, os dois primeiros leões não rugiam. O primeiro nem abria a boca, só olhava de lado. O segundo dava dois grunhidinhos, mas, como eram tempos de cinema mudo, não se ouvia nada.




Em 1924, ano em que o empresário Marcus Loew adquiriu o controle da Goldwyn, da Metro Pictures e da produtora de Louis B. Mayer e fundiu esses três estúdios, fazendo nascer a Metro Goldwyn Mayer, o leão não só foi mantido como foi oficializado e atualizado. Agora a fera passaria a rugir. O primeiro filme a utilizar a nova vinheta foi “Ironia da Sorte”, dirigido por Victor Sjostrom e estrelado por Norma Shearer, Lon Chaney e John Gilbert.




Embora todos os leões da MGM tivessem sido mantidos em cativeiro (infelizmente!), eram muito bem tratados. Porém, inúmeros posts circulam na Internet mostrando o bicho sendo torturado de maneiras inacreditáveis, como, por exemplo, sendo amarrado e preso a uma coisa que parecia uma esteira de supermercado para que o sofrimento o fizesse rugir. A piada de mau gosto foi, na verdade, inspirada em uma foto do pequeno leão Samson, de um zoológico de Israel, sendo submetido a uma tomografia computadorizada após ter ficado doente e ter sua vida salva por um veterinário.




          Outro boato é que um dos primeiros leões da Metro teria matado seu adestrador e os assistentes deste durante a filmagem da vinheta. De fato, quem lida com animais selvagens sabe que é difícil fazer uma criatura como estas rugir do nada. O que eles faziam era ainda mais apavorante: construíram um palco sonoro na jaula do bicho, com câmeras e tudo, para filmar seu rugido. A filosofia do estúdio para lidar com seus mascotes não envolvia chicotes ou tortura, e sim um profundo respeito pelo animal.




Alguns astros da época, como o diretor Alfred Hitchcock, tiraram fotos com o Leão da Metro. A diva Greta Garbo, corajosa, chegou a entrar na jaula para posar para um ensaio ao lado da fera. Eu, pessoalmente, não entraria lá nem que me pagassem!




Em 2014, durante a cerimônia de comemoração dos 90 anos da MGM, Leo apareceu ao vivo e teve suas patas deixadas na calçada do Teatro Chinês, em Hollywood. Não é montagem, é verdade! (Reparem no style da juba dele...)




Mega-cultuada, a “vinheta do Leão” da MGM também foi alvo de uma quantidade gigantesca de paródias. A mais antiga de que se tem noticia foi feita em 1935 no trailer da clássica comédia “Uma Noite Na Ópera”, que mostrava os Irmãos Marx, astros do filme, “dublando” o rugido do bicho.




Os Muppets satirizaram o leão em dois de seus longa-metragens, ambos de 1981. Em “The Muppets Go to The Movies”, o urso Fozzie estrela a vinheta; e em “A Grande Farra dos Muppets”, de 1981, é o personagem Animal quem faz o papel do lendário mascote da MGM (e, diga-se de passagem, merece um Oscar pela interpretação!)




Astros dos desenhos da MGM, Tom & Jerry fizeram a sua brincadeira com a vinheta-símbolo da casa. Inesquecível!!!




E até na Rússia tiraram sarro do Leão! Sim, uma animação mutcholoca de 1978, Ograblenie Po”, com sua crítica debochada aos chavões hollywoodianos, não perdeu a chance de zoar a vinheta mais célebre do cinema mundial. Tá aqui pra quem quer ver, com legendas para os que não entendem russo (eu, por exemplo):




Tudo isso sem a gente contar os milhões de memes que o Leão inspirou e ainda inspira na Internet. O mais recente (e, sem dúvida, o mais sensacional) é... O Pikachu da Metro!!!





Em uma época em que Hollywood criava ícones aos montes, até mesmo uma vinheta se tornou lendária. Ou alguém consegue imaginar algum filme da MGM começando sem Leo, o leão, rugindo na abertura? Eu, pelo menos, não consigo.

Todas as vinhetas dos leões estão neste vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=PAprxJ7KvjY

Playlist com todos os vídeos desta matéria? TEEEEMMM!!! Mas só no Canal do Poltrona R no You Tube! Link pra você: https://www.youtube.com/playlist?list=PLyc88yygdNcD4WjG27lEa6v0yq_YJ0RQM


FONTES:


Texto publicado anteriormente no site Blah Cultural

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

GIF DO DIA - 14/11/2016

"What a glorious feeling!" Gene Kelly, Debbie Reynolds e Donald O'Connor em "Cantando Na Chuva" -  parece que estão falando do que a gente sente ao ver esse filme apaixonante.



segunda-feira, 7 de novembro de 2016

REDUBLAR PRA QUÊ, PRA QUE REDUBLAR?

Caçando alguns desenhos antiquíssimos na Internet uns dias atrás, eu me deparei com uns episódios raros de coisas que eu tinha assistido na minha infância e pensei: “Vou salvar na minha playlist do You Tube pra rever depois desses anos todos!”. Playlist montada, comecei a assistir e pronto, veio a decepção: os desenhos tinham sido redublados. Re-du-blados!!!

Te juro, ainda estou tentando descobrir por que diacho se faz redublagem. Antigamente a gente não tinha TV a cabo, então a toda a programação gringa da televisão era dublada. E o número de reprises era cavalar, porque o material era bom, dava audiência e a gente esperava pra ver de novo aquele filme, desenho ou episódio tão querido. As falas a maioria de nós tinha decoradas, e até imitar os personagens a gente sabia. Anos depois, quando finalmente temos a oportunidade de recordar estas preciosidades, aí vem o balde de água fria: a “versão brasileira” delas foi refeita!!!




Sinceramente, eu não tenho a menor ideia do motivo de refazerem a tradução e a dublagem de alguns filmes, desenhos e séries. O sempre fiel e eficiente Professor Google me veio com algumas respostas: por questões de direitos autorais, quando os dubladores antigos cobram muita grana pelas vozes originais que fizeram; pela substituição de dubladores falecidos ou que não querem mais fazer o personagem; por exigência do dono da obra, que considera a antiga versão brasileira tosca; porque os caras acham mais barato redublar do que restaurar a dublagem antiga, e por aí vai.

Eu, pessoalmente, imagino que o motivo da redublagem seja uma tentativa de “atualização” de obras de outros tempos, principalmente aquelas que eram cheias de gírias da época em que a tradução foi feita. Acontece que um dos grandes baratos (“baratos”? que termo mais anos 80!) das dublagens antigas é justamente ouvir os termos que eram usados naquele tempo em que a gente assistia a esse material. Há também pessoas com ódio daquelas dublagens originais em que os locutores falavam todos os ésses e todos os érres, mas eu acho uma delícia ouvir o trabalho desses veteranos e veteranas, até porque, pra quem não sabe, grandes atores como Lima Duarte e Orlando Drummond (o eterno Peru da versão original da “Escolinha do Professor Raimundo” https://www.youtube.com/watch?v=y1MPwFe7K7I) foram dubladores em seu início de carreira. Tive a oportunidade de conhecer alguns locutores e dubladores veteranos que participaram da “versão brasileira” de um monte de clássicos, e admito: a emoção foi indescritível pra mim e pra eles. Pra mim porque o trabalho deles fez parte da minha vida. E pra eles porque esse pessoal, que ganha vergonhosamente pouco para o talento e carinho que tem pela profissão, adora ver seu trabalho ser reconhecido. A gente tem que respeitar esses caras; o conhecimento e a experiência deles na carreira rende muitas horas de conversa, porque história pra contar todos eles têm aos montes.

Me desculpem, mas as dublagens novas tornam aquelas obras antigas irreconhecíveis. Não que elas sejam ruins ou que seus profissionais não tenham talento, pelo contrário. Mas é que, sei lá, que falta alguma coisa nelas. Falta a critividade, o improviso, a diversão que a maioria dos profissionais das antigas tinha, mesmo fazendo um serviço sério. E olha, eu nunca pensei que fosse falar isso na vida, mas vamos lá: boa parte da graça de certos desenhos, filmes e séries que eu via na infãncia vinha da dublagem. Seja da tradução, seja das vozes, seja da combinação dessas duas coisas.



Alguns leitores já devem saber que eu sou tradutora, e que eu já trabalhei com tradução para dublagem e legendagem. Vou admitir outra coisa: em dublagens antigonas, feitas em tempos em que a Internet ainda não existia nem no desenho dos Jetsons, havia alguns erros de tradução, coisa que era inevitável naquele contexto. A tradução das dublagens novas é bem melhor que a das antigas, embora eu já tenha visto alguns erros graves. Enfim, não existem traduções perfeitas (e eu digo isso porque eu mesma já pisei na bola algumas vezes); mas, ainda que com certas palavras traduzidas incorretamente, a dublagem clássica ainda é mais gostosa de ouvir para quem cresceu escutando-a. Daí a nossa dificuldade de aceitar não só as novas vozes, mas as novas traduções, mesmo quando algumas palavras nelas são corretas e nas antigas não.

Redublagem é o tipo da coisa que provoca a ira dos fãs de cinema, e eu entendo as razões para esse tipo de procedimento ser realizado. Mas aquela tradução, com aquelas vozes, aquele trabalho tão marcante pra mim, vai continuar sendo a versão brasileira definitiva.

É, gente... Para certas coisas na vida, acostumar com o novo pode ser beeeem difícil.


FONTES: