quinta-feira, 2 de novembro de 2017

DVD – MARY POPPINS


Mary Poppins
Ano de produção: 1964
Direção: Robert Stevenson
Elenco: Julie Andrews, Dick Van Dyke, Karen Dottrice, Matthew Garber.
Duração: 139 minutos
Colorido
Gravadora: Disney







Oba, oba, oba! Mais um item riscado da minha lista de Filmes-Que-Eu-Quero-Muito-Resenhar-Para-O-Blog, e este aqui é especial. Na verdade, é mais que especial, é supercalifragilístico espiralitoso (para descobrir o que significa este termo estranho, quase impronunciável, você vai ter de assistir ao filme). Produção ambiciosa de Walt Disney nos anos 60, com efeitos especiais nunca vistos até então e fazendo a linha “atores contracenando com desenhos animados”, que saiu da mente maluca e genial do mestre Walt e que ninguém soube utilizar com tanta inteligência quanto ele mesmo. Nos papéis principais, uma dupla de feras: Julie Andrews (que dispensa apresentações) e o sensacional comediante americano Dick Van Dyke. A escritora P.L. Travers, criadora da personagem, custou a permitir que a Disney levasse seus livros às telas (esse episódio gerou, inclusive, um badalado filme de 2013 com Tom Hanks, “Walt Nos Bastidores de Mary Poppins”, veja trailer https://www.youtube.com/watch?v=9L6UI5UsgpE). Como se trata da adaptação norte-americana da obra de uma autora britânica, é preciso admitir que a imagem dos ingleses que se vê aqui é um tanto caricata – gente metódica, perfeccionista, organizada, de cabelos ruivos e sotaque carregado característico, homens com chapéu-coco e mulheres com colarinho abotoado, chá das 5, e todo mundo andando por aí com guarda-chuva (não, não somos só nós brasileiros que temos uma visão estereotipada dos nossos colonizadores!)  Mas isso não tira nem um pouco da diversão da trama, que se passa na Londres de 1910. O Sr. e a Sra. Banks, ele um banqueiro obcecado por trabalho e ela uma feminista que dedica mais atenção à causa do que aos filhos, são os pais de Jane (Karen Dottrice) e Michael (Matthew Garber), duas crianças travessas que babá nenhuma consegue controlar. Um belo dia, surge literalmente do nada a encantadora Mary Poppins (Julie Andrews), a única a dar conta desta proeza. Acontece que ela possui poderes mágicos e apresenta às crianças um mundo novo, cheio de aventura e alegria, bem diferente da chatice que o casal Banks deseja impor aos filhos. Neste universo encantado vivem figuras como Bert (Van Dyke, gênio), um limpador de chaminés que nas horas vagas fatura alguns trocados nas ruas como desenhista e multiinstrumentista. O clássico se utiliza da fantasia musical para lembrar aos pais que as crianças precisam viver a infância, e para ensinar aos pequenos que não se deve ter medo do novo. As canções compostas por Richard & Robert Sherman e Irwin Kostal para a trilha sonora grudam feito chiclete na cabeça (algo comum nas produções Disney), e fizeram um sucesso estrondoso na época do lançamento. Os efeitos especiais são absolutamente artesanais – afinal, naqueles tempos não havia computador – e ainda assim dão ao público a sensação de estar embarcando junto com Mary, Bert, Jane e Michael em uma viagem ao universo de sonhos da história. A escolha do elenco todo foi um gol de placa, e eu passei o filme inteiro me perguntando por que Dick Van Dyke não virou o mito que merecia ter virado. Artista de uma versatilidade absurda e um talento incrível, ele consegue a proeza de roubar a cena de Julie Andrews dançando, cantando, tocando instrumentos e fazendo caretas impagáveis. E seu personagem, Bert, conversa com o espectador, o que torna tudo mais divertido. Julie também está magnífica, expressiva como sempre, e sua voz mais cristalina do que nunca. E o fato de ser inglesa na vida real faz com que ela se adapte muito bem ao papel, pois não precisa nem sequer forçar um sotaque britânico. As crianças também mandam muito bem, e atuam com uma maturidade incrível. Merece comentário aqui também a perfeita química entre Julie e Van Dyke em cena, e a competência dos atores para contracenar de forma realista com desenhos animados. Isso fica evidente, por exemplo, na cena em que Bert, Mary, Jane e Michael dão uma bela lição nos babacas que gostam de caçar raposas. David Tomlinson faz um Sr. Banks tão irritante que é impossível não termos vontade de socá-lo. Ele, inclusive, faz lembrar outro bigodudo hilário, o ator John Cleese, do seriado inglês “Monty Python” (https://www.youtube.com/watch?v=jcEws7il4EY). Na pele da Sra. Banks, Glynis Johnson está propositalmente enjoativa; aliás, algo interessante que eu não entendi quando era criança, mas compreendo agora o que significa, é a presença de uma personagem feminista na trama. Há participações especiais incríveis, como a eterna noiva de Frankenstein, Elsa Lanchester, como uma das ex-babás, ou Ed Wynn (o padrinho mágico de “Cinderelo Sem Sapato”) como o tio que enlouqueceu. “Mary Poppins” é um filme atualíssimo, ainda que tenha sido feito há mais de 5 décadas. Diverte e faz pensar em questões como: 1) A chegada de uma pessoa nova pode bastar para mudar a energia de uma casa; 2) Embarcar na loucura alheia é divertido, mas às vezes pode ser perigoso; 3) Criar os filhos em uma bolha para salvá-los do sofrimento pode trazer mais sofrimento ainda para eles; e, principalmente, 4) Pais, dediquem-se mais aos filhos, pois isso é tudo o que eles querem e precisam. Eu fico imaginando como deve ser ver um clássico como esse na tela gigante de um cinema. Com a restauração maravilhosa que a Disney fez, bem que poderiam reexibi-lo em sessão especial no Cinemark. Mas é capaz de as crianças de hoje acharem “Mary Poppins” um filme babaca... Se acharem, será uma pena, sem dúvida.







CURIOSIDADES
“Mary Poppins” faturou uma enxurrada de prêmios. Só no Oscar de 1965 levou pra casa as estatuetas de melhor atriz (Julie Andrews), melhores efeitos visuais, melhor edição, melhor canção original e melhor trilha sonora. No mesmo ano, venceu também o BAFTA (atriz revelação para Julie Andrews), o Globo de Ouro (também melhor atriz para Julie), o Prêmio Eddie (melhor filme editado), e sua trilha sonora levou o Grammy.
● Mas o sucesso não parou por aí: o filme foi a maior bilheteria de 1964, e ainda gerou grana para a Disney através de um monte de produtos, principalmente do mercado editorial, como revistinhas de atividades, bonecas de recortar e livros oficiais.
● Obcecado pela história da babá mágica, Walt Disney passou 20 anos tentando adquirir os direitos do livro, para finalmente poder transformá-lo em filme.
“Mary Poppins” figura no 6° lugar da lista de Melhores Musicais de Todos os Tempos feita pelo AFI (American Film Institute). Desta vez, o AFI, que não me representa, me representou.


EXTRAS
Pra se esbaldar!
Função Karaokê (que pode ser ativada e desativada);
“Hollywood Vai à Estréia Mundial”: imagens (a cores e com legendas!!!) da premiére do filme no Teatro Chinês de Hollywood, com um monte de celebridades da época marcando presença, incluindo os próprios Julie Andrews e Dick Van Dyke, personagens da Disneylândia, e uma visitinha especial e emocionante que eu não vou contar quem é (afinal, aqui não se dá spoiler). Há, inclusive, entrevistas com eles. Que lindo ver a humildade de Julie Andrews, a estrela maior da festa, com uma elegância incrível e zero adição de frescura. Supervale a pena assistir.
“A Magia de Mary Poppins”: documentário (sem legenda nem dublagem, caramba!) contando como o filme foi feito, e entregando diversos truques utilizados para criar os efeitos. Um baita de um spoiler – portanto, se quiser dar uma espiadinha, faça-o só depois de assistir ao filme inteiro.
“Adoro Rir”: dublado em português, é um jogo que testa a memória do espectador, com perguntas baseadas em objetos de cena do filme.


EMBALAGEM
● Simplesinha, vem com um cartão do filme. Foi lançada também uma Edição Comemorativa de 45 Anos do filme, que inclui um disco extra com material inédito (https://www.saraiva.com.br/mary-poppins-ed-de-45-aniversario-dvd-2642029.html?pac_id=123134&gclid=EAIaIQobChMIy53mr4mg1wIVBEOGCh3SbAyDEAQYASABEgJg_PD_BwE), mas a versão que esta autora adquiriu para resenhar é a mais em conta.







FONTES



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