sexta-feira, 4 de agosto de 2017

#POLÊMICA: EXISTE FILME QUE NÃO SEJA ARTE?



Sempre impliquei com a expressão “filme de arte”. Acho-a pedante, preconceituosa e, acima de tudo, redundante – cinema pra mim é arte e ponto. O que acontece é que, como em toda arte, existem obras boas e obras ruins. Mas arte é arte, e ponto final.

Segundo o dicionário, “arte” significa “Capacidade que o homem tem de, dominando a matéria, pôr em prática uma idéia”. É o mais próximo que se pode chegar de uma definição para algo tão complexo. Eu diria que arte, mais do que isso, é manifestar o que você pensa e sente através do domínio da matéria. De qualquer maneira, tanto num caso como no outro, significa a criação de algo que manifeste uma idéia, não importando se este algo é bom ou ruim.




Quando eu estava na faculdade e alguém me convidava para ir ver filmes de arte, eu sentia o sangue ferver de raiva. Como podia alguém ser tão preconceituoso e arrogante? Quem disse que aquele filme que lotava os cinemas e ainda deixava filas quilométricas de gente do lado de fora era necessariamente uma porcaria, ou que aquela produção desconhecida dirigida e estrelada por gente que eu nunca tinha ouvido falar era necessariamente uma obra-prima? E olha que naquela época, os anos 90, ainda havia blockbusters de muita qualidade, como “Pulp Fiction”, enchendo as salas de cinema.

Ao contrário do que vocês devem estar imaginando, eu não tenho frescura. Desde moleca eu sofro de obsessão por cinema e procuro sempre ver de tudo, de tudo mesmo. Se gosto ou não, são outros quinhentos. “Então, por que você criou um blog só sobre filmes feitos até 1979?”, pergunta o leitor. Porque eu não queria fazer mais do mesmo. Eu já estava cansada de ver blogs sobre “filmes antigos” que só falam sobre clássicos feitos de 1980 para cá. Era raro eu encontrar um blog sobre o cinema pré-anos 80, e o pouco que eu encontrava não tinha a linguagem simples e coloquial que eu via nos sites dedicados aos filmes das três últimas décadas. Como uma pessoa que cresceu vendo produções de tudo que é época, eu achava (e ainda acho) isso um absurdo.





Todo mundo tem um “podre cinematográfico” pra esconder, todo mundo gosta de um filme ruim (eu, por exemplo, gostei de “Lambada, a dança proibida”, hehehe...), mas pra mim cinema é sempre arte. Existe arte boa e arte ruim, mas arte é arte. Embora eu concorde que a mídia esteja vivendo seu pior momento em termos de qualidade (e eu já disse isso aqui), ainda há gente que se esforça para criar obras pensando na qualidade, e não apenas na grana. Mas filme é arte, seja qual for o seu objetivo, é arte e acabou.

Aí você pensa: “Mas você, que tem um blog sobre cinema, não vai querer comparar uma coisa tipo “O Ataque das Lesmas Carnívoras” com “A Dama de Shanghai”, por exemplo!”. Claro que não vou! São coisas beeeeem diferentes. Mesmo aquele filme caro, mas péssimo, que foi feito só para vender produtos, aquele filme que tem efeitos especiais a cada 2 segundos para disfarçar um roteiro ruim, é arte. Tão arte quanto aquela produção genial criada com pouquíssima grana por meia dúzia de artistas desconhecidos e praticamente amadores, mas talentosos e inteligentes, que não têm espaço na grande mídia. Existem várias formas de criar obras de arte, e existem obras de arte de todos os níveis de qualidade, mas todas elas são obras de arte.  

Não, eu não estou defendendo aqui a produção de filmes de má qualidade. Estou defendendo a produção de filmes, ponto. Mas acima de tudo, defendendo a liberdade de expressão. E é disso, essencialmente, que a arte vive.



FONTE

Minidicionário Aurélio da Língua Portuguesa. Ed Nova Fronteira, 1993

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