terça-feira, 31 de maio de 2016

OS BEIJOS ARDENTES DAS ESTRELAS

Esta postagem aqui é mais um presentinho meu para os leitores (principalmente leitoras) fãs da cultura pin-up. Entre as coisas que a gente encontra fuçando no Google, existem algumas que dinheiro nenhum paga. Como, por exemplo, estas páginas extraídas de uma revista desconhecida publicada em plena época da Segunda Guerra Mundial. Trata-se de uma matéria sobre o formato das marcas de batom que as estrelas deixavam no papel ao dar autógrafo aos fãs (não, Xuxa não inventou a coisa!).

A redação da tal revista solicitou que seis divas passassem batom e beijassem um guardanapo. Feito isso, “especialistas” consultados pela publicação analisaram a personalidade de cada atriz baseando-se na marquinha deixada por cada uma. O interessante é que cada diva escreveu no guardanapo a frase carinhosa com que costumava presentear seus admiradores. As estrelas participantes eram: Rita Hayworth, Betty Grable, Paulette Goddard, Dorothy Lamour, Maria Montez e Linda Darnell. Assim as leitoras poderiam comparar o formato dos seus lábios com o da sua ídola. E não era só! Ao virar a página, via-se uma análise do jeito de amar de cada mulher, de acordo com a forma da boca que elas têm. Vamos ver o que os “beijólogos” disseram:




Rita Hayworth – “Meu coração em meus lábios”
Segundo a revista, a insubstituível Rainha da Columbia deixava qualquer homem de uniforme cáqui (referência aos soldados da Guerra) nas nuvens e com um sorrisão no rosto, pois era a “mensageira do beijo caloroso”. Ui!

Paulette Goddard – “Gostaria de poder entregar isto pessoalmente”
Bem insinuante a frase que a eterna amada de Charles Chaplin escrevia para os fãs – não era à toa que ele ficava com ciúmes! A publicação afirma que a atriz tinha “um toque da Eva bíblica em sua técnica para beijar; ou seja, promete, mas nem sempre cumpre”. No caso, a beijoca analisada foi igual à enviada para um campista dos EUA.

Betty Grable – “Que esta marquinha beije você também”
A frase está um tanto ilegível, mas a matéria diz que Betty aperfeiçoou o típico beijo de “Não podemos ser apenas amigos?”. De acordo com os experts da revista, é uma “carícia bem humorada, um beijinho do tipo não-se-esqueça-de-mim, mas que pode ser um começo...”. Imagino os soldados fãs dessa cultuada pin-up (considerada a dona das pernas mais bonitas da época) alimentando esperanças!

Dorothy Lamour – “Saronguemente tua”
O “saronguemente” era uma brincadeira com o sarongue, o traje mais utilizado pela artista em seus filmes, que a mostravam sempre junto à natureza. Imaginem os sonhos que ela não despertava nos rapazes! Pois o artigo descreve o beijo dela como sendo "daquele tipo que faz o sargento mais durão sonhar com rosas e luar, ao som de “I surrender, dear” (hit de Bing Crosby de 1931 que misturava jazz com uma pegada latina).” Confesso que a trilha sonora combinava bem. Olha aqui o link da música: https://www.youtube.com/watch?v=qXGv-rd-bvA   

Maria Montez – “Aqui está uma coisa para você”
“Um beijo com um sotaque totalmente europeu, do tipo que garotas americanas geralmente ignoram, mas os homens americanos geralmente não”. Coitadas das garotas americanas! A matéria afirma que, com seu beijo, a estrela latina “mandava mensagens melhor do que o comando de comunicações militares dos EUA”. Poxa, então ela era boa nisso, hein?

Linda Darnell – “Jipes carregados de amor”
A frase é bem-humorada (referência aos jipes militares) e a marquinha, conforme diz o texto da revista, é daquele tipo de beijo que diz “aconchegue-se mais perto, coisinha linda”, com um toque apimentado, igual ao que, aliás, Linda sabia dar aos pratos que preparava em sua casa em Hollywood. Vale lembrar que naquela época todo homem sonhava com uma mulher que fosse exímia cozinheira. E, por falar em sonhar, os “experts” consultados pela publicação afirmam ainda que o beijo de Linda “fazia os soldados flutuarem no ar”. 



A grande diversão em dar de cara com uma matéria dessas e lê-la até o fim é justamente a gente ver o poder que a Velha Guarda de Hollywood exercia sobre seus fãs. Poder de fazer o público sonhar, algo que, em tempos de guerra, chegava a ser necessário para a sanidade das pessoas. A tecnologia e os recursos com que essa geração de artistas contava era de uma pobreza de dar dó em comparação com o que temos hoje. Os sistemas de distribuição eram precários, também; era jornal, cinema e rádio – nem televisão existia ainda. Mesmo assim, essa turma contava com o talento e a inteligência, que, para mim, sempre serão os efeitos mais especiais de todos, não importa o que a indústria do entretenimento invente. 

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