segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

MAMMY, PERSONAGEM INESQUECÍVEL DE “E O VENTO LEVOU”, VAI GANHAR FILME PRÓPRIO




Adoro quando posso escrever sobre assuntos atuais, mas sem abandonar a temática do blog, que é o cinema antigo. Navegando na Internet eu trombei, por acaso, com a notícia de que mais uma coadjuvante clássica vai ganhar um filme com sua própria história. Depois da Malévola do desenho “A Bela Adormecida” de Walt Disney ter tido sua própria história contada em uma superprodução, com direito a Angelina Jolie como sua intérprete(https://www.youtube.com/watch?v=oIQTZXS6MFo), outro filme que marcou minha vida será estrelado por uma coadjuvante que roubava a cena no original. Estou falando de Mammy, a inesquecível criada de Scarlett O’Hara em “E O Vento Levou”.

Se é fake news ou não, só Deus sabe, mas as fontes da notícia são – ou me parecem – seguras. Nos EUA um livro chamado “A Jornada de Ruth”, que foi lançado no Brasil no mês passado e eu nem fiquei sabendo (podem me xingar), bombou nas livrarias. O autor é Donald McCaig, o mesmo de “O Clã de Rhett Butler”, que também foi publicado no nosso país (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq0505200813.htm). E a idéia também é a mesma. “O Clã de Rhett Butler” revelava o que, na imaginação do escritor, seria a vida de Rhett Butler, o herói de “E O Vento Levou”. E agora, “A Jornada de Ruth” chega contando a história de Mammy antes de ela ter ido parar na Fazenda Tara. No romance “E O Vento Levou”, que inspirou o filme, a autora Margaret Mitchell (1900-1949) jamais deu a Mammy um nome de verdade. Esse “problema” foi resolvido por Donald McCaig, que batizou a simpática criada como Ruth, fazendo uma analogia à personagem bíblica que é o símbolo da fidelidade e da fé, duas qualidades que Mammy tinha de sobra.




Eu, pessoalmente, nunca tinha parado para pensar em qual teria sido a história pessoal da Mammy – e olha que eu adoro a personagem! Na cabeça de McCaig, a ama de Scarlett O’Hara (que, na minha opinião, foi muito mais mãe para Scarlett do que a própria mãe dela, que era arrogante, preconceituosa e antipática) seria haitiana de origem francesa, em uma época em que o Haiti era colônia da França. Um casal de franceses a teria levado de lá para os Estados Unidos. Esse casal era ninguém mais, ninguém menos do que as avós maternos de Scarlett.

Mas o que levou o autor a matar a curiosidade de tantos fãs de Mammy e, claro, de “E O Vento Levou”? Segundo ele, houve milhares de “Mammys” no Sul dos EUA no século XIX, criando os filhos de brancos ricos como se fossem delas próprias, e muitas dessas mulheres sequer tinham um nome oficial. "Para mim, a ausência da voz de Mammy, de sua história, de sua personalidade em “E O Vento Levou” foi um grande vazio, é como se o livro contasse a metade da história", afirma ele. "A babá é uma personagem trágica, mas que jamais perde a esperança. É determinada e muito digna, mas não é uma rebelde". A verdade é que Mammy sempre foi uma das personagens mais queridas pelo público. Ela teve importância não apenas no filme, mas também na vida real, já que Hattie McDaniel (1895-1952), a talentosíssima atriz que a interpretou, foi a primeira afro-descendente a ganhar um Oscar. E é a Hattie que o autor dedica o romance.




Achei interessante a proposta de “A Jornada de Ruth”, pois o livro é narrado em primeira pessoa, como se fosse um diário de Ruth/Mammy, e além de tocar em fatos históricos pouco abordados em outras obras de ficção, dá à personagem uma história própria, inclusive revelando que ela teria se casado e tido filhos. McCaig procurou ser o mais fiel possível não só à trama criada por Margaret Mitchell, mas também ao estilo da escritora. Coisa que, aliás, Alexandra Ripley, autora do horroroso “Scarlett”, de 1991, a sequência de “E O Vento Levou” que muitos fãs (entre eles eu) nunca aceitaram. “O Clã de Rhett Butler” e “A Jornada de Ruth”, ambos de Donald McCaig, e “Scarlett”, de Alexandra Ripley, aliás, foram os únicos livros sobre o universo de “E O Vento Levou” a serem autorizados pelos herdeiros de Margaret. “Scarlett” gerou uma série para a televisão em 1994, que, pessoalmente, eu considero chatérrima, tão chata quanto o livro, mas que existe muita gente que cultua (https://pt.wikipedia.org/wiki/Scarlett_(miniss%C3%A9rie)). 

Pergunta que não cala: por que “O Clã de Rhett Butler”, que vendeu horrores nos EUA, não virou filme ainda? Alô, pessoal do Universal Studios, #FicaADica.





FONTES

4 comentários:

  1. Respostas
    1. Tomara que o filme seja bom mesmo, Antonio.
      Obrigada por comentar! Abçs

      Excluir
  2. Mammy era mesmo uma personagem marcante em ...E o Vento Levou. Tomara que ganhe mesmo um filme próprio.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Tomara mesmo, Fabio. Digno da memória de Hattie McDaniel, uma baita artista,que infelizmente ficou muito marcada só com essa personagem. Obrigada por comentar. Abçs

      Excluir