quarta-feira, 19 de julho de 2017

FRED ASTAIRE- 30 ANOS DO ADEUS AO MESTRE DA DANÇA




Frederick Austerlitz nasceu em Omaha, Nebraska (EUA) em 10 de maio de 1899, filho de pai austríaco e mãe alemã, ambos de origem judaica, convertidos ao Catolicismo. Aos 5 anos de idade, ele já estava no palco, dançando junto com a irmã, Adele. No ano seguinte, o pai de Frederick perdeu o emprego e se mudou com a família para Nova York, onde Frederick e Adele foram lançados na carreira artística pelos pais. As duas crianças prodígio foram aconselhadas a mudar o sobrenome para Astaire, pois lhes disseram que Austerlitz “parecia nome de batalha”. 

Frederick e Adele foram treinados em dança, dicção e canto e lançados como atores do espetáculo teatral "Juvenile Artists Presenting an Electric Musical Toe-Dancing Novelty", só com artistas infantis e adolescentes. Como Frederick era muito baixinho, fizeram com que ele usasse uma cartola para parecer mais alto. Adele e Frederick fizeram imenso sucesso, sendo considerados “os melhores artistas mirins do teatro de variedades”.






Durante a década de 1920, a dupla Fred e Adele Astaire atuou com sucesso em musicais na Broadway e em Londres. Nessa época, o talento de Fred já começava a ofuscar o da irmã, embora ela fosse talentosa também. Ele foi considerado o melhor sapateador que havia nos palcos da época, e seus movimentos, inspirados nos de dançarinos negros de jazz, impressionava não apenas os críticos, mas também as plateias. Logo Fred e a irmã foram chamados para fazer um teste (cujas imagens foram, infelizmente, perdidas, portanto, não adianta procurar no You Tube) nos estúdios da Paramount. Porém, a Paramount considerou o casal de irmãos “inadequado para atuar em filmes” (não, você não leu errado).






Em 1932, Fred e Adele resolveram encerrar a parceria, pois Adele se casou com o primeiro marido. Mesmo traumatizado com o fim da dupla, Fred resolveu, tentar o sucesso na carreira solo. Um teste feito pelo ator nos estúdios da RKO (também perdido junto com as imagens do teste) teve como seguinte avaliação: “Não sabe cantar. Não sabe representar. É careca. Possui um pouco de talento para a dança” (sim, você leu certo de novo!).






Em 1933, porém, Fred Astaire fez sua estreia no cinema em “Amor de Dançarina”, em que atuava ao lado de Joan Crawford. Como o filme (que também tinha Clark Gable no elenco) emplacou, Fred fez no mesmo ano um filme curioso, “Voando Para o Rio”, que foi realizado com um brinquedo de avião que se movia e um projetor projetando a tela fazendo a ilusão de voar. Foi neste filme que Fred fez sua primeira parceria com Ginger Rogers. Tem gente que jura que, nos bastidores, Ginger e Fred não se suportavam. Se for verdade, a desarmonia era apenas nos bastidores, porque nas telas a química era, no mínimo, perfeita. 






A partir daí, Fred Astaire se tornou o astro maior de musicais de Hollywood. Chegou a receber uma porcentagem dos lucros dos estúdios sobre as produções em que atuou, coisa extremamente rara naqueles tempos. Além disso, Fred tinha também autonomia total sobre os números de dança que criava – uma de suas exigências era que as coreografias e canções fossem totalmente integradas ao roteiro dos filmes. 






Antes de Fred Astaire, quando os dançarinos apareciam em filmes, o público via apenas closes de partes do corpo deles. Fred foi o primeiro ator-dançarino que exigiu ser filmado de corpo inteiro, nem que isso custasse ensaios intermináveis, que muitas vezes esgotavam a paciência de quem trabalhava com ele. O mais inacreditável era que, fora dos estúdios e dos palcos, Fred Astaire odiava dançar. Dizia que as danças de salão o entediavam (mais uma vez você leu certo!).






Apesar de ter estrelado clássicos como “Ziegfeld Follies” (1946), “Bonita Como Nunca” (1942), “Desfile de Páscoa” (1948), “Papai Pernilongo” (1955), “O Picolino” (1935), “A Alegre Divorciada” (1934), “Cinderela em Paris” (1957) e “Melodia da Broadway” (versão de 1940), e de ter atuado ao lado de gente tão lendária quanto ele, como Judy Garland, Gene Kelly, Rita Hayworth, Cyd Charisse, Audrey Hepburn, Lucille Ball e a própria Ginger Rogers, Fred só foi ganhar um Oscar em 1949, “pelo conjunto da obra” (você leu certo de novo!). Para mim, isto é apenas mais uma prova de que a Academia do Oscar é medíocre e sempre foi.






Fred Astaire “foi embora” em 22 de junho de 1987, de complicações causadas por uma pneumonia. Para a gente aqui, ficou uma herança artística riquíssima, que influenciou artistas como Ryan Gosling e Michael Jackson, e continua a impressionar quem assiste, mesmo tantas décadas depois. Obrigada, Fred, por seu charme e talento que, como tão bem disse Clarice Falcão, ainda fazem nosso coração sapatear.  






Texto já publicado no site Blah Cultural https://www.blahcultural.com/



FONTES


2 comentários:

  1. Então você também tem um blog... e de qualidade!!! Parabéns!

    ResponderExcluir
  2. Muito obrigada! Nossa, você também não sabia? Que legal que um craque como você gostou do meu blog! Se você curtiu, por favor, me ajude a crescer - divulgue!
    Abçs

    ResponderExcluir