terça-feira, 18 de julho de 2017

DVD – DE REPENTE, NO ÚLTIMO VERÃO


Suddenly, Last Summer
Ano de produção:1959
Direção:Joseph L. Mankiewicz
Elenco:Elizabeth Taylor, Katharine Hepburn, Montgomery Clift.
Duração:114 minutos
Preto & Branco
Gravadora: Columbia Tristar






Que “tapa na cara da sociedade”, que nada. Este filme é um soco no pâncreas! Junte no mesmo caldo uma milionária excêntrica e poderosa com um estranho amor pelo filho falecido, uma jovem esquizofrênica cujas lembranças são muito comprometedoras, um médico psiquiatra frio e prático e os outros habitantes de uma cidade onde ninguém bate bem, e você não terá ideia nem de metade do que é “De Repente, No Último Verão”. Insanidade, lobotomia, pedofilia, homossexualidade e até canibalismo. Raras vezes na vida você vai ver tantos temas tabus juntos, discutidos com tanta crueza, ao mesmo tempo, e na mesma produção. Só que, ao contrário das novelas da Rede Globo, onde um apanhado de assuntos polêmicos é jogado em uma mesma obra e tratado de maneira oportunista com o único objetivo de atrair público, aqui as questões controversas se entrelaçam umas nas outras e todas se encaixam perfeitamente na trama. É lógico, afinal estamos falando de uma obra de Tennessee Williams, que o próprio Tennessee adaptou para o cinema, com a ajuda de outro autor renomado, Gore Vidal. O diretor é Joseph L. Mankiewicz, o mesmo cara genial que nos presenteou com “A Malvada” (http://poltrona-r.blogspot.com.br/2017/04/dvd-malvada.html). E Tennessee + Mankiewicz = Polêmica no ar! Além dos dois autores clássicos e do diretor extraordinário, o filme tem um elencaço: Katharine Hepburn, Elizabeth Taylor e Montgomery Clift nos papéis principais. Do enredo eu não posso contar muita coisa, porque aqui neste blog não se dá spoiler e nem se faz nada para tirar a graça de filme nenhum para o público. Já que é assim, vou contar só o que eu posso: Catherine (Elizabeth Taylor), uma moça que presenciou a morte do primo, ficou tão traumatizada que enlouqueceu por causa da tragédia. A mãe do rapaz, Violet (Katharine Hepburn), uma viúva riquíssima e um tanto fora da casinha, também não digeriu ainda a perda dele. Ela acredita que a sobrinha está apenas tendo alucinações, e tenta induzir o neurocirurgião Dr. Cukrowicz (Montgomery Clift) a fazer uma lobotomia na moça, com o objetivo de acabar com a suposta loucura dela. Só que, ao começar a fazer um tratamento em Catherine, a memória dela vai voltando aos poucos. O médico descobre que as visões que ela está tendo são não apenas reais, mas também extremamente reveladoras. E o espectador descobre o chocante motivo verdadeiro pelo qual Violet quer que a cirurgia seja realizada em Catherine. A fotografia, em preto e branco, contribui para criar um clima claustrofóbico e sinistro, deixando o público tenso e perturbado. A genialidade da sequência final, em que passado e presente se misturam na tela e na mente da personagem, tem efeito poderoso sobre quem assiste. Quanto às atuações, não consegui encontrar ninguém que trabalha mal. Todo o elenco é fantástico, mas Katharine Hepburn, no papel da velha louca, é magistral como sempre, e faz com que qualquer um que assista ao filme queira matá-la de pancada. Elizabeth Taylor está impressionante como esta personagem dificílima – não sei como alguns a chamavam de canastrona. E Montgomery Clift não era apenas um homem lindo e charmoso, era um tremendo de um ator. O dilema do seu personagem mexe com o público – até onde se vai por dinheiro? Tipo do filme que rende horas e horas de debate e discussão, e que é tão atual que merecia ser exibido na televisão – se não na TV aberta, pelo menos em um canal a cabo. “De Repente, No Último Verão” é um filme difícil, mas imperdível. Assista sem preconceitos.







CURIOSIDADES
● Indicado ao Oscar de 1960 em três categorias: Melhor Atriz (Elizabeth Taylor), Melhor Atriz (Katharine Hepburn) e Melhor Direção de Arte Preto & Branco. Venceu em apenas uma – Elizabeth foi quem levou o prêmio para casa.
● Assim como eu, você deve estar se perguntando como é que a Legião da Demência, ops, da Decência, deixou passar um filme desses, extremamente ousado para a época. É simples: vários diálogos tiveram que ser cortados. E outros tiveram o vocabulário suavizado.
● O filme não foi gravado nos EUA nem no México, e sim em um estúdio da Inglaterra.
● A trama foi inspirada num fato real: a irmã do autor Tennessee Williams sofreu uma lobotomia.


EXTRAS
● Videofotomontagem com cenas de bastidores – um pouco longa, mas interessante de ver. Será que é fan art aproveitada pela gravadora?
● Pôsteres coloridos do filme, originais da época
● Fichas do diretor e dos três atores principais (oh, por que não dá pra imprimir nada disso?)
●Trailer original do filme e de outros DVDs da Coleção Columbia Classics: “Os Amores Secretos de Eva” (“Queen Bee”), “A Mulher Faz O Homem” (“Mr Smith Goes To Washington”) e “Meus Dois Carinhos” (“Pal Joey”).
● Um detalhe curioso é que o DVD possui dois lados: o Lado A contém o filme totalmente restaurado e remasterizado (tanto a restauração quanto a remasterização são excelentes); e no Lado B, o espectador tem a chance de conferir o clássico do jeitinho como ele foi lançado no cinema em 1959. Eu, pessoalmente, preferi assistir à versão restaurada, mas neste DVD os fãs mais “fundamentalistas” de cinema da Velha Guarda têm opção.


EMBALAGEM
Normal, sem luxo algum. Um filmaço destes merecia mais.



Link do Trailer: 





FONTES

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