terça-feira, 3 de novembro de 2020

SEAN CONNERY – MUITO MAIS DO QUE BOND, JAMES BOND




No último 31 de outubro – ironicamente, dia de Halloween – o mundo foi pego de surpresa por uma notícia assustadora. Faleceu Sean Connery, o ator escocês conhecido por ter vivido o primeiro James Bond no cinema. Este, porém, foi apenas um dos inúmeros e excelentes trabalhos de Sean em seus 57 anos de carreira.

Thomas Sean Connery nasceu em Edimburgo, Escócia, em 25 de agosto de 1930. De origem humilde (seu pai era operário e sua mãe, faxineira), abandonou os estudos aos 13 anos, pois precisava trabalhar para se sustentar. Foi pedreiro, caminhoneiro, salva-vidas e entregador de leite, entre outros serviços. Chegou, inclusive, a entrar para a Marinha, mas, por problemas de saúde, não ficou lá muito tempo.

Forte e bonitão, até posou como modelo no Edimburgh College of Art, para o artista plástico Richard Demarco, que o descreveu como “indescritivelmente lindo” e “praticamente um Adônis”. Mas o mais inacreditável foi que Sean chegou a receber uma proposta para jogar futebol profissionalmente – e no famoso time Manchester United. Porém, a esta altura ele já havia decidido o que queria fazer da vida: ser ator. E, pasmem, recusou o contrato. O esporte perdeu um astro, mas o cinema ganhou um craque.




Mas como Sean Connery chegou à conclusão de que sua vocação era atuar? Essa é mais uma história inacreditável. Em 1953, ele estava em Londres como participante do concurso de Mister Universo (pra vocês verem o quanto ele já era atraente), quando ganhou seu primeiro papel em uma peça de teatro. Um amigo, o ator americano Robert Henderson, incentivou Sean a estudar, e até emprestou livros de autores clássicos para ele ler.

O primeiro papel de Sean Connery no cinema veio em 1954, em um filme chamado “Lilacs In The Spring”. Em 1957, estreou na BBC de Londres com “Blood Money” no papel de um lutador de boxe. Foi graças a Jack Palance (ele mesmo, o apresentador do “Acredite Se Quiser” https://pt.wikipedia.org/wiki/Ripley%27s_Believe_It_or_Not!) que Sean foi parar em Hollywood. Jack foi convidado para fazer um papel nos EUA, mas se recusou a viajar para lá. Sua esposa convenceu o diretor a contratar Sean, com uma frase profética: “As mulheres vão gostar dele”.

Profético mesmo. Um ano depois ele estava ao lado da diva Lana Turner no filme “Vítimas de Uma Paixão”. O então namorado de Lana, o mafioso Johnny Stampanato, ficou com tamanho ciúme de Sean que invadiu o estúdio no meio de uma filmagem e puxou uma arma para matar Sean, que, graças a Deus, impediu o bandido de fazer uma loucura.




E 007? Foi também graças a uma mulher que Sean ganhou seu papel mais famoso. Os produtores Cubby Broccoli e Harry Saltzman, que haviam adquirido os direitos da obra de Ian Fleming (o criador de James Bond) com o intuito de produzir uma série para o cinema, testaram vários atores, de medalhões de Hollywood a artistas desconhecidos, para o papel principal. Nenhum parecia encaixar no personagem. Então Dana, a esposa de Broccoli, sugeriu Sean Connery, dizendo que o escocês tinha o magnetismo sexual que o papel exigia.

O próprio Ian Fleming, porém, não apostava um centavo em Sean. “Estou procurando o comandante Bond, e não um dublê mais velho”, teria dito ele. Mas Fleming teve que morder a língua e Sean Connery foi escolhido para viver 007, desbancando Richard Burton, Cary Grant, Rex Harrison e uma constelação de ídolos hollywoodianos candidatos a viver o personagem.

No papel de Bond, James Bond, Sean Connery viveu aventuras de verdade. Em um dos filmes, ele chegou a ser jogado num tanque de tubarões, com apenas uma tela fina de vidro como proteção. Por incrível que pareça, estar na pele do sexy, conquistador e destemido detetive não era o paraíso que parecia ser.




Sean Connery estrelou filmes como James Bond: “007 Contra o Satânico Dr No” (1962), "Moscou contra 007" (1963), "007 Contra Goldfinger" (1964), “007 Contra a Chantagem Atômica” (1965) e "Com 007 Só Se Vive Duas Vezes" (1967). De quebra, durante esse período ele também trabalhou com Alfred Hitchcock em “Marnie, Confissões de Uma Ladra” (1964).

Ao terminar as filmagens de “Com 007 Só Se Vive Duas Vezes”, Sean anunciou que estava cansado de seu personagem mais famoso e não queria ser marcado por um só papel. Temendo perder sua galinha dos ovos de ouro, Saltzman e Broccoli rebolaram para encontrar um novo James Bond e acabaram entregando o papel ao ator australiano George Lazenby. Vexame total. Lazenby não tinha metade do talento de Sean, e jamais se recuperou do fiasco. No filme seguinte, Roger Moore assumiu o papel de 007.

Em 1971, por causa de um contrato de 1,25 milhão de dólares (que na época foi considerado o mais caro de todos os tempos), Sean Connery voltou a trabalhar com Saltzman e Broccoli em “007, Os Diamantes São Eternos”. Foi um sucesso. O contrato incluía também a participação de Sean em mais um filme (que, no caso, foi “Até os Deuses Erram”, de 1973). Também por questões financeiras (estava endividado), ele topou interpretar James Bond em mais um filme, “007, Nunca Mais Outra Vez”. O título é uma referência esperta à declaração do ator de que nunca mais faria James Bond novamente.




Os sucessos na carreira de Sean continuaram: “O Nome da Rosa” (1986), “Highlander” (também de 1986), “Os Intocáveis” (1987), foi clássico atrás de clássico. Mas, claro, não podemos esquecer a participação sensacional como o pai de Harrison Ford em “Indiana Jones e a Última Cruzada”. O próprio Harrison, aliás, contou em entrevista recente que a amizade que o público viu nas telas não era de mentira: "Você não sabe o que é prazer até que alguém te pague para levar Sean Connery para um passeio no carro lateral de uma moto russa por uma trilha acidentada e sinuosa em uma montanha e poder assistir a ele se contorcer. Deus, a como nos divertimos — se ele está no céu, torço para que tenham campos de golfe. Descanse em paz, meu amigo." A parte do golfe é uma referência à paixão do já saudoso ator escocês por esse esporte.




Sean Connery também era ativista político e lutava para que a Escócia se tornasse independente do Reino Unido. Apesar disso, recebeu o título de Cavaleiro do Império Britânico em 2000 e se tornou Sir Sean Connery. Mais do que merecido.

Dizer que a morte do ator escocês foi uma grande perda para o cinema é pouco. Ele talvez fosse o último ator clássico de Hollywood que ainda estava entre nós. Sean Connery “foi embora” aos 90 anos de idade. “Ele morreu dormindo, como sempre desejou”, declarou Micheline Roquebrune, sua esposa. “Tivemos uma vida maravilhosa juntos”.

 


 


FONTES

https://www.bbc.com/portuguese/internacional-54762152

https://pt.wikipedia.org/wiki/Sean_Connery

https://tvefamosos.uol.com.br/noticias/redacao/2020/11/01/fas-se-emocionam-com-uma-das-ultimas-fotos-de-sean-connery-publicadas.htm

https://g1.globo.com/pop-arte/cinema/noticia/2020/11/02/harrison-ford-homenageia-sean-connery-meu-deus-como-nos-divertimos.ghtml

https://g1.globo.com/pop-arte/cinema/noticia/2020/10/31/sean-connery-morre-aos-90-anos-diz-site.ghtml

https://istoe.com.br/sean-connery-sofria-de-demencia-revela-a-esposa/

https://www.ofuxico.com.br/noticias-sobre-famosos/viuva-de-sean-connery-diz-que-doenca-afetou-muito-a-vida-do-ator/2020/11/03-388969.html

 

 

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