segunda-feira, 18 de julho de 2016

PANTERA COR-DE-ROSA, UMA CAMPEÃ DE AUDIÊNCIA





  Nos anos 80, um dos truques de Silvio Santos para segurar a audiência do SBT era colocar os desenhos da Pantera Cor-de-Rosa no modo “repeat all”, em pleno horário nobre.  Mas muitas crianças (eu por exemplo) já eram fãs da Pantera antes disso, quando o desenho era exibido nas manhãs de sábado da emissora (muito da minha cultura pop, aliás, eu devo ao canal de TV do Homem do Baú).

              A personagem, por si só, tem uma história curiosa: foi criada despretensiosamente, em 1963, apenas para os créditos do filme “A Pantera Cor-de-Rosa”, de Blake Edwards, com Peter Sellers interpretando seu personagem mais famoso, o atrapalhado Inspetor Clouseau, encarregado de investigar o sumiço de um diamante chamado Pantera Cor-de-Rosa. Como o filme era uma comédia, os cartunistas Fritz Freleng (de “Looney Tunes”) e David DePatie tiveram a sacada de inventar uma pantera cor-de-rosa (literalmente) para ilustrar a abertura do filme. O sucesso da personagem com público e crítica foi infinitamente maior que o esperado. Tanto é que, já em 1964, a Pantera ganhava sua própria série de animação na rede de TV americana NBC




            Ao todo, o desenho original teve mais de 100 episódios, produzidos até 1980. Em 1984 uma nova série, “Os Filhos da Pantera Cor-de-Rosa”, criada por Freleng em parceria com a Hanna Barbera (a maior recicladora de personagens do planeta!), mostrava a personagem felina com dois filhos, Pinky e Panky. A Pantera foi licenciada para estampar inúmeros produtos, todos sucesso de vendas, teve uma versão em quadrinhos (que também foi lançada no Brasil) e chegou a virar videogame. O desenho ganhou dois remakes, um em 1993 (“The New Pink Panther Show”), e outro em 2010 (“Pink Pather And Pals”).


"Lembra de mim? Antes eu era um título de filme... Agora sou uma estrela de cinema!!!", dizia
o poster anunciando a estreia do desenho "A Pantera Cor-de-Rosa" nos cinemas.


          Quando foi lançada, a série animada “A Pantera Cor-de-Rosa” trazia episódios de 30 minutos cada, compostos por dois desenhos da própria Pantera e um do personagem “O Inspetor” entre ambos. No ano seguinte, a animação era lançada primeiro na TV e depois distribuída nos cinemas pela United Artists. Também em 1965, DePatie e Freleng levaram o Oscar de Melhor Curta-Metragem Animado em 1965 com o primeiríssimo episódio da Pantera Cor-de-Rosa, intitulado “The Pink Phink”. A partir daí foi só sucesso – a dupla de cartunistas emplacou mais uma porção de outras séries de desenhos, tais como “A Formiga e o Tamanduá”, “Hoot Kloot”, “Meu Amigo, O Tubarão” (não confundir com o “Tutubarão”, da Hanna Barbera), “Bombom e Maumau”, “O Poderoso Cachorrão”, a inesquecível “Cobrinha Azul” (aquele do bordão "Toli-toli-tolá, a cobra ficou lá"), “Cegonha Perna Fina” e, claro, “Toro & Pancho”. Todos eles eram exibidos dentro do “The Pank Panther Show” (que no Brasil ganhou o título de “A Turma da Pantera Cor-de-Rosa”). E em 1976, a duração dos episódios da Turma da Pantera passou de 30 para 90 minutos. O desenho passou a ser exibido e produzido pelo canal ABC a partir de 1978, e permaneceu nesta emissora até o episódio final, em 1980.




             A explicação para o sucesso está no humor sofisticado, nonsense e até meio chapliniano, da personagem. A Pantera Cor-de-Rosa nunca se comunicava verbalmente, apenas por gestos. E aí estava boa parte da graça – até mesmo os irritantes sons de claque viravam um elemento cômico extra por causa da ausência de palavras. Em quase todos os episódios, a Pantera aparece infernizando ou sendo infernizada pelo Inspetor, um homenzinho branquelo e bigodudo que, a princípio, era uma caricatura de Freleng, e mais tarde passou a se parecer mais com o próprio Peter Sellers. Esperta, ela sempre conseguia se safar do seu adversário. As aventuras da Pantera Cor-de-Rosa eram todas embaladas pela inconfundível trilha sonora “chiclete” criada por Henri Mancini.



            Agora, aquela pergunta que você sempre se fez, mas nunca fez a mais ninguém porque sempre teve vergonha: “A Pantera Cor-de-Rosa” é macho ou fêmea?”.  Apesar de ser cor-de-rosa, ela é macho. Faz a linha gentleman britânico, com seu andar elegante e suas poses com uma piteira. Há quem diga que uma das inspirações para o jeitão da personagem foi o ator inglês David Niven. Quem disse isso foi o dublador Rich Little, que fez a voz da Pantera nos poucos desenhos em que ela fala – graças a Deus, ela só mostra a voz nos episódios finais da série original e no remake de 1993. Digo graças a Deus porque a Pantera Cor-de-Rosa falando tem tanta graça quanto o Pica-Pau sendo bonzinho, ou seja, nenhuma.

                Quer matar as saudades da Pantera Cor-de-Rosa? Pois você veio ao lugar certo! O Canal do Poltrona R no You Tube preparou uma playlist especial da Pantera e sua turma – com direito a episódios completos – para você viajar no tempo e dar boas risadas. Divirta-se!




FONTES

Um comentário:

  1. Vale a pena dizer que os dvds lançados no Brasil trazem os curtas de cinema (com abertura original e sem claque e dublagem), já as versões exibidas na televisão são as editadas onde as aberturas foram encurtadas e a trilha de risada foi acrescentada embora a Herbert richers tenha retirado o recurso na dublagem brasileira.

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