quarta-feira, 7 de outubro de 2020

DVD - À MEIA LUZ

 

Gaslight

Ano de Produção: 1944

Direção: George Cukor

Elenco: Ingrid Bergman, Charles Boyer, Angela Lansbury

Duração: 114 minutos

Preto & Branco

Gravadora: Turner Entertainment (em parceria com a Folha de São Paulo)

  


 

Na Londres do século XIX, uma cantora de ópera é barbaramente morta. Anos depois, Paula Alquist (Ingrid Bergman), a sobrinha dela, que é a sua imagem e semelhança fisicamente, mas é uma cantora medíocre, se muda com o marido, o músico Gregory Anton (Charles Boyer) para a sombria residência da tia, que se encontra abandonada. O casal desenvolve um relacionamento esquisito, que vai ficando cada mais e mais tenso, e Anton aos poucos vai criando situações para levar Paula a duvidar da própria sanidade mental. Este drama pesadão de 1944, dirigido por George Cukor, popularizou o termo “gaslight” (que é o título original) como sinônimo de um tipo de crueldade mental em que uma pessoa induz outra a acreditar que está ficando louca. Ao pé da letra, “gaslight” significa “luz de lampião a gás” em inglês. Por razões que eu não vou contar aqui porque odeio dar spoilers, o ato de acender e apagar lampiões de gás é usado na trama como um símbolo de dominação e um recurso para confundir não apenas a personagem central, mas também você que está assistindo. O “À Meia Luz” de Cukor é o remake de um filme britânico de 1940, que por sua vez, é baseado na peça “Gaslight”, de Patrick Hamilton, lançada em 1938. Os executivos da MGM se encantaram com o filme inglês e decidiram produzir sua própria versão dele. Só que ficaram com medo de comparações – negativas, é claro. E como bizarrice pouca é bobagem, antes do lançamento da versão de 1944 a MGM deu sumiço em todas as cópias da produção de 1940, que acabou se tornando uma raridade, mas que eu, milagrosamente, achei no YouTube. Ainda não vi, mas estou compartilhando o link pra quem quiser assistir. Vai lá (antes que tirem do ar): https://www.youtube.com/watch?v=UYmtzaHwCKo O filme foi 100% gravado em estúdio – o que é uma surpresa, considerando a reconstituição de época minuciosa dos cenários. Juntas, fotografia e cenografia contribuem para criar o clima sombrio que mexe com os nervos do espectador. George Cukor, considerado mestre em dirigir mulheres, fez um trabalho sensível, captando perfeitamente a mistura de delicadeza e brutalidade do roteiro e transmitindo-a aos atores. Aliás, essa é uma das raras vezes em que temos dois não-americanos como atores principais em um filme hollywoodiano: Ingrid Bergman era sueca e Charles Boyer, francês. Ambos brilhantes. Ingrid levou o Oscar de melhor atriz por esta personagem, mas me desculpem, o dono do filme é Charles Boyer. Sua interpretação é apaixonante, e o público consegue perceber a mudança de seu personagem assim que ela começa a acontecer, por causa do olhar, das expressões faciais e até do jeito de Boyer se movimentar. Chego a ficar constrangida vendo críticos chamarem esse cara de canastrão. A então estreante Angela Lansbury, de apenas 18 anos, já mostra a que veio no mundo do cinema - interpreta com perfeição incrível uma criada arrogante e antipática. “À Meia Luz” é uma obra-prima, um filme corajoso por abordar o tema do abuso psicológico numa época em que nem se falava nisso.


 


CURIOSIDADES

• Como Ingrid Bergman era mais alta que Charles Boyer, o ator teve que subir em um caixote de madeira para poder fazer várias cenas.

• Angela Lansbury completou 18 anos durante as gravações de “À Meia Luz” e seu aniversário foi comemorado no set de filmagens.

• Na novela “Rainha da Sucata”, de 1990, o personagem de Daniel Filho induziu a companheira, vivida por Renata Sorrah, a acreditar que estava enlouquecendo. O autor Silvio de Abreu, aficionado pela Velha Guarda de Hollywood, usou “À Meia Luz” como inspiração. 

• Para viver Paula Alquist, Ingrid Bergman se empenhou tanto que chegou até a estudar o comportamento de pacientes psiquiátricos da vida real.

• Além de Melhor Atriz para Ingrid Bergman, o filme ainda levou o Oscar de Melhor Direção de Arte para Cedric Gibbons, William Ferrari, Edwin B. Willis e Paul Huldschinsky).

 

EXTRAS

 • Nenhum. Mas tem a opção da dublagem em português, aquela clássica e artesanal, com todos aqueles ecos e chiados que a gente adora.

• Aos 23:21 minutos da versão legendada, há um belo erro de português: “trás de volta”, e não “traz de volta”. #ContratemUmRevisor

 

EMBALAGEM

Primorosa. Como esta edição que eu adquiri é a lançada pela Folha De São Paulo (na série “Grandes Clássicos do Cinema”, vem com um livro de capa dura muito interessante, que seria impecável se logo na segunda página não trouxesse escrito um trecho de um diálogo do filme que entrega o final. Há também uma edição lançada em embalagem simples pela Warner Bros, que contém ambas as versões do filme, a de 1940 e a de 1944. A da Folha de São Paulo traz apenas a de 1944 (e isso, inclusive, vem escrito na capa do livro).

 

Link do trailer: 


 

FONTES

 

http://www.adorocinema.com/filmes/filme-2748/

https://www.planocritico.com/critica-a-meia-luz/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Gaslight

https://en.wikipedia.org/wiki/Gaslight_(1944_film)

https://www.imdb.com/title/tt0036855/

 

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